Arquivos • 23 Mar 2024
Será o Yugo o pior automóvel da história? No entanto, de 1985 a 1991, vendeu mais de 141 mil unidades nos EUA. Vamos conhecer melhor a história desta marca peculiar de automóveis da ex-Jugoslávia.
O seu nome, Yugo, tem origem no nome do próprio país onde foi produzido, a Yugoslávia. O primeiro automóvel Yugo foi produzido na fábrica Zastava Automobili a 2 de Outubro de 1978, praticamente em modo manual.
A Zastava Automobili produzia, sob licença da Fiat, o Zastava 101, em meados da década de 70, com base nas linhas e na mecânica do Fiat 128, produzindo também uma versão “hatchback” vendida em Itália sob a marca da Innocenti.
Em 1981, com o “know-how” e intervenção dos engenheiros da Fiat era produzida uma evolução do Zastava, que ao invés de ser consequentemente o Zastava 102, foi denominado de Yugo 45, para efeitos de exportação. O Yugo 45 era um automóvel com umas linhas simples, numa carroçaria de dois volumes com três portas, pequeno com 3,5 metros, e leve, pesando apenas cerca de 800 quilos, com um motor de 900cc, e atingindo 135 Km/h de velocidade máxima. Precisava era de quase meio minuto para atingir os 100 Km/h.
Entretanto foram lançadas as versões, Yugo 55 com 1100cc e 56cv, o Yugo 65 com 1300cc e 65cv, e o Yugo 65 EFI com 1400cc e 65cv que chegava aos 100 Km/h em 15 segundos. Nos anos seguintes foram lançando outros modelos como uma versão 65 cabrio, em 1988. Em 1989 foi apresentado o Skala, com carroçaria de dois volumes e meio. Com umas linhas pensadas por Giorgetto Giugiaro, surgia o Yugo Florida, com motores de 1.4 e 1.6 de cilindrada (conhecido por Sana nalguns países), em 1990, muito parecido com o design do Citroën ZX.
A Zastava Automobili chegou a produzir no seu melhor ano cerca de 230 mil unidades do Yugo, exportando para cerca de 70 países.
A incursão do Yugo nos EUA
A entrada da marca de automóveis Yugo ficou a dever-se ao empresário Malcolm Bricklin, que já era importador da Fiat e Subaru, através da sua International Automobile Importers. O objectivo de Malcolm era servir os consumidores que detinham um fraco poder de compra mas desejavam um automóvel novo.
Em meados de 1985, começou por colocar à venda, no mercado norte-americano, a versão 55 GV, com motor 1.1 ao preço imbatível de 3.990 dólares. Também tinha disponível a versão GVL, com um interior melhorado, e o GVX com uma motorização de 1.3, jantes especiais e ailerons a conferir uma aparência mais desportiva. Para o mercado norte-americano também chegou a versão cabrio do Yugo, em 1988.
O Yugo, com um preço tão competitivo, rapidamente tornou-se o automóvel europeu mais vendido nos EUA, tendo chegado a total de mais de 141 mil vendas, conseguindo no melhor ano vender 48.500, em 1987. O sucesso do Yugo nas vendas foi proporcional ao acumular de fortes críticas, relativas à falta de qualidade de construção e fiabilidade.
A revista “Car and Driver” apelidou o Yugo de “automóvel descartável da Bic”, enquanto a “Consumer Reports” era de opinião que “mal se qualificava como automóvel”.
O ano de 1991, marca o fim das vendas do Yugo nos EUA, não atingindo as 4 mil unidades. O relato da história do peculiar Yugo nos EUA, foi inclusive abordada num livro de Jason Vuic, com o título de “O Yugo: A ascensão e queda do pior automóvel da História.
Exposição de Arte Yugo
Mas a provar que o Yugo não passou despercebido ao público norte-americano, realizou-se, em 1995, em Washington, uma curiosa exposição a cargo da prestigiada School of Visual Arts de Nova York, intitulada de “Art Yugo”. Aqui o veículo foi mostrado e transformado nas coisas e aspectos mais variados, desde um submarino, um piano, uma bola de futebol, ou um telefone fixo.
O princípio do fim do Yugo
Na década de 1990, a produção do Yugo enfrentou diversas dificuldades, no período das guerras em terras jugoslavas. A produção era instável em consequência das falhas dos fornecedores da matéria prima, dos transportes, agravada ainda pelas sanções económicas e comerciais impostas à Jugoslávia quer pela ONU, entre 1992 e 1995, quer pelos EUA e países da Europa, de 1998 a 2000.
Durante a guerra no Kosovo a fábrica do Yugo, em Kragujevac, foi bombardeada pelas forças aliadas da ONU. Por lapso, ou por alegadamente fabricar armamento militar, constituiu um alvo militar.
A partir de 2000 foi retomada a produção na fábrica Zastava reconstruída pelo governo Sérvio. Dois anos volvidos, era lançado o modelo Koral, com um motor de 1.3 de injecção, com 80cv, e um restyling das linhas. Em 2005, é produzido outro modelo o Zastava 10, baseado no Fiat Punto, que já havia sido lançado, em Itália, no ano de 1999.
As vendas foram diminuindo até que encerrou a produção em Novembro de 2008, atingindo um total de 795 mil veículos.
A publicidade à volta do Yugo
As críticas e piadas ao Yugo eram imensas, desde uma catástrofe sobre rodas a automóvel de brincar, ou que era para toda a vida porque os proprietários não iriam conseguir convencer ninguém a comprá-lo! Os anúncios publicitários tiveram grande influência no volume de vendas do Yugo.
Nos EUA, os slogans principais foram:
“Toda a gente precisa de um Yugo, em algum momento” destacando em cima o preço de 3.990$.
“Apresentando a mesma ideia antiga” surgindo ao lado de um VW carocha e de um Ford T.
Em Espanha, era “Yugo, a surpresa” fazendo referência à tecnologia compatível e sublinhando o preço baixo de 799.900 pesetas!
Em Inglaterra, o cartaz era bastante apelativo: ” O melhor da sua classe”
Participações do Yugo nos filmes de Cinema e na Televisão
Apesar de não ser uma estrela famosa nos automóveis, o Yugo apareceu em inúmeros filmes, tais como: “Na Selva de Cristal III” onde é conduzido por Bruce Willis e Samuel L. Jackson, numa fuga; no “Homem de Ferro II”; em “Bowfinger, o ladino” com Eddie Murphy e Steve Martin; nos filmes “O Corvo” e “Jogador” de Mark Wahlberg; em ” Apocalipse ” e ” Homem-Aranha”; no “O Homem de Novembro” com Keanu Reeves e no grande sucesso infantil ” Carros 2″ onde o Yugo interpreta o papel do vilão Victor Hugo;
Apareceu também em séries conhecidas da televisão norte-americana como “Malcolm” e “Coisas de Casa”.
Inevitavelmente foi alvo de várias análises depreciativas no famoso programa de automóveis britânico “Top Gear”, onde foi comparado com o poderoso Bentley Mulsanne.