Arquivos • 14 Jun 2022
Depois do Djet, M530 e Bagheera a Matra criou o Murena. Na senda dos modelos anteriores, este desportivo foi criado para acompanhar a irreverência dos anos 80.
À primeira passagem o Murena despertava as atenções ao confundir-se com os desportivos italianos, sobretudo se fosse colorido de vermelho vivo. Com um chassis de aço galvanizado e a restante estrutura construída com painéis em fibra, exibia linhas rectas e agressivas, num misto de jovialidade e amadurecimento dos projectos anteriores. O Murena tinha a particularidade de ter apenas três lugares.
O seu motor com uma cilindrada 1.593cc e 92cv, foi montado um pouco à frente do eixo traseiro em posição transversal, com um comando de válvulas no bloco e um carburador de corpo duplo da marca Weber. O Murena atingia velocidade máxima de 182 km/h e acelerava de 0 a 100 km/h em 11,2 segundos. O painel bem-equipado para a época e o volante tinham ar vanguardista, mas o destaque do interior eram os três bancos lado a lado, sendo que o central podia transformar-se num apoio de braço.
Mais interessante e um pouco mais cara era a versão 2.2. Com 2.155cc, tinha comando de válvulas no cabeçote e uma potência de 118cv. Também era alimentado por um carburador de corpo duplo, só que da marca Solex e em posição invertida. Também com cinco marchas a versão 2.2 era bem mais rápido: fazia de 0 a 100 km/h em 9,6 segundos e atingia os 195 km/h. A suspensão dianteira tinha barras de torção longitudinais, e a traseira, molas helicoidais. Ambas independentes com braços triangulares e estabilizadores, equilibravam conforto, estabilidade, agilidade e segurança.
Em 1983 chegava uma versão mais apurada, o Murena S. Com a mesma cilindrada de 2,2 litros a potência subia para 142cv a 6.000 rotações por minuto, a velocidade final passava a 210 km/h e atingia os 100 km/h em apenas 8,4 segundos. Antes oferecido como kit, o motor 2,2 litros de 142 cv tornava-se opção de fábrica no Murena S, em 1983, mas a Matra já estava em dificuldades e o modelo logo sairia de produção.
A situação financeira não era favorável e o Murena deixou de ser produzido ainda em 1983, após 10.680 unidades produzidas. O Murena foi o último modelo desportivo a ser produzido, culminando uma série de projectos muito interessantes e originais.
Fica-nos na memória pelo “look” ousado e evolução estrutural, onde a leveza de materiais nunca comprometeu a estabilidade e a segurança.