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Mercedes-Benz 300 SEL 6.3 Pininfarina Coupe, um segredo muito bem guardado
Por Tiago Nova
O Mercedes-Benz 300 SEL 6.3 era a versão de alta performance da berlina, que combinava o motor V8 do maior Mercedes-Benz 600, com a carroçaria do 300 SEL W109. Pouco mais de 6500 unidades foram produzidas, mas ainda assim existe um modelo absolutamente único e de que muitos poucos falam, incluindo a própria marca.
Tal como o título indica, este Mercedes-Benz 300 SEL 6.3 foi um segredo muito bem guardado por parte de Sérgio Pininfarina. Tudo começou quando um cliente pediu à Mercedes-Benz para construir um 300 SEL 6.3 especial, algo que a marca alemã recusou, na pessoa do próprio Dr. Rudolf Uhlenhaut. Ainda assim, o cliente não baixou os braços, tendo adquirido na mesma um exemplar que enviaria para Itália, de forma a tentar que a Pininfarina atendesse ao seu pedido.
Os trabalhos no automóvel iniciaram-se em 1969, com a Pininfarina a manter a distância entre eixos e o comprimento originais. As maiores alterações na carroçaria resumem-se ao tejadilho, que foi encurtado, aumentando a inclinação do pára-brisas e do vidro traseiro. Além disso, foram produzidas especificamente, e incusivamente à mão, outras peças da carroçaria. Foi adicionado um friso em ambas as laterais, procedendo-se à alteração da grelha da frente e de toda a parte frontal do automóvel, acabando esta por ter curiosamente semelhanças com o Ford Galaxie de 1965. Os faróis também foram alterados, tendo originalmente molduras pretas, algo que viria a ser entretanto mudado.
O interior foi intensivamente transformado, restando apenas o painel de instrumentos do automóvel original, combinando a pele castanha dos estofos com a carpete verde. No entanto, o automóvel permaneceria com um manifesto problema, que consistia na entrada de gases de escape para o habitáculo, algo que nunca foi solucionado pela Behr, fabricante do sistema de ventilação.
Já a mecânica permaneceu inalterada, mantendo o motor V8 M100 de 6,3 litros de cilindrada e com injecção de combustível Bosch, desenvolvendo 250cv. O motor está acoplado a uma caixa automática de quatro velocidades. Para um maior conforto, este automóvel está equipado com suspensão a ar e sistema de fecho central por vácuo.
Sabe-se que este automóvel foi encomendado por um cliente holandês, empresário na área da cerveja até hoje desconhecido – nem mesmo a família quer o seu nome associado ao automóvel. No final dos anos 70 o Mercedes-Benz acabaria por ser vendido, com 65 mil quilómetros, sendo trocado por um Rolls-Royce. Hoje conta com apenas 71 mil quilómetros, pouco andando desde que mudou de mãos. Actualmente está na posse do terceiro proprietário, que também mantém o anonimato.
Este Mercedes-Benz 300 SEL 6.3 Pininfarina Coupe seria produzido em apenas uma unidade, no entanto o seu design viria a influenciar o do Rolls-Royce Camargue, modelo desenhado também pela Pininfarina e lançado em 1975.
No próximo dia 18 de Agosto, a Bonhams levará a cabo na California (EUA) um leilão onde espera arrecadar um valor entre os 400 e os 600 mil dólares (cerca de 360 a 545 mil euros) por este automóvel, símbolo de uma história singular.
Fotografias: Bonhams.