Um automóvel bonito é mais competitivo?

Arquivos 16 Nov 2024

Um automóvel bonito é mais competitivo?

Por Irineu Guarnier

Beleza e velocidade nem sempre andam juntas no automobilismo de competição. O Brabham BT55, de 1986, foi um dos mais belos carros de Fórmula 1 de todos os tempos – mas nas pistas se revelou um verdadeiro desastre. Projetado pelo mago da Fórmula 1, Gordon Murray, tinha um design minimalista limpo, de linhas rectas, afiladas, e apenas 88 centímetros de altura. Revolucionário, era diferente de tudo o que havia na época.

Apelidado de “skate”, mas também chamado de “míssil”, o motor BMW turbo e o câmbio do BT55 tiveram de ser redesenhados para se acomodarem num chassi tão baixo, sendo que, os pilotos Riccardo Patrese e Elio de Angelis guiavam praticamente deitados. A intenção de Murray era acelerar o fluxo de ar para a asa traseira e, com isso, garantir uma maior “downforce”.

Do ponto de vista da aerodinâmica, o design funcionou e, por vezes, a pressão aerodinâmica era até demasiada. Mas as modificações no motor e no câmbio, não. A lubrificação do propulsor e o funcionamento do turbo ficaram prejudicados e o câmbio também quebrava com frequência. O “Skate” não venceu nenhuma corrida. Para piorar tudo, a asa traseira do carro de Elio de Angelis colapsou durante um treino no circuito francês de Paul Ricard, causando um grave acidente. Pessimamente socorrido após a batida, o piloto italiano acabou morrendo.

O lindo Brabham Skate estava definitivamente condenado. Murray deixou a Brabham no final daquele ano. Ironicamente, na McLaren, a sua nova equipa, acabou reeditando parte do conceito em outro modelo também muito baixo, o MP4/4 – que no entanto viria a ser um dos carros de Fórmula 1 mais bem-sucedidos da história da categoria, pilotado por um certo Ayrton Senna. Neste caso, sim, beleza e funcionalidade formaram um par perfeito.

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