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Três automóveis psicadélicos de estrelas dos anos 60
Para alguns, a década de 1960 tratou-se de pura rebeldia – rebelião contra os conservadores anos 50, contra a guerra no Vietname e contra o sistema estabelecido. Os jovens faziam ouvir as suas vozes e recusavam aceitar costumes e regras ultrapassados. E esta mentalidade também se viu nos automóveis psicadélicos que surgiram.
Os anos 60 produziram alguns dos músicos mais talentosos e influentes dos tempos modernos. A riqueza de alguns jovens músicos foi aplicada em automóveis de luxo. Eric Clapton era proprietário de um Ferrari customizado, Robert Plant tinha um Aston Martin de 1965 e Jimi Hendrix conduzia um Corvette de 1968.
Há três veículos em particular dos anos 60 que mais se destacam por causa dos trabalhos de pintura personalizados. Em 1968, Janis Joplin adquiriu um Porsche 356C e pô-lo psicadélico. Pinturas de borboletas, pássaros, cogumelos e paisagens faziam do referido Porsche um “one of a kind”.
Joplin costumava conduzir por São Francisco e era fácil identificar onde a cantora estava. Após a morte da texana em 1970, a irmã e o irmão dividiram a propriedade do automóvel. O trabalho de pintura original começou a perder qualidade e o Porsche foi repintado em cinzento.
Algum tempo depois, a família de Joplin contratou pessoas para restaurar a pintura incomum e, em 1995, o automóvel foi emprestado ao “Hall of Fame” do Rock & Roll em Cleveland, Ohio.
Em 2015, o supracitado veículo foi levado a leilão, tendo sido vendido por 1,15 milhões de dólares na Sotheby’s em Nova Iorque. Os irmãos de Joplin planearam doar os lucros a instituições de caridade em nome da cantora rock.
Em 1962, o romancista Ken Kesey (autor de “Voando Sobre Um Ninho de Cucos”) comprou um autocarro escolar amarelo de 1939 da International Harvester. O escritor decidira guiar desde Nova Iorque até à Califórnia, corria o ano de 1964.
À medida que mais e mais amigos resolveram juntar-se a Kesey, o romancista percebeu que precisaria de um grande veículo para transportar o grupo do Merry Band of Pranksters.
O autocarro foi pintado por Roy Sebern num tema psicadélico, tendo sido posta a palavra “Furthur” na frente e o autocarro passou a ser conhecido por esse nome a partir daí.
A viagem foi uma festa movida a LSD, parando-se em Phoenix para exibir uma faixa (“Um voto para Barry é um voto pela diversão!”) enquanto passavam pela sede da campanha presidencial do conservador Barry Goldwater.
Pararam em Houston para visitar o zoo e, em geral, aproveitaram a capacidade de ver o país enquanto iam para leste. A tour foi filmada com a intenção de fazer um filme, mas a edição final de Kesey nunca foi lançada.
O jornalista Tom Wolfe usou os filmes para escrever um livro, “The Electric Kool-Aid Acid Test”, sobre a jornada. A última viagem que o autocarro fez foi ao Woodstock Music Festival, em Nova Iorque, em 1969.
Depois de Woodstock, o autocarro ficou na propriedade de Kesey, no Oregon. Em 1990, Kesey arranjou um novo autocarro Furthur (Internacional de 1947) para coincidir com a publicação de “The Furthur Inquiry”, uma autobiografia fotográfica das aventuras de Kesey.
Kesey também refez o percurso, com o objectivo de trazer o seu novo autocarro até Cleveland em 1997 para uma exposição (“I Want to Take You Higher: The Psychedelic Era 1965-69”) no “Hall of Fame! do Rock & Roll e Museu.
Kesey morreu em 2001 devido a complicações decorrentes de uma cirurgia para remover um tumor. O restauro do autocarro original foi financiada através de uma campanha de Kickstarter e, em 2014, uma nova equipa de Merry Pranksters participou na viagem comemorativa dos 50 anos do Furthur.
É seguro dizer-se que Lennon tinha o mais luxuoso automóvel psicadélico. Em 1964, o músico comprou um Rolls-Royce Phantom V. Originalmente apresentava na sua totalidade a cor preto (excepto o radiador) e tinha todos os extras possíveis que o Rolls-Royce oferecia.
Havia armazenamento refrigerado no porta-malas para conservar as bebidas frias e poder consumi-las aquando da visualização de uma TV portátil.
Cerca de meio ano depois de ter tomado posse do automóvel, Lennon desejava fazer alterações e torná-lo psicadélico. O banco de trás foi posto de maneira a dobrar como se fosse uma cama, adicionou-se um sistema musical e instalou-se uma buzina que tocava “Lili Marlene”, de Marlene Dietrich.
Em 1966, o Phantom tinha mais de 32.000 quilómetros e estava a precisar de uma pintura. Lennon contactou a J.P. Fallon Ltd. e contou-lhes o que pretendia.
A carroçaria foi pintada de amarelo e os desenhos tiveram pintura de Steve Weaver. Painéis florais e remoinhos elegantes cobriam o automóvel em várias cores e o signo astrológico de Lennon, Balança, estava pintado no topo.
O automóvel recebeu várias críticas da geração mais velha, para alegria de Lennon. O colorido Phantom viria a ser substituído por um Phantom V branco nos tempos do “White Album”.
O psicadélico Rolls-Royce foi enviado para a “Big Apple” para passar para a posse de Lennon, sendo que, na maior parte do tempo, o músico emprestava a viatura a amigos ou armazenava-a. Em 1977, o referido automóvel foi doado ao Museu Cooper-Hewitt, no Instituto Smithsonian, e, cinco anos após a morte de Lennon, em 1980, o museu leiloou o veículo através da Sotheby’s. O automóvel foi comprado pelo empresário canadiano Jim Pattison por um valor de 2.299.000 dólares e agora está no Royal BC Museum (Canadá), onde é exibido ocasionalmente.