Lamborghini Jarama 400 GTS: O carro do patrão

Clássicos 15 Set 2023

Lamborghini Jarama 400 GTS: O carro do patrão

Por Hugo Reis

O Jarama nasceu na linha de sucessão do 350 GT, que sendo o primeiro Lamborghini, representava o tipo de automóvel em que Ferruccio queria apostar. O 350 evoluiu para o 400 GT 2+2 que seria substituído em 1968 pelo Islero. Com o fim da Touring, o desenho e construção do Islero seriam entregues à Carrozzeria Marazzi e dessa escolha resultaram queixas quanto à qualidade de construção como do design.

O insucesso comercial apressou a substituição do modelo ao fim de apenas dois anos. A Bertone seria responsável pelo design e pelo fabrico dos componentes da carroçaria do Jarama 400 GT. Como a Bertone já produzia o Espada, isso simplificava algumas sinergias, nomeadamente a utilização da plataforma do Espada, encurtada. No entanto, por questões económicas e logísticas, a montagem do modelo seria feita na Marazzi, que por ser uma empresa jovem e ainda mal equipada, usava métodos de construção menos elaborados, o que explica o facto do Jarama ser quase tão pesado como o Espada, que era bem maior.

Gandini foi o autor das linhas do Jarama e, como sempre, foi muito arrojado e provocador na sua criação. O Lamborghini é quase um “decalque” do Iso Lele, mas ainda menos consensual. É agressivo, sem ser elegante, com um “nariz” pesado e uma frente longa, o que combinado com a traseira “fastback”, resulta num perfil algo desproporcionado.


O habitáculo não acompanhava o tom futurista do exterior e a ergonomia deixava muito a desejar. Por isso, ao fim de 177 unidades, o modelo foi actualizado, adoptando o nome Jarama 400 GTS. Recebia a mesma actualização mecânica do Espada, subindo dos 350 para os 365cv. O S distingue-se pela entrada de ar no capot e grelhas de ventilação nos guarda-lamas, assim como novos para-choques. A direcção assistida era agora equipamento de série.

O mal estava feito e a reputação do Jarama saía beliscada dos erros cometidos na versão original, mas a imprensa foi quase unânime nos elogios ao Jarama S, pela rara combinação de conforto com um comportamento dinâmico.

Fosse um esforço de compensação, ou uma opinião genuína, é sabido que Ferruccio dizia que o Jarama era o seu Lamborghini preferido e aquele que usava diariamente. Segundo o próprio, a preferência explicava-se por ser um modelo mais desportivo do que um Espada, mas mais utilizável do que um Miura.

O Jarama seria o último Lamborghini de motor longitudinal dianteiro até ao recente lançamento do Urus.

Este automóvel pode ser visto na exposição “Lamborghini: 60 anos a cortar o vento“, patente no Museu do Caramulo, podendo ser visitada já só até ao próximo dia 17 de Setembro, todos os dias, entre as 10:00 e 18:00.

Fotografias: Joel Araújo e Jornal dos Clássicos.



Classificados

Deixe um comentário

Please Login to comment

Siga-nos nas Redes Sociais

FacebookInstagramYoutube