Arquivos • 03 Jul 2021

Todos nós acabamos por ter uma relação especial com um determinado número. O mais habitual será, talvez, a ligação que temos com o que corresponde à nossa data de nascimento. Não obstante, a Vida vai-nos colocando perante outras vivências, experiências e acontecimentos que nos levam a despertar para o sentido de outros números, absorvendo-os e tomando parte neles.
No que toca aos desportos motorizados, existem os que se apegam de tal forma aos nossos heróis que se tornam deles sinónimos. Toda a gente saberá quem será sempre o 46 nas duas rodas; toda a gente sabe quem é o “red five”, mágico de bigode ali nos anos noventa que mais tarde, curiosamente, veria o seu mesmo 5 vermelho ser comprado por um 5 alemão mais recente. Continuando mais um pouco, o que dizer então do 44 e do 33 que agora anda justamente camuflado com o 1?
Hoje é Domingo, dia 27, e este é um dos números que apetece escrever por extenso: vinte e sete. Ao pensar nele, sobre um fundo vermelho de paixão e de perigo, vem à memória a arte da coragem e da ousadia de mãos dadas com a sensibilidade e a fina astúcia de quem desenha e faz acontecer o seu caminho. Vem à memória uma imagem de duas faces complementares fundidas numa só: ao volante, o rosto compenetrado numa concentração maior; fora dele, o sorriso terno de quem vive a paixão de uma vida junto dos seus.

Falamos, claro está, do 27 de Gilles Villeneuve. Este que hoje aqui vos escreve não o viu correr em directo, mas a sua presença atravessa de tal forma os tempos que se torna bem viva. Aquele 27, que partiu enquanto tentava alcançar o pedaço do limite que escapa aos mortais comuns, permanece pela existência do tempo.
Alguns anos depois, surgiria o 27 pintado já em si mesmo de vermelho, nas mãos de quem seria para muitos também um eterno número 1.

Todos nós teremos um número e hoje é Domingo, dia 27.