Arquivos • 15 Set 2023
Após vários anos de sucesso dos motores Ford-Cosworth na Fórmula 1 no início dos anos 80, quando apareceram os novos motores turbos, estes não conseguiram competir. Com o anúncio da nova categoria de Grupo C para o Campeonato Mundial de Resistência e após a vitória nas 24h de Le Mans de 1980 de um Rondeau GTP equipado com o motor Ford-Cosworth DFV, a Ford decidiu desenvolver um automóvel para essa categoria, equipado com os motores de Fórmula 1 ao qual designou de projecto C100, inicialmente ainda com especificações de Grupo 6.
O desenho deste automóvel esteve a cargo inicialmente de Len Bailey, que esteve envolvido no projecto do Ford GT40. O C100 estava equipado com o motor V8 Ford-Cosworth DFL de 4,0L de cilindrada, desenvolvendo cerca de 540cv às 9.250rpm. Este motor era uma derivação do DFV, motor famoso devido aos grandes sucessos da Fórmula 1, sendo o DFL desenvolvido especificamente para o Grupo C com vista provas de longas distâncias.
Acoplado ao motor está uma caixa manual de cinco velocidades Hewland VG. A suspensão é de triângulos sobrepostos nas quatro rodas, assim como tem travões de disco ventilados da AP Racing também nas quatro rodas. O chassis é tubular construído em alumínio, revestido com uma carroçaria de fibra de vidro, pesando no total 830kg.
O objectivo da Ford era apresentar o C100 nas 24h de Le Mans de 1981, no entanto, não ficaria pronto a tempo para a prova. Só iria aparecer nos 1000 quilómetros de Brand Hatch e, apesar de ter demonstrado um bom andamento na qualificação, este iria abandonar durante a corrida. Aliás, este seria o resultado tradicional deste automóvel, com um bom andamento durante as qualificações, mas era sempre assolado por problemas de fiabilidade durante as corridas.
Estes problemas tiveram como principal culpa a falta de desenvolvimento devido a divisões dentro da marca Ford, com as várias filiais a terem interesses diferente, como é exemplo os americanos queriam apostar no IMSA GTP e os ingleses estavam a desenvolver o Escort RS1700T para o WRC, sendo que apenas a Ford da Alemanha avançou com o projecto C100.
Em 1982, a Ford construiu os restantes quatro chassis, com uma carroçaria redesenhada elaborada por John Thompson e, posteriormente, com a ajuda de Tony Southgate. Ainda assim, os problemas persistiram e a Ford acabaria por abandonar o projecto e entrega-lo inteiramente à Zakspeed, em 1983. O melhor resultado foi um quarto lugar nos 1.000 quilómetros de Brands Hatch, conseguido pela dupla Jonathan Palmer e Desiré Wilson, que foram convidados a conduzir o terceiro automóvel da equipa, ficando à frente dos pilotos efectivos, Klaus Ludwig, Marc Surer, Manfred Winkelhock e Klaus Niedzwiedz. Ainda neste ano, conseguiu duas vitórias no DRM, uma em Hockenheimring e outra em Nurburgring com Klaus Ludwig aos comandos em ambas as ocasiões.
No total, apenas cinco chassis foram produzidos. O chassis número 04 foi para Inglaterra, vendido para a equipa Peer Racing em 1983, onde ainda teve algum sucesso no campeonato Thundersports, vencendo em Donington Park com o piloto Jim Crawford.
A Zakspeed continuou o desenvolvimento do automóvel e agora, sem a Ford a indicar o caminho a seguir, decidiu desenvolver dois automóveis diferentes, dando-lhes os nomes de C1/4 para o automóvel equipado com o motor de quatro cilindros e turbo, derivado do utilizado no Capri de Grupo 5, produzindo cerca de 568cv, e de C1/8 para o que estava equipado com o motor V8 de 3,3L ou 4,0L, que acabariam por ter mais sucesso no DRM e no Interserie. Um outro chassis do C100 serviu ainda para criar a Ford Transit Supervan 3, em 1984.