Randy Regier: A arte da memória dos sonhos futuros

LifeStyle 21 Out 2023

Randy Regier: A arte da memória dos sonhos futuros

Randy Regier nasceu em Omaha, no Nebraska (EUA), em 1964, uma pequena cidade do centro-oeste americano, com raízes profundamente ligadas ao meio rural. Longe do que seria a imagem de um americano ‘habitual’, o pai de Randy conduzia na altura um Volvo PV 544, o automóvel que seria o primeiro catalisador das suas memórias ligadas a este universo.

Em 1967, a família mudar-se-ia para Espanha e seria aí que Randy receberia do pai uma mão-cheia de brinquedos, como um Shuco F1 e um Corgi Mini Cooper comprados em Andorra. Seria 1969 o ano do regresso aos EUA, mais precisamente à cidade de Newton, no Kansas, onde Randy recebeu o seu primeiro Hot Wheels: um modelo King Kuda. “Depois da nossa passagem por Espanha e da alunagem dos Estados Unidos em 1969, foram tempos incríveis para um jovem, com uma imensa estimulação visual e nacional. Mas, naqueles anos, o visual também era feito através de um objecto – normalmente um carro, um avião ou um brinquedo dessas coisas – e foi assim que eu e outros da minha geração aprendemos a sonhar e a desejar aquilo que, enquanto crianças, ainda não podíamos ter na realidade – tal como um adulto.”

Aos 13 anos, Randy compraria o seu primeiro automóvel: um Volvo, claro, de 1964. O fascínio pelos automóveis levá-lo-ia a que viesse progressivamente a decidir que o sonho de uma vida ligada à terra, tal como o seu pai, não seria para si. É desta forma que, enquanto se tornava num jovem adulto, optou “por trabalhar na indústria da pintura automóvel e da reparação de automóveis, pois pensava (na altura) que era o mais próximo que podia chegar dos tipos de carros antigos e exóticos de que tinha aprendido a gostar tanto.”

Assim se abriam os horizontes para o caminho que o traria até aos dias de hoje: “depois de alguns anos como reparador de automóveis e pintor, decidi finalmente, por incentivo da minha mulher, frequentar uma universidade para tentar encontrar o que faltava na minha vida. Estudei Arte e foi imensamente excitante, senti-me novo de novo. Quando comecei a fazer ‘Arte’ como estudante universitário (mas agora com 35 anos e com dois filhos pequenos) comecei a sentir, pela primeira vez desde criança, a capacidade de ter (ou fazer) objectos que apontam para sonhos e visões futuras. O caminho da Arte deu-me permissão para usar todas as minhas capacidades, mas para as usar para fazer trabalhos, e especialmente objectos sobre o significado das coisas. Todas as obras de arte que fiz e continuo a fazer têm a ver com o que escrevi: todos os meus “brinquedos” têm a ver com sonhos, visões, desejos, amor e perda. Todos os meus brinquedos são sobre memória, sobre promessas, sobre cor e forma e velocidade e voo.”

A obra artística de Randy Regier, que hoje apresentamos, é “sobre tudo o que já experimentei e espero experimentar ainda, para o bem e para o mal, durante toda a vida.” Ecoa, assim, num caminho de descoberta viva e constante que faz lembrar a visão de Albert Camus, em que “o trabalho de um homem não é senão esta lenta caminhada para redescobrir, através dos desvios da Arte, essas duas ou três grandes e simples imagens em cuja presença o seu coração se abriu pela primeira vez”.

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