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Subaru SVX, o automóvel que marcou a entrada no segmento de luxo da marca das estrelas
Por Tiago Nova
Os anos 90 assistiram a um confronto entre os construtores nipónicos, onde aplicavam a mais alta tecnologia nos seus automóveis desportivos, nascendo assim automóveis icónicos, como o Nissan Skyline GT-R, o Toyota Supra, o Mazda RX-7 e o Honda NSX, só para enumerar alguns.
No entanto, existe um automóvel um pouco esquecido na história vindo da marca das estrelas. A Subaru não poderia ficar de fora desse confronto e daí resultou o Alcyone SVX, conhecido fora do Japão apenas por SVX, sendo o seu primeiro automóvel de topo, tanto no luxo, como nas performances. O nome Alcyone provém da estrela mais brilhante da constelação de Plêiades, de onde é inspirado o símbolo da Subaru. Já o SVX é o acrónimo de Subaru Vehicle X.
Apresentado pela primeira vez como protótipo no Salão Automóvel de Tokyo de 1989, o seu design foi elaborado por Giorgetto Giugiaro, na Italdesign, inspirado na aviação. Seria lançado em 1991, mantendo praticamente intacto o desenho do protótipo, principalmente as janelas laterais de vidro sob vidro, adaptado da anterior geração do Alcyone, com uma extensão adicional de vidro cobrindo os pilares, tudo para melhorar a aerodinâmica. O desenho das janelas fazia com que apenas uma pequena parte abrisse, tornando-se o símbolo icónico do modelo, tal como acontece com o Lamborghini Countach e o DeLorean DMC-12. O coeficiente aerodinâmico do SVX é extraordinário, com apenas 0.29 ou 0.285 para os automóveis destinados à Europa.
Apenas um motor estava disponível, o EG33, um motor boxer de seis cilindros com 3,3 litros de cilindrada, sendo este o maior motor produzido pela Subaru na época, que no fundo era uma variante do motor EJ22 de quatro cilindros que equipava os Impreza. O EG33 tem duas árvores de cames em cada cabeça e quatro válvulas por cilindro, uma taxa de compressão de 10.1:1, desenvolvendo 231cv às 5400 rotações por minuto e 309 Nm de binário às 4400 rotações por minuto. A alimentação de combustível é efectuada através de injectores de dois sprays por cilindro. A velocidade máxima do SVX é de 248km/h até 1994, pois nessa altura passou para os 230km/h devido à adição de um limitador e atinge os 100km/h em cerca de 7,6 segundos. Devido a todo o equipamento e tecnologia empregue, o SVX tem um peso na ordem dos 1600kg.
Acoplado ao motor, estava disponível apenas uma caixa automática 4EAT de quatro velocidades, pois a Subaru não tinha uma caixa manual que aguentasse a potência e binário do motor EG33. A potência é enviada para as quatro rodas, através de dois sistemas de tracção integral. O ACT-4 é um sistema electrónico que varia a potência enviada para as rodas traseiras, dependendo das condições e era aplicado nos automóveis destinados aos EUA, Canadá, França, Alemanha e Suíça. O outro sistema, mais avançado, é designado de VTD e foi aplicado nos automóveis vendidos no Japão, Reino Unido, Suécia, Espanha Austrália, Áustria e Brasil, que utiliza um diferencial central planetário, enviando sempre potência para as rodas traseiras no mínimo de 50%. Vários problemas ocorreram nos sistemas de transmissão, fazendo com que a Subaru alterasse alguns componentes em 1993 e em 1994. Ainda assim, vários proprietários optaram por adaptar as caixas manuais dos Impreza, no SVX.
No Japão existia ainda a versão Alcyone SVX-L que adicionava um sistema de quatro rodas direcionais, vendido em 1991 e 1992, com apenas 1905 exemplares construídos. Nos EUA, chegou a ser vendido uma versão com apenas tracção frontal, em 1994 e 1995, mas a procura foi tão baixa que poucos exemplares existem.
No mercado interno nipónico, onde foram vendidos 5884 unidades, os Alcyone SVX com sistema de climatização de touchscreen, interior em pele, bancos frontais eléctricos e aquecidos, rádio Panasonic de CD, comando à distância com entrada mãos livres e, em alguns dos últimos exemplares, poderiam vir equipados com as jantes de 16” da BBS. Existiu ainda uma versão com o motor de 250cv, vendido somente no Japão.
Em Dezembro de 1996 a produção terminou, sem haver um sucessor directo à vista, com um total de 24.379 unidades produzidas, com cerca de 7 mil desses de volante à direita. Em toda a Europa foram vendidos apenas 2478 exemplares.
Segundo consta, a Subaru perdeu dinheiro em todos os modelos vendidos, tudo porque os anos 90, tal como foi dito na introdução, foram bastante competitivos entre os construtores nipónicos e se o SVX oferecia algo de diferente, é certo que quando comparado com os seus rivais, as performances ficavam bastante aquém, apesar de o seu foco ser mais um GT para percorrer longas distâncias, do que um desportivo puro para ser conduzido em estrada sinuosas.