As duas rodas da Scuderia Ferrari

Arquivos 22 Jun 2024

As duas rodas da Scuderia Ferrari

Quando se pensa na Ferrari, os motociclos não são a primeira coisa que vêm à cabeça. Mas, na história da Scuderia Ferrari e do próprio Enzo Ferrari, eles estão presentes, já que ele era motociclista e chegou a competir com motos nos primeiros tempos da formação da Scuderia.

 

Enzo adquiriu a sua primeira mota, uma Henderson, após a Primeira Guerra Mundial, quando trabalhava para a CMN, uma empresa que se dedicava a transformar veículos militares em automóveis civis. Na CMN desenvolveu a paixão pela competição, já que era ele que testava os automóveis. Em 1919 começou a competir em provas, como a Targa Florio, quando a Alfa Romeo o contratou para ser piloto oficial da marca. No entanto, ele não queria competir ao mais alto nível, estando mais interessado em gerir o seu concessionário da Alfa Romeo, em Modena e na sua nova família, fazendo, ainda assim, algumas corridas mais pequenas.

 

Em 1929 Enzo cria a Scuderia Ferrari, utilizando os Alfa Romeo de competição, numa altura em que a marca italiana se tinha retirado temporariamente da competição. Os pilotos continuavam a ter o apoio da fábrica e os patrocínios da Pirelli, Shell e Bosch. Tazio Nuvolari era um dos pilotos da equipa e ele próprio também era motociclista tendo, inclusive, competido pela Bianchi com bastante sucesso. Desde 1925 até 1930 Nuvolari competiu em motos e automóveis, altura em que se concentrou apenas na competição automóvel. Nuvolari é dos poucos pilotos que foi vencedor em provas de duas e quatro rodas.

 

A partir de 1932, a Scuderia Ferrari, uma equipa de grande sucesso, criou um departamento de competição para motociclos, fornecendo a assistência completa aos pilotos. Enzo achava que o motociclismo era a melhor forma de treinar pilotos de automóveis, já que os seus dois pilotos Tazio Nuvolari e Achille Varzi foram campeões nas motos, antes de se mudarem para os automóveis.

 

 

A Scuderia Moto, nome dado à equipa, adquiriu duas das melhores motos de competição disponíveis no mercado, uma Norton Internacional e uma Rudge TT Replica. Ambas as marcas, estavam a conseguir bastante sucesso, por toda a Europa. A Norton prosseguia o caminho de 30 anos de várias vitórias e a Rudge estava no pico de sucesso da sua carreira desportiva, nas 350 e 500 cc. Como curiosidade, os Alfa Romeo utilizavam rodas idênticas às das motos Rudge-Whitworth, isto porque, a fabricante inglesa inventou um sistema de montagem da roda muito eficaz e de troca rápida, o que beneficiava o uso destas em competição. Em 1922, Carlo Borrani comprou a licença para produzir estas jantes em Milão e muitos automóveis de competição utilizaram este tipo de jantes, como a Alfa Romeo, Mercedes-Benz, Auto Union, Lancia, entre outros.

 

O uso de motos inglesas numa equipa italiana gerou muita polémica no seio dos media e da população em geral, porque achavam que as motos italianas eram as melhores. E não estavam enganados, tanto a Moto Guzzi, como a Gilera e a Benelli fabricavam as motos mais avançadas de competição nos anos 30. Utilizavam motores de quatro cilindros com dupla árvore de cames à cabeça, motores com compressores, entre outras inovações.

 

Enzo Ferrari estava acostumado a vencer corridas e a sua equipa de motos precisava de ganhar. Enzo era bastante patriótico e, de facto, tentou arranjar maneira de competir com motos italianas. Modena, era também a casa da fabricante de motos Mignon, com o talentoso engenheiro Vittorio Guerzoni à frente da empresa. Em 1931, a Mignon estava a desenvolver um motor de competição de um cilindro e dupla árvore de cames à cabeça, mas não era tão competitiva como as máquinas inglesas. Nesse mesmo ano, Ferrari falou com Guerzoni, com a ideia de produzir um novo motor para as motos da Scuderia. Uma das Norton Internacional foi desmantelada e, Guerzoni e Vittorio Bellentani (este último desenvolveu em 1940 o primeiro Ferrari de competição), alteraram o motor, mas não era tão competitiva quanto as Norton e o projecto foi abandonado.

 

 

Pouco tempo após a fundação, o departamento de motos igualou o sucesso dos automóveis da Scuderia. Giordano Aldrighetti teve bastante sucesso, em 1932, ganhando quase todas as provas de 250 e 350 cc. Em 1933, a Ferrari subiu de escalão, para as competições de 500 cc, com igual sucesso. Aldo Pigorini ganhou o campeonato de 1934 para as 350 cc, Mario Ghersi e Piero Taruffi também tiveram bastante sucesso em provas internacionais. A Scuderia Ferrari foi até aos 50 a única grande equipa privada do motociclismo mundial.

 

Após construir os seus próprios automóveis, Enzo Ferrari pouco ou nada falava ou escrevia sobre a sua equipa de motociclismo e, por esse motivo, existe pouca informação fidedigna sobre esta equipa. Como facto, todas as motos da Scuderia Ferrari, utilizavam o Cavallino Rampante no guarda-lamas dianteiro.

 

1-Scuderia-Ferrari-Motorcycles-The-Vintagent-Team
5-Scuderia-Ferrari-Motorcycles-The-Vintagent-Rudge-Team
8-Scuderia-Ferrari-Motorcycles-The-Vintagent-Warehouse
11-Scuderia-Ferrari-Motorcycles-The-Vintagent-Rudges
12-Scuderia-Ferrari-Motorcycles-The-Vintagent-Victory
15-Scuderia-Ferrari-Motorcycles-The-Vintagent-1932-Team
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