Arquivos • 19 Jan 2024

O estranho Pontiac Deluxe Six de 1939 com carroçaria em acrílico

O plástico era o material do futuro nos anos 30, quando apareceram os primeiros produtos fabricados em polímero sintético. A indústria automóvel não poderia ficar indiferente a este novo produto e, em 1939, a GM apresentou na exposição New York World’s Fair, o Ghost Pontiac, um automóvel de quatro portas, com a carroçaria totalmente construída em acrílico.

Foi em meados da década de 30 que a Rohm & Haas’ desenvolveu o primeiro vidro seguro para o automóvel, o pára-brisas laminado, com uma pequena película de plástico no meio das duas partes do vidro. Com a produção do vidro laminado, a Rohm & Haas’ descobriu que esse tipo de plástico poderia ser utilizado para a produção de outros produtos, dando o nome de Plexiglas. Para divulgar esse novo material, a empresa decidiu construir um Pontiac muito especial, em conjunto com a General Motors.

Com o New York World’s Fair, todas as marcas americanas estavam a preparar algo para apresentar e a General Motors não foi excepção. A sua exposição Futurama roubou todo o protagonismo às outras marcas, prevendo como seria a mobilidade das cidades em 1960. Além dessa exposição, a GM tinha ainda a Previews of Progress, que mostrava todas as novas tecnologias e a Glass Car—The first full-sized transparent car ever made in America.

O Glass Car era um Pontiac Deluxe Six Series 26 de 1939, com uma carroçaria totalmente transparente, pois todo o metal foi substituído por acrílico. Para dar melhor aspecto à vista, o tablier em metal foi cromado e todas as peças de aço estruturais foram revestidas a cobre. Além disso, todas as borrachas, incluindo os pneus, eram brancas, produzidas pela empresa de pneus U.S. Royal, hoje Uniroyal. O custo de produção do Ghost Pontiac rondou os 25.000 dólares, traduzindo em cerca de 400.000 euros hoje, valor idêntico ao custo de produção de qualquer protótipo.

Este protótipo é totalmente funcional equipado com o motor de seis cilindros em linha, com cabeça em L, de 3,6 litros de cilindrada, produzindo 85 cv. Acoplado ao motor está uma caixa de três velocidades manuais, operadas por uma alavanca na coluna de direcção.

Um segundo Ghost Pontiac, nome dado a este veículo, foi produzido, desta vez com base no Pontiac Torpedo Eight, para a exposição Golden Gate Exposition de 1940, em São Francisco. Após as exposições, ambos os protótipos percorreram vários concessionários, para exposição. Infelizmente, não se sabe o que foi feito ao último Ghost Pontiac, possivelmente terá sido destruído.

Por outro lado, o primeiro Ghost Pontiac ficou em exposição no Smithsonian Institution, em Washington, até 1947, passando pelas mãos de vários concessionários da Pontiac na Pensilvânia, até 1973. Após isso, foi vendido a Don Barlup, que pediu um restauro à S&H Pontiac. Este vendeu-o a Leo Gephart, em 1979, mas, no ínicio dos anos 80 vendeu-o, permanecendo na mesma família até 2011. Nesse ano foi vendido em leilão pela RM Sotheby’s a um coleccionador privado, com apenas 86 milhas, cerca de 140 km, por 308.000 dólares, qualquer coisa como 274.426 euros, não voltando a ser mostrado em público desde então.