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Ferrari 288 GTO Evoluzione, o último automóvel de competição de Enzo Ferrari
O Ferrari 288 GTO, conhecido originalmente apenas por Ferrari GTO, foi um superdesportivo que nasceu da necessidade de criar um automóvel de estrada com performances mais apimentadas e o Ferrari 288 GTO Evoluzione fica para a história da marca como os últimos automóveis de competição concebidos sob a direcção de Enzo Ferrari.
De forma a aproveitar a sua homologação em Grupo B, e de onde provém o nome Gran Turismo Omologata, inspirado no 250 GTO. A sua produção ocorreu de 1984 a 1987 com um total de 272 exemplares produzidos.
Com base no Ferrari 308 GTB, foi desenvolvida uma carroçaria mais larga e agressiva, desenhada por Leonardo Fioravanti na Pininfarina, com alguns elementos inspirados no icónico 250 GTO. A construção da carroçaria foi elaborada com materiais de baixo peso onde apenas as portas são de aço enquanto o capot foi produzido em Kevlar e o tejadilho em Kevlar e fibra de carbono, o restante é tudo fibra de vidro, perfazendo um peso total de 1.159 quilos.
Quanto ao motor, o responsável pelo seu desenvolvimento foi Nicola Materazzi, que aplicou os seus conhecimentos da indução forçada com turbo compressor extraída da Fórmula 1 e também com aquilo que a Ferrari tinha feito no 208 Turbo. O caderno de encargos era aplicar a mesma “receita” num motor até três litros de cilindrada, nascendo assim o F114, um motor V8 de 2,9 litros com dois turbos IHI refrigerados a água e intercoolers Behr que debita uma potência de 400cv e 496Nm de binário máximo. Acoplado ao motor está uma caixa manual de cinco velocidades. O 288 GTO atingia os 304km/h o que fazia dele o automóvel mais rápido de produção da época.
No entanto, o desenvolvimento do 288 GTO não se ficou por aqui, já que nasceu a vontade da Ferrari voltar às corridas de GT. Em 1986, iniciou-se a produção de 20 exemplares, com a ajuda da Michelotto, bastante alterados e designados de 288 GTO Evoluzione, para as alterações poderem ser homologadas. Com algumas alterações, o motor, designado agora de F114 CK, passou a debitar 650cv às 7800rpm, o que conjugado com o novo desenho da frente, mais aerodinâmico e peso de apenas 940 quilos que tornava o automóvel mais eficiente, podendo atingir velocidades de 370km/h.
No entanto, com o fim do Grupo B nos ralis, levou também ao seu cancelamento nas pistas, fazendo com que o 288 GTO Evoluzione nunca tenha competido. Apenas cinco exemplares foram construídos, todos pintados de vermelho. Ainda assim, o Ferrari 288 GTO Evoluzione fica para a história da marca como os últimos automóveis de competição concebidos sob a direcção de Enzo Ferrari.
Dos cinco produzidos, dois permanecem na posse da Ferrari e os restantes três estão na posse de coleccionadores, que é o caso do exemplar presente neste artigo. Supostamente terá sido produzido um outro, com base num 288 GTO “normal”, para desenvolvimento do modelo e posteriormente, para desenvolvimento do F40.
Com o chassis número 79888, este foi o quarto dos cinco 288 GTO Evoluzione produzidos e foi entregue novo ao piloto belga Jean “Beurlys” Blaton em 1988, através do icónico concessionário Garage Francorchamps.
Em 1992, voltou para a posse da Garage Francorchamps, onde permaneceu até 2006, altura em que foi vendido a um coleccionador no Reino Unido. No ano seguinte foi vendido a Lawrence Stroll, que o manteve até 2013. Passou por diversos coleccionadores e participou em diversos eventos e, mais recentemente, foi à Michelotto para fazer uma grande revisão, tanto a nível mecânico como cosmético, no valor de 133 mil euros. Em Outubro de 2022 mudou novamente de mãos, preservando ainda o seu motor e caixa de velocidades originais, assim como o certificado Ferrari Classiche.