O único Monteverdi 375L produzido pela Carrozzeria Frua

A Monteverdi foi uma marca suíça de produção de automóveis de luxo e desportivos, fundada em 1965 por Peter Monteverdi. O primeiro modelo produzido pela marca foi o High Speed, com várias carroçarias disponíveis, desde o sedan de quatro portas, aos coupés e os descapotáveis. O chassis tubular era produzido em aço na Stahlbau Muttenz e utilizava suspensões da frente da Alford & Alder, eixos traseiros da Salisbury, travões da Girling e caixa de direcção da ZF.

Existem duas séries do modelo High Speed, a primeira foi desenhada por Pietro Frua e produzida pela Carrozzeria Frua de 1967 a 1968, enquanto que a segunda foi produzida em maior quantidade e por mais tempo, entre 1968 a 1976, pela Carrozzeria Fissore. Os dez primeiros automóveis produzidos pela Fissore ainda mantinham o desenho de Frua, mas em 1969 esta foi obrigada a alterar, devido a problemas com a patente do desenho.

Em 1968, Peter Monteverdi queria aumentar exponencialmente a produção dos seus automóveis, com um objectivo de 100 exemplares por ano. Este número criou um problema, pois a Carrozzeria Frua não tinha capacidades para produzir automóveis nessa proporção devido ao facto que todas as carroçarias eram construídas à mão. Foi dada a ideia da Monteverdi ajudar na aquisição de ferramentas para a produção ser mais automatizada, pois a Frua não tinha condições financeiras para tal, mas essa ideia foi rejeitada por Peter devido ao elevado custo que isso implicava. Foi então que encontrou a Carrozzeria Fissore, que continuava a produzir os automóveis à mão e nos números requeridos.

No ano em que a parceria entre a Monteverdi e a Frua terminou, esta já tinha produzido um protótipo idêntico ao coupé 375 S, mas mais longo e com 2+2 lugares, conhecido por Monteverdi 375L. O protótipo foi mostrado ao público no Salão de Genebra de 1968, na altura pintado de azul claro e interior todo em alcântara, nunca avançando para a produção em série. Houve ainda uma outra carroçaria que foi construída pela Frua, mas essa foi vendida à AC e tornou-se no protótipo do modelo 429, em 1969.

Presente neste artigo está o mesmo protótipo mostrado em Genebra, equipado com o motor V8 Chrysler Magnum de 7,2 litros de cilindrada, que é capaz de levar o Monteverdi 375L aos 250km/h e atingir os 100km/h em seis segundos.

Pouco tempo depois da apresentação, este protótipo foi vendido a Alfred Hopf um magnata suíço, que era um dos melhores clientes da Monteverdi. Nesta altura o 375L já tinha recebido algumas alterações, elaboradas pela Frua, como um espelho retrovisor exterior, jantes de magnésio de oito raios, interior de pele e cor Aqua Verde, modificações que se mantêm hoje. A única critica que Hopf fez ao automóvel era a sua prepotência para aquecer quando viajava a altas velocidades, algo resolvido com a adição de umas novas saídas de ar nos guarda-lamas da frente.

Posteriormente, o automóvel foi emprestado novamente à Frua, para estar em exposição no seu stand aquando o Salão de Paris de 1968, além de ser testado pela revista da especialidade Road & Track. Pouco depois, foi vendido a Gunter Sachs, um playboy bem influente no mundo automóvel da época, pois pertencia à família Opel pelo lado da sua mãe e do lado do seu pai tinha a fortuna gerada pelo negócio de peças e motorizadas da Fichtel and Sachs.

É possível que Brigitte Bardot tenha andado neste automóvel aquando do casamento com Gunter. O automóvel seria adquirido novamente pela Monteverdi, tendo um lugar de destaque na colecção da marca e, posteriormente, no museu.

Actualmente, este Monteverdi 375L está na posse do suíço Andreas Wüest, comerciante de automóveis clássicos e raros, e esteve em exposição no The Quail Lodge em Monterey, durante o Monterey Car Week no passado mês de Agosto.