Clássicos • 07 Mai 2014
Ninguém escapa ao seu destino. O meu, para o bem ou para o mal, desde cedo estava ligado ao mundo dos automóveis – embora eu não soubesse. Desde sempre estive envolvido com o universo das artes. Histórias em quadrinhos, desenho, pintura, charge, teatro, cinema, literatura… Depois, o jornalismo como ganha-pão. Mas, correndo pelos subterrâneos de todas essas atividades sem dúvida atraentes, a paixão pelos automóveis, que começou na infância, com carrinhos Matchbox (que coleciono hoje em dia) e álbuns de figurinhas, e jamais me abandonou.
A ligação com os veículos automotores por certo estava no meu sangue. Meu avô paterno tivera uma pequena fábrica de carrocerias de ônibus nos anos 1940. O jovem Demétrio Guarnier – que não era rico – sempre tinha em sua garagem os melhores automóveis de sua época. Como bom descendente de italianos, amava as “macchine”. Meu avô morreu muito cedo, com pouco mais de 40 anos. Meu pai se associou a uma empresa de ônibus, em que era executivo, motorista, cobrador e mecânico. Depois, vendeu sua parte na empresa e trabalhou, até sua aposentadoria, como vendedor de autopeças, automóveis, tratores e, por fim, caminhões.
Com esse histórico familiar, era inevitável que eu seguisse alguma atividade neste ramo. Mas minha vida tomou outro rumo. Após um irreconciliável desencanto com as artes plásticas e com o cinema, vivi por quase quatro décadas do jornalismo especializado em agronegócio e vinhos. Mas sempre, de uma maneira ou de outra, envolvido com os carros. Principalmente com os clássicos – paixão infantil que se fortaleceu na maturidade. Resgatei e restaurei vários carros antigos.
De uns anos para cá, tenho me dedicado a escrever sobre o assunto, já tendo publicado três livros, em parceria com o advogado e fotógrafo Eduardo Scaravaglione: “Ferrugem no Sangue”, “Ferrugem no Sangue II” e “Paixão Sobre Rodas”. Há um terceiro “Ferrugem…” a caminho. Também escrevo regularmente para este site sobre o antigomobilismo no Brasil, onde vivo. Público muita coisa sobre automóveis no perfil “Ferrugem no Sangue”, nas redes sociais. E gravo vídeos para o canal Ferrugem no Sangue no YouTube. De certo modo, me rendi ao meu destino. Em algum ponto do roteiro da minha vida estava escrito que assim deveria ser.