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A origem da bandeira de xadrez
A paixão automóvel move fronteiras, une continentes e elimina preconceitos. Diz-se que a primeira corrida de automóveis surgiu logo após a construção do segundo automóvel! Desde os primórdios da história automobilística que a competição está enraizada bem no seio daqueles que correm, desfrutam, ou simplesmente amam aos automóveis e tudo o que lhe diz respeito.
No início do século XX, os automóveis eram uma demonstração de poder e charme. Isso não impedia que os grandes e pesados automóveis construídos ainda como coches fossem usados como meio de diversão. Conta-se que os grandes capitalistas americanos se juntavam na costa Este, onde detinham as suas casas de férias, para correr na praia, sítio aparentemente desimpedido e propício para estes automóveis primitivos desenvolvessem as suas capacidades. Foi neste início de século que nessas mesmas praias foram estabelecidos os primeiros recordes de velocidade.
Já nessa altura, algo de muito especial e cheio de simbolismo se apresentava perante as multidões. Pois é, provavelmente, poucos de indagaram sobre a origem da bandeira dos quadradinhos, ou checkered flag. Aparentemente, tomámos como adquirido este símbolo da vitoria para uns, e fim da partida para outros.
Há diversas teorias sobre a origem desta bandeira, que não conhece nações nem raças. Curiosamente, as várias teorias surgem dos mais variados cantos do mundo, reforçando a ideia de um símbolo universal e amplamente aceite.
Associada às corridas e à performance do desporto motorizado, a checkered flag simboliza a completação da corrida.
Em 2006, Fred Egloff, um entusiasta automóvel escreveu um livro de trinta e seis páginas, onde defende uma teoria que a origem da bandeira dos quadradinhos foi originária das corridas de cavalos na segunda metade do século XIX. Enquanto os homens corriam entre si, as mulheres tradicionalmente se ocupavam de confeccionar a refeição, finda a corrida. Defende o autor, que, quando o banquete estivesse pronto, as mulheres sacudiriam os tecidos quadriculados que também serviam de toalha. Este gesto significaria o términos das corridas/actividades e inicio do banquete.
Esta teoria é discutível, e Marshall no seu livro dedicado a todas as bandeiras do mundo, publicado em 2017, descarta esta visão indicando que não existem dados fidedignos que permitam tirar estas ilações.
Bem, se houvessem dados, não seria uma lenda/mito, e provavelmente não teria metade do romantismo e mística que esta história da toalha de mesa muito humildemente detém. Pessoalmente, mesmo sem dados concretos, agrada-me esta ideia romantizada da hora da refeição, e provavelmente Fred Egloff contribuiu não só para dar um sentido à história, mas contribuiu também para que mais autores se debruçassem sobre o tema.
Ninguém sabe a origem deste elemento, tão familiar para a sociedade em geral! Mas ele sempre esteve lá! Foi a constante, foi o símbolo, foi e é ainda o foco dos corredores! A bandeira quadriculada é o sonho que todos os pilotos têm na noite antes da corrida. O facto é, que a checkered flag é um símbolo do final das competições, e a sua abrangência vai para além dos desportos motorizados. Deste modo, à autores que defendem que a sua origem está nas provas de ciclismo na França, que, no final do século XIX, também usavam uma bandeira semelhante.
O registo fotográfico mais antigo que existe da sua utilização, é precisamente da taça de Vanderbilt, nas praias de Long Island, New York, como podemos ver na imagem datada de 1906.
A ideia do banquete também nos remete-nos ainda para uma utopia romântica de que todos ganham, nem que seja o almoço!
Uma curiosidade muito interessante, é que não existe um regulamento próprio para a bandeira. Assim sendo, o número de quadrados, a forma como é sacudida, a colocação de logótipos para fins publicitários… desde que seja quadriculada!
Ainda sobre a taça de Vanderbilt, facto é, que em 1904 foi utilizada uma bandeira branca para simbolizar o fim da partida. Em 1905 já era vermelha, e em 1906, data da fotografia, era a nossa conhecida e meritória checkered flag.
Sendo originária de corridas de cavalos, bicicletas ou mesmo de automóvel, neste momento os pilotos não têm uma mesa cheia de iguarias, ganham uma enorme garrafa de champanhe, e com sorte, uma molha!