Mercado • 31 Ago 2021
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Oito automóveis com origens diferentes do que aquilo que pensa
Por vezes um fabricante de automóveis não inicia a sua história pelo automóvel em si, mas sim através de outras indústrias. Este fenómeno ocorreu em vários construtores como a Honda e a Suzuki, que após construírem motas passaram também para os automóveis, ou a Volvo que produzia rolamentos e passou para os automóveis, outras marcas, como a Saab, iniciou-se na aviação e passou para os automóveis. Outros construtores tinham uma indústria completamente diferente e por várias razões iniciara-se na produção de automóveis, como é o caso da Peugeot que começou por fazer moinhos de café.
Certos automóveis, na sua grande maioria protótipos ou de baixa produção, têm origem numa empresa que em nada tem de comum com automóveis. Seguem-se oito casos em que isso acontece e, que muito provavelmente, desconhece.
Bayer-BMW K67 (1967)
O poliuretano é muito utilizado para quem quer uma condução mais desportiva e substituiu os apoios originais dos automóveis, que por norma são de borracha, por elementos em poliuretano. No entanto, nos anos 60, achou-se que o poliuretano poderia ser utilizado para a concepção de carroçarias inteiras, eliminando o risco de corrosão. De forma a experimentar esse material, foi desenvolvido o protótipo BMW K67, elaborado por Hans Gugelot, em conjunto com a Covestro, uma empresa do grupo do gigante de produtos químicos e farmacêuticos Bayer. Estava equipado com o motor de quatro cilindros M10 extraído do BMW 2002ti. O resultado demonstrou que seria muito dispendioso a produção de automóveis em poliuretano.
Ford 021C (1999)
Não é usual os designers de automóveis desenvolverem productos com outras finalidades, que nada têm a ver com os automóveis, sendo raro o oposto. No entanto, a Ford fez esse processo inverso ao responsabilizar Marc Newson, um designer industrial, de desenvolver um protótipo. Apresentando no Salão de Tokyo de 1999, o Ford 021C venceu o prémio de “The Best Concept Car”. O 021C visava dar a conhecer o futuro dos automóveis de pequenas dimensões, tanto é que as suas dimensões eram mais pequenas que as do Ford Ka da época. A sua produção esteve a cargo da Ghia, e Newson trouxe vários elementos da sua área para este protótipo, aliados a várias inspirações da década de 60, como as portas de abertura “suicida” e os bancos que giram para uma melhor entrada dos passageiros da frente. Apesar de não ser conhecida a sua motorização (se é que está equipado com um motor), o 021C foi desenvolvido para ser de tracção frontal e estar equipado com um motor de quatro cilindros opostos.
Jiotto Caspita (1989)
A empresa nipónica de lingerie Wacoal, mais precisamente o seu presidente Yoshikata Tsukamoto, queria um automóvel de Fórmula 1 homolgado para uso em estrada, ao estilo do Yamaha OX99-11. Em colaboração com a Dome Engineering Company, nasceu a Jiotto Incorporated, que produziu o Caspita, um superdesportivo com portas de abertura em “asa de gaivota” e um chassis produzido em fibra de carbono. Os dois modelos produzidos utilizavam motores de Fórmula 1, ainda que com menor potência para ser utilizado na estrada, ambos de doze cilindros opostos de 3,5 litros de cilindrada produzidos pela Motori Moderni, que tinha sido desenvolvido para o projecto de Fórmula 1 da Subaru, mas que nunca se materializou. Os direitos de design foram adquiridos posteriormente pela Koenigsegg para a produção do seu primeiro automóvel.
Lunar Roving Vehicle (1971)
Quando a NASA lançou o projecto para o desenvolvimento de um veículo que fosse capaz de se movimentar na Lua, quatro construtores aceitaram o desafio, sendo eles a Bendix, a Boeing, a Chrysler e a Grumann. Após a revisão dos quatro projectos, a NASA decidiu escolher a Boeing para a construção do veículo lunar, conhecido por LRV, de Lunar Roving Vehicle. No entanto, a Boeing não foi responsável pela sua construção a 100%, pois o departamento Defense Research Laboratories da General Motors também esteve envolvido, para a construção da suspensão, jantes e motores eléctricos. Estes automóveis foram utilizados nas missões Apollo 15, 16 e 17.
Nike One 2022 (2004)
O Nike One 2022 não é um automóvel real, mas foi uma maquete elaborada para o futuro, pedida pela productora do videojogo Gran Turismo, a Polyphony Digital para o seu jogo Gran Turismo 4 lançado em 2004. Foi decido que teria a marca da Nike, a famosa empresa dedicada a equipamento de desporto. Como é um veículo virtual, também tem uma locomoção virtual, não tem depósito de combustível e é locomovido pela força do próprio condutor, que está disposto numa posição idêntica às motos, com um fato próprio que utiliza a sua energia para dar potência aos quatro motores eléctricos através da nanotecnologia, que totalizam 260cv. O desenho esteve a cargo de Phil Frank, conhecido pelo seu trabalho no Saleen S7.
Okamura Mikasa (1957)
A Okamura, uma empresa nipónica conhecida por produzir decorações para casas, teve uma ingressão pelos automóveis no final da década de 50. Após a Segunda Guerra Mundial, surgiu a ideia de produzir motorizadas, mas a ideia acabou por ir mais longe e terminou na produção de automóveis, inspirados no Citroën 2CV, surgindo assim a gama Mikasa. O modelo vinha equipado com um motor de dois cilindros a quatro tempos e 585cc da produção própria, assim como a sua caixa automática AK-4. Ao todo terão sido produzidos apenas 500 unidades, pois a Okamura não tinha o poder económico necessário para desenvolver os seus automóveis.
Sinclair C5 (1985)
O Sinclair C5 não é bem um automóvel, sendo que o seu criador, Clive Sinclair, o descrevia como um veículo. Clive é mais conhecido pela criação dos computadores domésticos, os ZX80, ZX81, Spectrum e QL, mas sempre teve bastante interessado em automóveis eléctricos. Decidiu criar o Sinclair C5, um veículo que mistura a concepção de uma bicicleta e de um automóvel. O chassis foi desenvolvido pela Lotus e a sua produção foi elaborada pela Hoover, uma marca de aspiradores.
Vespa 400 (1957)
Várias marcas de automóveis lançaram-se nas motorizadas e, posteriormente, iniciaram a construção de automóveis, ainda que com mecânicas idênticas, principalmente no pós-Segunda Guerra Mundial. Para a Piaggio, fazia bastante sentido lançar um automóvel com base na Vespa, nascendo assim o Vespa 400, produzido em França.
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