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A história do único Tojeiro-Climax Coupe produzido
John Tojeiro foi um dos grandes construtores de automóveis de competição, nos anos 50 e 60. Nascido em Portugal, mais precisamente no Estoril, em 1923, era filho de pai português e mãe inglesa, indo para o Reino Unido logo nos anos 30, após a morte do seu pai. Foi engenheiro na Fleet Air Arm durante a Segunda Guerra Mundial, tendo, posteriormente, fundado a sua empresa, produzindo chassis para automóveis de competição, com bastante sucesso, juntamente com a Ecurie Ecosse, onde os seus automóveis eram equipados com motores Jaguar, Buick, Bristol ou Coventry-Climax.
Esta última era especialista na produção de motores para automóveis desportivos e de competição, juntamente com pequenas máquinas industriais como empilhadores. No final dos anos 50 entrou na Fórmula 1 como construtor de motores, onde várias foram as equipas que utilizaram motores Coventry-Climax, tais como a Lotus, a Cooper e a Scuderia Centro Sud, por exemplo. Em 1963, a Coventry-Climax seria adquirida pela Jaguar Cars.
Da cooperação entre a Tojeiro Automotive Developments e a Coventry-Climax, resultaram vários automóveis de competição, assim como este coupé de estrada, produzido a pedido de Frank BP Rambridge, em 1956. A carroçaria, construída totalmente em alumínio, foi produzida pela Wakefield and Sons, montada num chassis de competição da Tojeiro, juntamente com o motor Coventry-Climax e finalizado pela Competition Motors, de Weybridge.
Após dois anos de “gestação”, o Tojeiro-Climax Coupe foi finalmente registado, em 1958, com a matrícula 1 GPF, como apenas Tojeiro. Serviu a vida do seu proprietário durante alguns anos, tendo percorrido cerca de 30.000 km. Durante este período, o automóvel recebeu uma direcção nova, pois a mulher de Frank queixava-se de ser demasiado pesada. Ficou parado vários anos até que, em Maio de 1967, Frank acabaria por dá-lo à troca por um Mini Cooper S novo juntamente com uma carrinha e um barco, ao vendedor Paul Vasey.
Passado um ano, Vasey vendeu o Tojeiro-Climax a Jonathan Carr Selway, tendo, posteriormente, diversos proprietários em pouco tempo. Em 1970, durante uma corrida ilegal, o automóvel foi danificado e, aquando da reparação, foi pintado de branco.
Foi adquirido por Peter Barguss, em 2009, necessitando de algum trabalho para o por a circular novamente. Foi levado para a Beacon Hill Garage, onde foi efectuado um meticuloso restauro, incluindo o retorno à pintura original verde e jantes de raios pretos.
Até hoje não se sabe quem foi o responsável pelo design deste automóvel único, mas pensa-se que poderá ter sido Cavendish Morton, responsável por vários designs de automóveis da Tojeiro. Por baixo da carroçaria, está um grande trabalho de engenharia para a época, com suspensão de molas helicoidais na frente e triângulos sobrepostos e eixo De Dion na traseira. Já a direcção é de pinhão e cremalheira. A travagem está a cargo de tambores de grandes dimensões da Alfin nas quatro rodas. Para a diminuição do peso, além da carroçaria em alumínio, tem também vidros em acrílico.
O motor que equipa este belo automóvel britânico é o Coventry-Climax FWA, de 1098cc de cilindrada, uma árvore de cames à cabeça e dois carburadores SU, desenvolvendo cerca de 70cv. Acoplado ao motor está uma caixa manual de quatro relações da BMC.
O interior é de somente dois lugares, com o pneu suplente e bateria no compartimento traseiro. É ainda complementado com um fantástico volante em madeira, com abertura vertical para ser mais fácil a entrada e saída da viatura. Os mostradores do painel de instrumentos são da Smiths e as alavancas das luzes da Citroën. Para iniciar a marcha, está equipado com um botão de ignição. De resto, todo o interior tem um acabamento soberbo.
Apenas um exemplar foi produzido, pois a Tojeiro não tinha interesse na produção de automóveis de estrada.