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Chevrolet CERV-I, quando o “pai” do Corvette decidiu desenvolver um Fórmula 1
Por Tiago Nova
Os Chevrolet CERV, acrónimo de Chevrolet Engineering Research Vehicle, foram um conjunto de automóveis protótipos, construídos para testar certas funcionalidades em automóveis destinados à competição, principalmente, para automóveis desportivos, sendo que nenhum passou para a produção ou chegou a competir.
O primeiro destes protótipos foi o CERV-I. O projecto foi iniciado em 1959 por Zora Arkus-Duntov, com a ajuda de Harold Krieger e Walt Zetye. Seguindo a mudança de paradigma na Fórmula 1, onde os motores deixaram de estar montados na frente, para passarem a estar localizados na zona central traseira do automóvel. Inicialmente, este projecto ficou conhecido por R Car, sendo que, posteriormente, Zora alterou-o para Hillclimber, já que tencionava bater o recorde em Pikes Peak com ele, e só depois passou a ser o CERV.
Como Zora era piloto este protótipo servia apenas para testar as condições da condução e da maneabilidade do novo carro de Fórmula 1. Mas, ao contrário dos seus homólogos que competiam, este exemplar deixou para trás o motor de quatro cilindros em linha, V8 283 produzido especificamente para este automóvel, de 4,6 litros de cilindrada e 350cv de potência. Acoplado ao motor está uma caixa manual de quatro velocidades, colocada numa posição transaxle e um diferencial Halibrand Quick-Change, idêntico ao utilizado no Corvette SS. A suspensão é independente nas quatro rodas, com triângulos na frente e na traseira um sistema multilink. A travagem é de discos na frente e de tambores na traseira.
O CERV-I seria apresentado no Riverside International Raceway, em Novembro de 1960, aquando da corrida do Campeonato do Mundo de Fórmula 1. Com um peso de apenas 726 quilos pronto a andar, era um automóvel extremamente leve. O chassis era leve e rígido, produzido em aço crómio-molibdénio, com um peso de cerca de 57 quilos. A carroçaria, produzida em fibra de vidro e desenhada por Larry Shinoda, é também bastante leve com 36 quilos. O motor também era bastante leve, com um peso de 159 quilos, pois era todo construído em alumínio, assim como muitos periféricos, além de também utilizar peças em magnésio.
Zora ainda chegou a testar activamente o CERV-I, tanto no Pikes Peak, como em Daytona e Sebring, já com um motor de 6,2 litros de cilindrada e injecção Rochester e, conseguiu ainda, superar os 330km/h de velocidade, na pista oval da GM.
Quando o CERV-II iniciou o seu desenvolvimento, o CERV-I ia ser levado para um sucateiro, para ser destruído. No entanto, Zora falou com o pessoal da GM para o doar à colecção de Briggs Cunningham, sendo assim salvo uma peça única da história da General Motors.
Passou por algumas colecções, até ser levado a leilão, pela Barrett-Jackson, a 22 de Janeiro de 2017, sendo vendido por 1,3 milhões de dólares, cerca de 1,1 milhões de euros. O seu comprador foi de novo a General Motors, estando agora em exposição no Renaissance Center.