Clássicos • 14 Mar 2022

Depois do êxito do Miura, a sucessão era um desafio extremamente difícil. Os homens de Ferruccio provaram a sua genialidade ao recusarem repousar sobre os louros. Stanzani começou com uma folha branca. À excepção do motor, agora montado longitudinalmente, o Countach era um modelo radicalmente diferente do antecessor. E graças ao arrojo de Gandini, seria também radicalmente diferente de qualquer automóvel à face da terra, com uma personalidade inimitável.
Quando em 1987 a Chrysler se tornou detentora da marca, percebeu que o Countach era quase um símbolo cultural e que era preciso capitalizar o fascínio gerado pelas linhas: as portas em tesoura, a frente afilada, o corte traseiro do guarda-lamas, eram parte da identidade Lamborghini, por isso, o Diablo era pouco mais do que uma actualização do antecessor, o que também permitiu alguma poupança no desenvolvimento do modelo. Embora mantendo o essencial da plataforma, a distância entre eixos foi estendida, assim como o comprimento e a largura e, com isso, ganhou-se em habitabilidade e segurança.
A responsabilidade do desenho foi de novo entregue a Marcelo Gandini, mas o modelo final foi resultado de muita intervenção dos estúdios da Chrysler nos EUA, que suavizaram as formas e melhoraram aspectos aerodinâmicos. Um bom trabalho que permitiu que o essencial das linhas se mantivesse actual até 2001.
O motor do Diablo era ainda uma simples evolução do desenho original de Bizzarrini, aprimorado por Stanzani. Agora com injecção electrónica e 5,7 litros de capacidade, o V12 debitava 492cv e oferecia 580Nm de binário máximo.
A Chrysler fixou o objectivo mediático de atingir as 200 milhas/hora (320 km/h)de velocidade máxima e, com efeito, conseguiu. Com uma sonoridade a condizer com a aparência, o Diablo mostrou ser colossal nas acelerações (apesar do peso elevado) e brilhante nas estradas rápidas, no entanto, era um automóvel radicalmente cru para a sua era. Sem direcção assistida até 1999 e sem sequer ABS até 1993, não era um automóvel para principiantes e muito menos para uso frequente.
Quando em 1998 a Audi adquiriu a Lamborghini, fez uma completa “reengenharia” do Diablo, criando o VT 6.0 e VT 6.0 SE, mais seguros e refinados e com um aspecto mais moderno. Contudo, o espírito “puro e duro” da versão original, faz dela um ícone entre os supercarros.
Este automóvel pode ser visto na exposição “Lamborghini: 60 anos a cortar o vento“, patente no Museu do Caramulo, podendo ser visitada até ao dia 17 de Setembro, todos os dias, entre as 10:00 e 18:00.
Fotografias: Joel Araújo
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