Heroínas da nossa História: Margit Engellau

Clássicos 14 Jan 2024

Heroínas da nossa História: Margit Engellau

Em 1956, Gunnar Engellau tornou-se CEO da Volvo, trazendo em si ambições elevadas para a empresa. Entre estas, estava a conquista do mercado norte-americano, com um incremento da oferta de modelos, sempre com um foco fundamental na segurança. Podemos, à luz do nosso tempo, desde já afirmar que foi um objectivo conseguido: de facto, quando Gunnar assumiu a liderança da marca, esta produzia 31 mil automóveis por ano; 205 mil era o número quando deixou o cargo em 1971. Foi, assim, sob a sua liderança que a Volvo se tornou em plenitude um fabricante de automóveis à escala global.

Margit Engellau, esposa de Gunnar, era fisioterapeuta no Hospital Sahlgrenska, em Gotemburgo, e encontrava diariamente pacientes feridos em acidentes de viação – tudo isto, bem antes de o que ficaria conhecido como ‘golpe de chicote’ ser um conceito estabelecido, e antes ainda de as pessoas compreenderem completamente as consequências de uma cabeça ser forçada a deslocar-se de uma posição extrema para outra, em caso de embate.

Diante desta realidade, Margit percebeu que, de forma a proteger melhor os pescoços e as cabeças das pessoas, algo nos automóveis devia ser alterado. Assim, partilhou as suas preocupações com o marido, bem como em eventos sociais que juntavam elementos da Volvo – uma prática comum num tempo em que as ideias empresariais não eram necessariamente cuidadas como se se tratassem eventualmente de um segredo maior.





Agir com base numa observação como esta era algo perfeitamente natural para a Volvo, com a mentalidade de segurança a fazer parte da cultura da empresa desde o início. De facto, já em 1936 os fundadores da Volvo apresentavam no seu manual de vendas uma das suas declarações mais conhecidas: “Um automóvel é conduzido por pessoas. O princípio fundamental para todo o trabalho de construção é e deve ser, portanto, a segurança.”

A marca havia criado, em 1965, o banco Volvo, que possuía em si características únicas (como o apoio lombar e almofadas em espuma de plástico macio desenvolvido com o aconselhamento de médicos especialistas). Com o contributo fundamental de Margit Engellau, a marca sueca deu mais um passo na sua tão natural filosofia, tornando os encostos de cabeça equipamento padrão nos seus automóveis a partir de 1970. Curiosamente, estes eram apenas vendidos anteriormente como um item de conforto opcional, e não como o equipamento de segurança fundamental na prevenção das lesões dos ocupantes.

Margit relembra-nos, desta forma, a importância da observação, da análise e da partilha de ideias aparentemente tão simples nos nossos dias, mas que podem alcançar um contributo global efectivo. Na próxima vez que se sentar no seu automóvel, recorde que o encosto presente no banco foi aí colocado por uma heroína fundamental na história do automóvel, depois de uma saudável conversa ao jantar no final de um dia atento de trabalho.


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