Arquivos • 11 Mai 2012
O uso da aerodinâmica nos automóveis teve início quando alguns engenheiros começaram a implementar desenhos inspirados na aviação nos seus veículos, no entanto, a grande maioria deles, era só para efeitos estéticos e que na prática não traziam vantagem nenhuma, no que à aerodinâmica diz respeito.
Os primeiros automóveis com foco na aerodinâmica foram, possivelmente, o Scout Scarab e o Tatra 77, sem esquecer o ALFA 40-60HP Aerodinâmica de 1914. O alemão Karl Schlör, levou a aerodinâmica mais longe, quando começou a desenvolver o seu Schlörwagen nos anos 30, também conhecido por Göttinger Egg ou Pillbug.
Karl era engenheiro no Aerodynamischen Versuchsanstalt, conhecido também como AVA – Instituto de Pesquisa da Aerodinâmica – hoje em dia denominado de Centro Aeroespacial da Alemanha (DLR). Karl tinha dois grandes objectivos, ao desenvolver o seu automóvel, reduzir o consumo de combustível e, ao mesmo tempo, levar uma família completa, com o condutor a conduzir numa posição central.
O desenho de Karl partiu de um perfil de uma asa de avião, fundindo, basicamente, duas asas num desenho fluído em forma de uma gota de água. Karl fez com que o desenho não tivesse nenhuma protuberância e, inclusivamente, as rodas ficavam dentro da carroçaria, com espaço suficiente para as da frente virar.
O Schlörwagen teve por base um chassis de um Mercedes-Benz 170 H, que viu o seu motor a ser montado na traseira com uma carroçaria esculpida em alumínio pela Ludewig Brothers, em Essen. Com a ajuda do túnel de vento e com um coeficiente aerodinâmico de 0.186, o mesmo que o Volkswagen XL1. Mas, além de ser aerodinâmico, era também enorme, com 4,3 metros de comprimento e 2,1 metros de largura e pesava mais 250 quilos que o automóvel que lhe servia de base.
Quando foi terminado, em 1939, o Schlörwagen percorreu a nova autoestrada de Göttingen, em competição com um Mercedes-Benz 170 H. Enquanto o 170 H conseguiu atingir uma velocidade de 105 km/h, o Schlörwagen conseguiu atingir os 136 km/h, ao mesmo tempo que poupou cerca de 30% de combustível.
Após os testes, o automóvel foi apresentado ao público no Salão Automóvel de Berlim de 1939, para espanto de todos os que compareceram no evento. Apesar de toda a euforia em volta do automóvel, este nunca entrou em produção, pois a aerodinâmica tinha um custo muito elevado na segurança, porque além de ser difícil de conduzir, os ventos cruzados poderiam levar o automóvel a capotar.
Com o início da Segunda Guerra Mundial, o desenvolvimento do protótipo parou. Seria visto novamente em 1942, equipado com um motor de avião soviético, com 130cv, para testes. Até Agosto de 1948, o Schlörwagen ficaria nas instalações da AVA, sendo preservado aí, apesar de contar com algumas mazelas e várias peças em falta. Infelizmente, nessa mesma altura, o automóvel seria rebocado pela Administração Militar Britânica e nunca mais foi visto, possivelmente terá sido destruído. Hoje existem apenas os desenhos e o modelo à escala 1:5 utilizado para testes no túnel de vento na época, que estão guardados na DLR.