Arquivos • 11 Mai 2024

Este é possivelmente o Ford Anglia mais extremo do mundo

O Ford Anglia foi um automóvel de sucesso da Ford, concebido pela Ford UK, durante quatro gerações, de 1939 a 1967, sendo também ele o antecessor de outro modelo de sucesso, o Ford Escort. Em 1959 é lançada a última geração do Anglia, conhecida pelo código 105E, com um design inspirado nos automóveis americanos.

O motor adoptado pelo Anglia 105E era o novo motor conhecido por Kent, de quatro cilindros, 997cc de cilindrada e válvulas à cabeça. Em Setembro de 1962 é lançado o Anglia Super, com o código 123E, equipado com um motor Kent maior, de 1.198cc de cilindrada, no entanto, as performances continuaram a não ser o ponto forte do Anglia.

Contrariamente, o Ford Anglia deste artigo é bastante diferente dos seus homólogos tradicionais, não só no aspecto, mas em todos os materiais e componentes colocados nele, ainda que, as únicas peças originais neste exemplar são o tejadilho e os pilares.

Este Anglia de Leif Frykas, está carregado de histórias. Os seus pais adquiram-no na década de 60, passando-o para Leif em 1964, quando este começou a conduzir. Quando Leif decidiu iniciar-se nos desportos motorizados, o Anglia serviu de base perfeita para tal, pois é pequeno, leve e tem tracção traseira, mantendo ainda o pequeno motor de 1,0L, com a cabeça trabalhada e colectores modificados.

Durante os anos 70 e 80, o Anglia continuou a ser melhorado, até que foi montado um motor Volvo, na altura em que Leif foi trabalhar para o departamento de competição da marca sueca, ajudando no desenvolvimento dos Volvo 240 Turbo de Grupo A. Primeiro recebeu um motor B20 de 2 litros de cilindrada e, posteriormente, um B21 de 2,1 litros, ambos naturalmente aspirados.

A maior alteração ocorreu em 1986, quando Leif decidiu desmontar por completo o Anglia, e iniciar a sua construção à volta de um chassis tubular, sendo esse trabalho terminado em 1989. Em 2009, Leif passou o seu Anglia para o filho Kjell, para assim ele prosseguir o projecto. Exteriormente tem uma carroçaria construída em materiais compósitos, à excepção do tejadilho, com um spoiler traseiro construído em TeXtreme, o mesmo material utilizado na Fórmula 1.

O motor que equipa agora o Anglia é um Volvo B230 de quatro cilindros em linha, alargado para os 2,5 litros de cilindrada, com pistões e cambota Volvo Penta, utilizados nos motores marítimos, um compressor Vortech V5 e uma cabeça de motor construída totalmente de raíz. A potência é enviada paro o diferencial traseiro da Winters Performance, com autoblocante Detroit através de uma caixa de seis velocidades sequenciais.

Além da Volvo, este Anglia tem ainda várias peças de outros automóveis, como a caixa de direcção ZF extraída de um Alfa Romeo e com o sistema de direcção assistida eléctrica de um Porsche 911 997 Carrera Cup. Na frente, recebeu uma geometria de suspensão idêntica à utilizada pela TWR na TOCA e na traseira tem suspensão four-link com amortecedores extraídos de um BMW 318i E36 que competiu no JTCC. A travagem está a cargo de discos provenientes de um Audi de 310mm na traseira e na frente tem discos de 348mm com pinças de seis pistões da AP.

O interior foi despido de tudo o que não é necessário, estando apenas o volante Personal, os cintos da Sparco, painel de instrumentos da Stack e a backet produzida especificamente para este automóvel.

No meu entender, se não é o mais extremo, não ficará muito longe de ser o Anglia mais extremo em existentência – perfeito, assim, para uma viagem literalmente ainda mais estonteante a caminho de Hogwarts .