Encontro Jaguar E: Celebrar o GOAT que rola entre nós

Eventos 01 Jul 2025

Encontro Jaguar E: Celebrar o GOAT que rola entre nós

Por Adelino Dinis

O Adelino Dinis foi ao encontro do Jaguar E, na Quinta do Jordão, e põe os pontos todos nos “és” relativamente a um dos mais emblemáticos clássicos desportivos.

No início de Junho realizou-se um encontro nacional do Jaguar E, na Quinta do Jordão, em Vila Nova de Gaia. A iniciativa partiu de Manuel Carona, apoiado por diversos entusiastas da marca e do modelo, bem como do Jaguar Club de Portugal.

O resultado dificilmente poderia ter mais impacto para os cerca de 200 participantes, que puderam admirar um conjunto muito variado de 65 exemplares do emblemático desportivo inglês, a virar cabeças desde 1961.

O estacionamento estava muito bem organizados por carroçarias e séries, sendo possível ver desde um dos primeiros “Flat Floor” com aberturas exteriores do capot, a vários exemplares nacionais que estão no país desde o primeiro ano de produção, passado pelos Roadster, Coupé e Coupé +2 e culminando numa bela mostra dos S3 V12.

Para além de diversos entusiastas e coleccionadores que marcaram presença, um dos destaques foi a participação de Arnaldo Graça, com a jovialidade dos seus 90 anos. Trata-se de um dos mais importantes protagonistas da história da Jaguar em Portugal, como agente e importador e é também um entusiasta do Jaguar E, tendo levado ao evento o seu magnífico V12 Roadster.

A convite do Eduardo Neves, da Good Old Times, participei no evento, levando à Quinta do Jordão um imaculado Roadster 4.2. A viagem foi curta, mas suficiente para matar (algumas) saudades deste modelo do qual tenho recordações que datam desde o início dos anos 80, quando vi um ao vivo pela primeira vez.

Em conversa com entusiastas de diferentes idades, rapidamente concluímos que não interessa se vimos o primeiro Jaguar E — em pele e chapa — nos anos 60, 80, 90 ou na semana passada. E também é um pouco indiferente qual o modelo.

Para quem se interesse minimamente por automóveis, há qualquer coisa nas suas proporções e radicalismo das suas linhas, que gera um impacto inesquecível no observador. Se tivermos a sorte de um dia o conduzir, então aí podemos descobrir que as qualidades do Jaguar E se estendem muito para além da sua estética. O motor XK combina força e sonoridade em todo o espectro de acção da sua capacidade de trabalho, sendo um bastião de fiabilidade do conjunto. O chassis era muito evoluído para a época, e continua a ser competente para uma utilização quotidiana, quase 65 anos depois.

É também um exemplo de um automóvel de estrada que teve um sucesso muito significativo em competição, sobretudo em Portugal, com muitas vitórias importantes, sobretudo em provas de velocidade, entre 1962 e 1965.

À medida que vamos alargando o nosso conhecimento e experiências, é normal haver outros modelos de que podemos gostar, muitos deles mais exóticos e raros que, em abstracto podem oferecer outras vantagens. Mas não há qualquer motivo para este fenómeno servir para normalizar o Jaguar E. Não existe qualquer evidência de medianidade neste fora de série da indústria automóvel. Há muito poucos automóveis seus contemporâneos (ou mesmo mais modernos) que combinem desempenho dinâmico, estética e fiabilidade à prova do tempo. Que tenham honras de exibição numa galeria de arte moderna e que possam atravessar um continente a velocidades pouco ortodoxas, sem precisar de mais do que combustível e um pouco de óleo.

O único aspecto do ponto de vista do coleccionismo em que o Jaguar E “falha” é na sua raridade. Com mais de 72.500 unidades produzidas, não é um clássico raro, o que o torna uma espécie de sonho acessível — se tivessem feito apenas 100 exemplares, cada um teria um valor astronómico, só para colecções de bilionários.

Felizmente, não é o caso, o que permite que novas gerações de entusiastas possam continuar a ter a experiência de ver um Jaguar E pela primeira vez. E nunca mais se esquecerem dele…

Fotografias: Diogo Baptista

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