O Audi Sport Quattro S1 E2 com uma carreira muito agitada

A 3 de Março de 1980, a Audi revolucionava o mundo automóvel e, especialmente, o mundo dos ralis, com a apresentação do Audi Quattro no Salão de Genebra. O Ur-Quattro, como também é conhecido, proveio da imaginação de Jörg Bensinger, após testar as funcionalidades do sistema de quatro rodas motrizes no Volkswagen Iltis, ajudado pelo facto da FIA passar a permitir automóveis de tracção total nos ralis. O Quattro iria também marcar a história automóvel, ao ser o primeiro modelo a consolidar o motor frontal com sobrealimentação e tracção integral.

Logo em 1980 a Audi dá início à carreira desportiva do Quattro, ainda tendo por base a versão de estrada do modelo, com o motor inicialmente a debitar uma potência de 304cv. Nos três anos seguintes, a Audi procedeu a várias evoluções, conhecidos por Quattro A1 e A2, em resposta aos novos regulamentos de Grupo B, aumentando a potência do motor de cinco cilindros em linha para os 355cv.

Para 1984, a Audi desenvolve um automóvel completamente novo para o Grupo B, designando-o de Sport Quattro S1, onde o motor de cinco cilindros em linha totalmente construído em alumínio tem uma cilindrada de 2,1L, quatro válvulas por cilindro que perfaz 20 no total, duas árvores de cames à cabeça, injecção Bosch LH Jetronic e um turbo KKK K27, capaz de gerar agora 450 cavalos de potência.

Toda a carroçaria é construída em carbono-Kevlar, a distância entre eixos é mais curta 320mm e o pára-brisas fica mais inclinado e é mais curto, retirado do Audi 80, para diminuir os reflexos do tablier no vidro.

No final de 1985 é introduzido no WRC o Audi Sport Quattro S1 E2 como a última evolução do Quattro, agora com uma potência declarada de 480cv e, em 1986, atingia já os… 600 cavalos. Além do aumento de potência, esta evolução conta com uma aerodinâmica muito mais apurada, elaborada em túnel de vento, com vários spoilers, tornando este modelo muito mais extremo.

O peso cifra-se nos 1090kg, mas a sua distribuição foi muito melhorada, com a passagem do radiador e alternador para a traseira do automóvel. Os 100km/h são atingidos em apenas 3,1 segundos. Alguns exemplares foram ainda equipados com uma caixa de dupla embraiagem, um sistema primitivo da vindoura DSG.

Neste artigo encontramos um dos 20 exemplares do Audi Sport Quattro S1 E2 produzidos, neste caso o chassis 018, que teve uma carreira bastante agitada. O seu primeiro e único rali foi o de Portugal em 1986 com Walter Röhrl aos seus comandos. Após o acidente de Joaquim Santos, a Audi desistiu do rali e de todo o campeonato, fazendo com que este automóvel nunca mais competisse pela equipa oficial.

Este exemplar foi vendido para a Suécia, sendo pilotado por Anders Carlsson no campeonato de Rallycross e nas rampas. Foi muito activo na Race of Champions, sendo utilizado em 1989 e 1990 e, posteriormente, em mais onze ROC, incluindo na Nations Cup que ocorreu em Portugal em 2009, no Estádio do Dragão. Isto deve-se ao facto de em 1991 ter sido vendido ao cofundador da Race of Champions, que o manteve até 2024, daí a sua utilização. Também por esse motivo, foi conduzido por diversos campeões como Björn Waldegård, Walter Röhrl, Ari Vatanen, Hannu Mikkola, Stig Blomqvist, Timo Salonen, Juha Kankkunen, Miki Biasion e Carlos Sainz.

Este Quattro foi levado a leilão, num evento organizado pela RM Sotheby’s no Mónaco, nos passados dias 10 e 11 de Maio, sendo vendido por 635 mil euros.