A primeira corrida da Copersucar

Competição 21 Jan 2025

A primeira corrida da Copersucar

Por Paulo Alexandre Teixeira

O final prematuro naquela tarde argentina não foi aquilo que desejaram, depois de meses de testes e desenvolvimento, mas naquele dia, em Buenos Aires, o sonho inicial tinha sido concretizado. Pelo menos, a primeira parte. Um piloto que queria construir o seu monolugar, com peças fabricadas no seu país, um projectista que amava o que fazia, três mecânicos, alguns motores, algumas caixas de velocidades e umas dezenas de jogos de pneus, e a 12 de Janeiro de 1975, há 50 anos, o mundo via um Fórmula 1 nascido e fabricado no Brasil. E Wilson Fittipaldi entrava na pequena galeria de pilotos que tinham decidido construir os seus próprios automóveis. Como Jack Brabham, Bruce McLaren, Dan Gurney e Graham Hill.

O resultado final da qualificação, onde largaram de último, e acabaram com um incêndio no seu FD01 até poderia ser um dado fatual e poderia passar a imagem errada aos que seguiam a corrida pela televisão, ou na pista, mas para eles isso era um episódio. Porque para eles, o essencial estava cumprido: estavam lá.

E o projecto tinha muitos elementos a favor deles. Tinham um bom patrocinador, a Copersucar, que lhes dava o dinheiro que precisavam – um milhão de dólares por temporada – para desenvolver o carro ao ponto de apanhar aqueles que estavam mais à frente, como a McLaren, Ferrari ou Tyrrell, tinha gente que entendia das coisas, e tinham, sobretudo, o sonho que lhes comandava a vida deles: serem bem-sucedidos num carro brasileiro, provar que poderiam competir com os outros e poder vencê-los.

Os sonhos eram bem grandes: serem a Ferrari brasileira. Quantas mais peças fabricadas no país, melhor. E naqueles tempos, que melhor montra da tecnologia existente, do que a da Fórmula 1? O gigante tecnológico a acompanhar o gigante geográfico.

Aliás, a publicidade da Copersucar ajudou imenso a criar a esperança. Eis um extracto: “Chegara a vez da máquina. Para os brasileiros, este carro representa um desafio. Um desafio e uma prova de capacidade”.

O resultado não foi o esperado, em Buenos Aires. Mas a esperança de que seria o começo de um sonho era o que fazia avançar. Meio século depois, sabemos como acabou, mas se as aspirações ficaram aquém, na realidade não envergonharam ninguém. Hoje em dia, a memória da Copersucar-Fittipaldi está a ser reabilitada e os seus participantes louvados por terem ousado sonhar… e concretizar.

E o sonho começou há precisamente meio século.

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