Clássicos • 15 Set 2020
O Bugatti 35B Grand Prix do Museu do Caramulo no Circuito de Zolder
Por António Almeida
O automóvel de hoje praticamente dispensa apresentação. O Type 35 é o automóvel de corrida nascido em Molsheim com maior número de troféus. Mais de duas mil vitórias cunharam Bugatti como sinónimo de excelência na competição, marcando os era como sua era dourada. Não é por acaso que quando se pede a alguém para descrever um Bugatti, nove em cada dez vezes, a descrição resulta num automóvel de corrida azul, com um radiador em forma de ferradura e cauda em bico.
O seu sucesso em pista deve-se em grande parte aos avanços tecnológicos implementados no projecto. Naquela altura já contava com uma carroçaria e jantes construídas em alumínio, um eixo dianteiro de uma só peça e oco na parte central. Tudo isto contribuía para um peso reduzido. O chassis tinha uma curvatura perfeitamente ajustada à carroçaria e um motor de 8 cilindros em linha com cerca de 90 cv escondem-se debaixo dos painéis de alumínio.
Tipo 35B foi a última iteração do Type 35. Lançado em 1927, utilizava o motor de 2.3 litros do Type 35T com a adição de um compressor Roots. Essas alterações empurraram a potência para os 138cv, apenas 45 exemplares do modelo foram construídos. Entre os seus triunfos, o Type 35B venceu o Grande Prémio do Mónaco e o Targa Florio duas vezes respectivamente. Um exemplar único, pintado de british racing green (verde inglês), venceu o GP da França em Le Mans sob o comando de William Grover-Williams.
O exemplar pertencente ao Museu do Caramulo, foi sempre nacional. Encomendado por Henrique Leherfeld, foi entregue em Julho de 1930 e venceu sua primeira corrida no dia 4 de Agosto, no Quilómetro de Arranque de Setúbal conduzido por Leherfeld. No mesmo ano, venceu também o Quilometro Lançado do Mindelo estabelecendo uma estonteante velocidade média de 194 km/h.
Leherfeld continuou a competir com o 35B, em 1931 ficaram em terceiro lugar, Rampa de Rebassada, em Barcelona, no quinto lugar no GP de La Baule em França. Em 1933, de regresso a Portugal, alcançou o 2º lugar tanto no Circuito do Campo Grande como no Circuito da Boavista, concluindo o ano com uma vitória na “Rampa do Cabo da Roca”.
Após uma pitada de persuasão, Leherfeld permitiu que António Guedes Herédia assumisse o comando do 35B no Circuito de Vila Real, essa decisão acrescentou mais uma vitória no currículo do automóvel. Após a conquista de várias corridas portuguesas e europeias, em 1936 Leherfeld e o Bugatti rumaram em direcção ao novo mundo, conduzindo o seu Bugatti até ao segundo lugar no Circuito da Gávea no Brasil. Em 1937, o 6º lugar no Circuito de Vila Real foi o último resultado obtido numa corrida relevante, após uma longa carreira cheia de troféus.
Em 1956, foi adquirido por João de Lacerda, tornando-o parte da colecção permanente do Museu do Caramulo. Até aos dias de hoje, o 35B tem sido utilizado com bastante frequência, tanto em Portugal como no estrangeiro, visto que este é um dos Bugatti mais originais em existência.
Embora seja um Bugatti bastante especial, não é o único de seu tipo no museu, existe também uma versão infantil. É chamado de Bugatti Baby ou Baby 52. Originalmente construído em 1927 para Roland Bugatti, o filho de cinco anos de Ettore, é uma replica à escala de 1:2. É movido por um motor eléctrico alimentado por uma bateria de 12 volts, dependendo do tamanho do passageiro pode atingir 20 km/h. Aquando o seu lançamento era vendido por cinco mil francos, apenas 100 foram construídas e quatro unidades chegaram a Portugal.
O museu orgulha-se do facto que estes automóveis não são simplesmente peças de museu, mas sim utilizados como os seus criadores o pretendiam. Todos os seus veículos são conduzidos, participam em exposições e até figuram em algumas competições. Poderá ver alguns deles em acção no Caramulo Motorfestival em Setembro, incluindo o Bugatti Type 35B.
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