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Mercedes-Benz 190E 2.5-16 Evolution II: A derradeira superberlina
Por José Brito
Existe um certo misticismo em torno dos outrora afamados especiais de homologação. Sabíamos de antemão que perante tal designação estaríamos perante algo especial, de teor quase extraplanetário, material de poster de quarto de adolescente. O Evo II acaba por, com contundência, preencher todos os requisitos supramencionados, de tal forma que até um certo fanático dos seus conterrâneos bávaros conseguiu conquistar.
Foi no passado dia 8 de Março que se cumpriu o 30º aniversário da apresentação do 190E 2.5-16 Evolution II na Salão de Genebra de 1990, aquele que é, invariavelmente, um dos modelos mais icónicos da marca, merecendo a justa homenagem pelo presente artigo. A Mercedes-Benz apresentava um sedan de alta performance a piscar o olho aos requisitos de homologação para entrada nas provas de turismos.
A base para o Evo II foi nada menos que o Mercedes-Benz 190E 2.3-16 lançado em 1984, tendo apenas um ano antes sido lançado o 190E 2.5-16 Evolution, conhecido como Evo I. Com lançamento em 1990 o seu preço situava-se nos 115.000 marcos alemães, cerca de 125.000 euros com conversão, sendo lançadas apenas 502 unidades na cor azul-negro metálico, dando a plena noção de exclusividade, ou não fosse o preço cerca de três vezes superior ao de um exemplar de entrada na gama, o Mercedes-Benz 190E 1.8.
Com uma aerodinâmica mais do que distinta, sobressai a asa traseira de grandes dimensões com um flap retráctil, um spoiler dianteiro ajustável em duas posições longitudinais, cavas das rodas alargadas para albergar jantes de 17 polegadas, uma polegada superiores às do antecessor. O chassis acabaria também por ser enrijecido, com foco adicional nas suspensões, menor distância em solo, e travões Brembo revistos.
A passagem da primeira para a segunda geração do Evolution significaria um incremento de pressão aerodinâmica de 57,1 quilogramas na traseira e 21,2 quilogramas na dianteira. A unidade de propulsão escolhida seria o motor M102 de quatro cilindros, unidade desenvolvida a partir do bloco de motor do Evolution I, projecto levado a cabo por Jorg Abthoff, Director de desenvolvimento avançado de motores, Rudiger Herzog, Dag-Harald Huttebraucker e Rudolf Thom. A aposta recaiu na diminuição do percurso e aumento do diâmetro dos cilindros e na diminuição do peso das bielas e das árvores de cames, o que elevou o valor de corte para as 7.700 rotações por minuto.
Com estas alterações, a potência sofreu um aumento dos 195 cavalos de potência do Evo I para os 235 no Evo II, o que resultava em 7,1 segundos dos 0-100 km/h e numa velocidade máxima de 250 km/h. Na versão para provas de turismo, a potência foi elevada para uns alegados 373 cavalos de potência. Este seria o último motor empregue no DTM com desenvolvimento do departamento de motores da Mercedes, ficando os subsequentes a cargo da AMG.
A estreia da versão de competição do 190E 2.5-16 Evo II teria lugar a 16 de Junho de 1990, no famoso circuito de Nürburgring. Nesse mesmo ano, antes do final da temporada, todas as equipas que competiam com Mercedes-Benz passariam a usar esta versão melhorada, com resultado notáveis. A primeira vitória surgiria a 5 de Agosto de 1990 com Kurt Thiim, ano em que a Mercedes-Benz conseguiria o 3º posto no campeonato com este mesmo piloto, ao que se seguiu o vice-campeonato DTM em 1991 e o titulo de campeão em 1992 com Klaus Ludwig, com outros dois EVO II a ficaram no 2º (Kurt Thiim) e 3º lugares (Bernd Schneider). O domínio do Evo II foi de tal forma pronunciado que em 1992 venceria 15 das 24 provas disputadas. A última participação no campeonato de turismos alemão ocorreria em 1993, de novo com um vice-campeonato desta vez aos comandos de Roland Asch, na designada era de ouro dos turismos Alemães, em que o Evo II partilhou os circuitos com o Audi V8 Quattro, o BMW M3 Sport Evolution, o Opel Omega 3000 e o Alfa Romeo 155 V6 Ti.