Flaminio Bertoni, o escultor de Citroëns

Arquivos 05 Out 2024

Flaminio Bertoni, o escultor de Citroëns

Por Bruno Machado

Traction Avant, 2CV, DS e Ami 6: modelos icónicos que marcaram a história da Citroën. Todos têm um denominador comum: o escultor Flaminio Bertoni.

 

Flaminio Bertoni nasce na cidade italiana de Varese, no dia 10 de Janeiro de 1903. Começa a trabalhar aos 15 anos, na Carrozzeria Macchi, especializada na construção de veículos industriais e transportes colectivos. Nos seus tempos livres, Bertoni também gosta de desenhar ao ponto de frequentar aulas de desenho artístico e escultura, na escola de belas artes de Varese, de modo a aperfeiçoar a sua técnica.

 

Os seus talentos e o seu interesse pela estética automóvel, levam-no até França, passando a colaborar com vários ateliês, numa época em que é frequente as marcas delegarem a terceiros a realização da carroçaria.

 

Mas Bertoni regressa a Itália, colaborando com a Carrozzeria Macchi, onde iniciara a sua carreira profissional e torna-se consultor em design automóvel, frequentando ainda várias exposições artísticas. Mas em 1932, é contactado por André Citroën que lhe propõe a direcção do departamento de estilo da marca.

 

Quando Bertoni chega à Citroën, a sua primeira tarefa é dar uma forma a um projecto muito avançado, mas só na parte técnica. Além do desenho no papel, Bertoni vai esculpir esse projecto, apresentando a André Citroën uma versão em três dimensões do futuro Traction Avant, o que era uma novidade na altura! Será depois encarregue da realização das várias versões deste modelo: Commerciale, Coupé, Cabriolet… André Citroën nunca chegará a ver o sucesso do Traction Avant, falecendo em 1935, vítima de doença prolongada.

 

 

Nestes tempos sombrios em que o espectro de uma nova guerra mundial paira sobre a Europa, a Citroën tem um novo projecto ambicioso denominado “TPV” (Très Petite Voiture) com o qual a marca pretende propor um automóvel acessível a um maior número de clientes. Alguns protótipos começam a circular nas estradas francesas em 1937, mas só depois do conflito mundial é que o 2CV é apresentado, no Salão de Paris de 1948. As linhas traçadas por Bertoni ainda perturbam o público, mas o sucesso é imediato e no fim do salão, são registadas milhares de encomendas apesar da extensa lista de espera.

 

Se em 1948, a Citroën tinha surpreendido tudo e todos com o 2CV, no Salão de Paris de 1955 a marca causa um verdadeiro terramoto com o Citroën DS! De repente, a produção automóvel da altura ficava a décadas de distância. As linhas inéditas e futuristas traçadas por Flaminio Bertoni reflectiam o avanço técnico do sucessor do Traction Avant. O design exterior é tão sofisticado como o novo sistema hidráulico, pois além da linha geral, é dada uma particular atenção a pequenos pormenores, como por exemplo, os piscas traseiros ou mesmo o volante. A partir daí, temos o DS e os outros…

 

 

Flaminio Bertoni goza de um reconhecimento geral: do público fascinado pelos modelos da Citroën; do mundo artístico que lhe atribui vários prémios; e também do mundo político, quando o ministro da cultura, André Malraux, condecora Bertoni com o grau de Chevalier des Arts et des Lettres em 1961.

 

Nesse mesmo ano, é lançada a última grande obra de Flaminio Bertoni, o Citroën Ami 6 (com o seu óculo traseiro característico), destinado a colmatar o vazio existente na gama Citroën entre o 2CV e o DS.

 

 

Flaminio Bertoni, morre subitamente três anos depois, deixando uma obra que, ainda hoje, não deixa ninguém indiferente…

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