Competição • 03 Nov 2024

Há 30 anos, no final de 1994, a Fórmula 1 soube que iria surgir mais uma equipa. Numa temporada onde iriam assistir ao desaparecimento de Larrousse e Lotus, e existiam dúvidas sobre a continuidade da Pacific e da Simtek, a equipa liderada por Guido Forti estava a correr contra a corrente. Porém, existia uma boa razão por de trás disso: era o projecto pessoal de Pedro Diniz, cuja família era das mais ricas do Brasil, e queria colocar um dos seus membros na categoria máxima do automobilismo. A aventura durou apenas uma temporada e meia e agora, 30 anos depois, é uma história que vale a pena ser contada.
As Origens
A Forti é desde logo o resultado de uma parceria. Começa por ser o projecto de Guido Forti, um antigo piloto que se tornou em homem de negócios, que conheceu e fez amizade com Paolo Guerci, um engenheiro, e montaram a equipa em Alessandria, no norte de Itália. Registada como uma “Società a Responsabilità Limitata” (SRL), começou a correr nas fórmulas inferiores, como a Fórmula Ford e a Fórmula 3, quer a italiana, quer a europeia. Os resultados foram quase imediatos quando, em 1977, Teo Fabi vence a Fórmula Ford 2000, num chassis Osella. Quase uma década depois, torna-se numa das equipas dominantes da Fórmula 3, primeiro com Franco Forini, em 1985, depois com Enrico Bertaggia, em 1987, Emanuele Naspetti no ano a seguir, e Gianni Morbidelli, em 1989.
O domínio na Fórmula 3 italiana foi tal que Bertaggia ainda ganhou o GP do Mónaco e de Macau, ainda em 1988. Foi o suficiente para ter o impulso para subir rumo à Fórmula 3000, o escalão imediatamente inferior à Formula 1. Com um chassis Dallara, os resultados foram nulos, antes de passar para um chassis Lola, ainda em 1988, com Bertaggia ao volante. As coisas melhoraram quando acolheram Morbidelli em 1989. Campeão na Fórmula 3 italiana, em 1990, foi para a Fórmula 3000, onde ganhou uma corrida e três pódios, conseguindo 20 pontos. No final do ano, Morbidelli acabou a correr na Fórmula 1, com muita da sua carreira a ser feita graças a Forti e Guerci.

No ano seguinte, a Forti dominou: com dois automóveis, um para Emanuelle Naspetti e outro para Fabrizio Giovinardi, ganharam quatro corridas, e Naspetti seria o campeão da competição, continuando em 1992, até meio da época, onde foi correr para a F1 pela March. O seu substituto foi Andrea Montermini, que ganhou três corridas, dando o segundo lugar da classificação à Forti. Alessandro Zampedri foi o companheiro de equipa de ambos os pilotos, conseguindo cinco pontos no total.
Por esta altura, Forti conhece Abílio Diniz, um empresário brasileiro. Dono da cadeia de supermercados Pão de Açúcar, nessa altura, uma das mais importantes do Brasil, a família adorava automobilismo, com o próprio Abílio a ter guiado – e ganho – as Mil Milhas Brasileiras, no Circuito de Interlagos.
Em 1992, quando conhece Forti, a ideia é de colocar o seu filho, Pedro Diniz, então com 22 anos, no caminho da F1. Começava ali o longo caminho até lá chegar.