Arquivos • 22 Mai 2019
A cerimónia do pódio oferece por vezes imagens insólitas ou inesquecíveis, como no Grande Prémio da Austrália de 1993 que marcou o fim das hostilidades entre Senna e Prost (imagem acima). Agora que a disciplina voltou a pausar durante alguns fins-de-semana, partilhamos uma selecção de 25 pódios que, por várias razões, marcaram a história da Fórmula 1.
#1 – GP da Alemanha (1957) – A obra prima de Fangio
A última e provavelmente a mais bela vitória de Juan Manuel Fangio. No circuito do Nürburgring, o maestro estava noutra dimensão, merecendo a admiração dos seus rivais no pódio, Mike Hawthorn e Peter Collins.
#2 – GP da Bélgica (1962) – A primeira vitória de Jim Clark
Apesar da pole position de Graham Hill, este grande prémio viu a primeira vitória de Jim Clark na F1 (numa prova a contar para o campeonato). E se olharmos para a imagem deste pódio da direita para a esquerda, estão reunidos os campeões de 1961 (Phil Hill), 1962 (Graham Hill) e 1963 (Jim Clark).
#3 – GP do Máxico (1964) – Surtees campeão
O vencedor foi Dan Gurney, mas foi John Surtees quem ficou mais feliz nesse pódio, pois o segundo lugar (conquistado com a preciosa ajuda do colega de equipa, Lorenzo Bandini) foi suficiente para se sagrar campeão do mundo, depois de um título mundial nas motas!
#4 – GP da Bélgica (1967) – Dan Gurney entre Jack Brabham e Bruce McLaren
Depois de Jack Brabham, o piloto norte-americano também conseguiu conquistar uma vitória enquanto piloto-construtor (à frente de Chris Amon e Jackie Stewart), apesar da equipa não ter o seu nome (Eagle). No ano seguinte, no mesmo circuito, será a vez de Bruce McLaren fazer história.
#5 – GP da Alemanha (1968) – Stewart domina o inferno verde
“Se um piloto disser que não tem medo no Ring, ou está a mentir ou não está a andar rápido o suficiente para perceber o que é o Ring”. Esta frase foi pronunciada pelo piloto que venceu no Nürburgring, depois de arrancar da sexta posição e ter enfrentado uma chuva diluviana: Sir Jackie Stewart. No pódio, os futuros campeões 1968 (Graham Hill), 1969 (Stewart) e 1970 (Jochen Rindt).
#6 – GP da Alemanha (1970) – A última vitória de Rindt
Esta imagem ilustra bem a parte final da temporada de 1970: Jochen Rindt na liderança, mas com Jacky Ickx bem perto da liderança. E de facto, após o trágico acidente de Monza, que vitimou o austríaco um mês depois, Ickx foi o piloto com mais hipóteses de se sagrar campeão nesse ano. Mas Rindt acabou mesmo por ser campeão do mundo, o único a título póstumo.
#7 – GP da da Áustria (1975) – “Com chuva modere a felicidade”
Foi com esta corrida, interrompida por causa das condições meteorológicas, que Vittorio Brambilla conseguiu a sua primeira (e única) vitória na Fórmula 1. A alegria foi tão grande que, ao passar a bandeira axadrezada, o piloto italiano levantou os dois braços, perdendo o controlo do seu March-Ford e embatendo contra os rails de segurança…
#8 – GP do Canadá (1978) – Cerveja em vez de Moët & Chandon
Em vez do tradicional champanhe, Gilles Villeneuve optou por celebrar a sua primeira vitória na Fórmula 1… com cerveja, cuja marca era igualmente uma patrocinadora do piloto canadiano. Foi a primeira edição do grande prémio do Canadá no circuito de Montreal, hoje circuito Gilles Villeneuve.
#9 – GP da Suécia (1978) – Uma vitória inspirada
Respondendo aos Lotus 79, os Brabham-Alfa Romeo BT46 chegaram ao circuito de Anderstorp com uma ventoinha enorme na traseira que fixava o monolugar ao chão. Com esta inovação (projetada pelo genial Gordon Murray), Niki Lauda obteve uma vitória fácil antes de ver a “engenhoca” ser declarada ilegal.
#10 – GP de San Marino (1982) – A ruptura entre Villeneuve e Pironi
Gilles Villeneuve liderava a corrida, seguido de Didier Pironi, o colega de equipa. Mas apesar da indicação “SLOW” dada pela Scuderia para garantir a dobradinha, o francês desobedeceu e acabou por ultrapassar Villeneuve. A alegria dos tiffosi contrastava com a raiva bem visível do piloto canadiano que, sentindo-se traído pelo colega e amigo, só pensava em vingança. Nas qualificações do grande prémio seguinte, em Zolder, Villeneuve, acabaria por sofrer um acidente que lhe seria fatal.
#11 – GP de França (1982) – À grande e à francesa
As quatro primeiras posições conquistadas por quatro franceses (Arnoux, Prost, Pironi e Tambay), dobradinha de uma equipa francesa (Renault), com pneus franceses (Michelin), no grande prémio de França! Mas a dobradinha acabou por deixar um sabor agridoce na equipa: Arnoux tinha a indicação da equipa para deixar passar Prost, mais bem colocado no campeonato, mas preferiu desobedecer, deixando o seu colega de equipa furioso.
#12 – GP de Portugal (1984) – Meio ponto que faz toda a diferença
Foi no circuito do Estoril que Niki Lauda obteve o seu terceiro e último título mundial, com uma diferença de meio ponto em relação ao seu companheiro de equipa na McLaren, Alain Prost, vencedor da prova. A completar o pódio, um jovem promissor, que também viria a ser companheiro de equipa do francês na McLaren: Ayrton Senna…
#13 – GP de Itália (1988) – Esta foi para Enzo
A temporada de 1988 ficou marcada pelo domínio absoluto dos McLaren, mas também pelo falecimento de Enzo Ferrari a 14 de Agosto. Quase um mês depois da morte do Commendatore, a Scuderia Ferrari conseguiu uma dobradinha com Gerhard Berger e Michele Alboreto em Monza, sendo esta a única vitória que escapou à McLaren.
#14 – GP dos Estados Unidos (1991) – Senna rodeado de “amigos”
Esta 27ª vitória de Ayrton Senna permitiu-lhe ser o primeiro piloto a conquistar os 10 pontos atribuídos ao vencedor a partir de 1991. Permitiu-lhe também ter uma cerimónia do pódio na companhia de Prost, Piquet e do Presidente da FISA, Jean-Marie Balestre. Todos eles, “grandes amigos” de Senna, como é sabido…
#15 – GP de Espanha (1993) – 14 títulos mundiais
Senna, Prost e Schumacher no mesmo pódio. Palavras para quê?
#16 – GP da Europa (1994) – A nova era
Depois da era Prost, Piquet, Senna e Mansell (que ainda disputou algumas corridas de modo mais pontual em 94 e 95), seguia-se uma nova era em que Hill, Schumacher e Hakkinen seriam os principais protagonistas.
#17 GP da Europa (1997) – O último título da Williams
Depois do golpe (falhado) de Schumacher, Jacques Villeneuve conseguiu seguir em frente dando-se ao luxo de oferecer a primeira vitória a Mika Hakkinen e o segundo lugar a David Coulthard. Este grande prémio marcava também o fim do domínio da Williams-Renault ao longo da década de 90.
#18 GP da Bélgica (2000) – Que ultrapassagem!
Este grande prémio ficou marcado por uma das mais belas ultrapassagens da história da Fórmula 1, com Hakkinen a aproveitar a presença de Ricardo Zonta para ultrapassar Michael Schumacher. No pódio, o piloto finlandês celebra a vitória entre os manos Michael e Ralf.
#19 GP do Brasil (2003) – O pódio caótico
Os acidentes de Mark Webber e Fernando Alonso provocaram o fim prematuro da corrida. Seguiu-se uma grande confusão, já que ninguém sabia quem era o vencedor da prova: Räikkönen ou Fischella. Nem o Jordan do italiano aguentou o suspense, incendiando-se de repente aos pés do pódio. Räikkönen acabou por ser declarado vencedor, subindo ao lugar mais alto, ao lado do injustiçado Fisichella e no terceiro lugar… ninguém. Alonso, ficara em terceiro, mas estava demasiado atordoado para se juntar a eles. Poucos dias depois, Fisichella acabou por ser declarado vencedor da prova, recebendo o troféu da vitória das mãos de Räikkönen, numa cerimónia organizada em Imola.
#20 – GP de San Marino (2005) – “A star is born”
Com duas vitórias na Malásia e no Bahrein, Fernando Alonso chegava a Imola com uma larga vantagem no campeonato. Mas será que o jovem piloto espanhol estaria a altura num duelo “mano a mano” contra o Kaiser, o Barão Vermelho, o heptacampeão do mundo, Michael Schumacher? A resposta, afirmativa, foi dada nas últimas voltas do Grande Prémio de San Marino.
#21 – GP do Japão (2005) – A “remontada” de Iceman
Depois de umas qualificações perturbadas pela chuva, os pesos pesados da altura foram atirados para o fundo da grelha de partida: Michael Schumacher em 14º, o já campeão do mundo Fernando Alonso em 16º, Juan Pablo Montoya em 18º. Mas foi Kimi Räikkönen, que partiu da 17º posição, quem conseguiu o melhor resultado final, com uma vitória arrancada na última volta.
#22 – GP do Brasil (2008) – O vencedor mais triste da história
Felipe Massa disputou o campeonato com Lewis Hamilton até aos últimos metros da última corrida. O brasileiro fez tudo como devia ser: conquistou a pole position, venceu a corrida e foi (virtualmente) campeão do mundo… mas só durante uns segundos, até Hamilton ultrapassar Timo Glock, garantindo assim os pontos necessários para vencer o campeonato. No pódio, Massa não conseguia disfarçar a sua tristeza e frustração.
#23 – GP da Europa (2012) – O último pódio de Michael Schumacher
Três campeões do mundo no pódio, vencedores de todos os campeonatos entre 2000 e 2007. O regressado Räikkönen confirmava estar em boa forma depois de dois anos nos ralis, Alonso conquistava uma das suas vitórias preferidas perante o público espanhol e Michael Schumacher subia ao pódio pela última vez na carreira, aos 43 anos de idade.
#24 – GP da Malásia (2013) – “Multi 21, Seb!”
Mark Webber liderava a corrida, seguido do seu “colega” de equipa, Sebastian Vettel, campeão do mundo em título. As ordens da equipa eram de manter as posições (“Multi 21” significando o carro nº 2 à frente do nº 1), mas o alemão desobedeceu e ultrapassou Webber que mostrou claramente a sua insatisfação, antes, durante e depois do pódio.
#25 – GP do Mónaco (2019) – Auf Wiedersehen Niki
O ambiente no principado estava algo pesado. A Fórmula 1 tinha acabado de perder um dos maiores pilotos da sua história: Niki Lauda, três vezes campeão do mundo. No pódio, Lewis Hamilton (que tinha ido para a Mercedes, precisamente, pela mão de Lauda) assim como os outros pilotos, Sebastian Vettel e Valtteri Botas homenagearam o piloto austríaco com um boné vermelho na cabeça, um acessório associado a Lauda desde aquele acidente de 1976 no Nürburgring.
Bónus
Com o devido respeito por Damon Hill e Ron Dennis, ter lendas como Senna, Schumacher e Fangio num pódio é qualquer coisa!