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Lamborghini Jarama, o favorito de Ferruccio e esquecido por todos
Por Tiago Nova
Decorria o ano de 1970, quando a Lamborghini decidiu substituir o Islero, devido às poucas vendas, por um novo modelo melhor que o anterior. Nasceu assim o Jarama, um GT de 2+2 lugares. O desenho veio da casa Bertone, pelo lápis de Marcello Gandini, mais convencional e subtil, muito semelhante ao Iso Lele, também com os faróis frontais cobertos. O nome foi escolhido pelo próprio Ferruccio Lamborghini, tendo origem nos touros de combate nascidos em Jarama, em Espanha. As vendas decorreram até 1976, com apenas 328 exemplares construídos no total, mas ainda foram produzidos em 1978 cinco exemplares por encomenda.
A apresentação do Jarama decorreu no Salão de Genebra de 1970 e o modelo cumpria os requisitos para a sua venda no mercado norte americano, visto haver uma cresceste procura pelos automóveis da marca italiana. A produção do Jarama arrancou em Setembro do mesmo ano.
O chassis tem por base o mesmo utilizado no Lamborghini Espada, mas encurtado em 270mm, e tem um peso de 1.450kg, mais pesado que o seu antecessor. Como curiosidade, os primeiros Jarama vinham equipados com jantes Campagnolo de 15” em magnésio com porca central, idênticas às do Miura. As carroçarias do Jarama eram estampadas na fábrica da Bertone, em Grugliasco, e montadas na Carrozzeria Marazzi.
A suspensão era independente nas quatro rodas, herdada do Espada, com triângulos de tamanhos diferentes e amortecedores Koni e barras estabilizadoras à frente e atrás. A travagem estava a cargo de discos de travão ventilados e pinças Girling em ambos os eixos, com dois servofreios a operar individualmente.
O motor que equipa o Jarama é o mesmo dos modelos Islero e Espada, com algumas alterações, um V12 de 3,9l equipado com seis carburadores Weber 40 DCOE, produzindo 350cv, desenhado por Giotto Bizzarrini. A potência é enviada para as rodas traseiras através de uma caixa de cinco velocidades manuais da Lamborghini, com sincronizadores da Porsche. Esta primeira versão do Jarama, também era conhecida por Jarama 400 GT e foi produzida em 176 exemplares.
Em 1972 o Jarama recebe uma actualização, passando a ser denominado por Jarama S ou Jarama 400 GTS, com melhorias no sistema de escape, cabeça do motor e carburadores, aumentado a potência para os 365cv. Além das melhoras mecânicas, o Jarama S recebeu ainda uma entrada de ar no capot, a juntar às duas entradas de ar NACA, grelhas de ventilação nos guarda-lamas, novos para-choques, novo mecanismo das escovas para-brisas e piscas recolocados. As jantes também são diferentes e passaram a ter cinco furos para aperto, sendo fabricadas na mesma pela Campagnolo. No interior, o painel de instrumentos também foi redesenhado, sendo agora de alumínio, vários botões foram posicionados na consola central, o isolamento acústico também foi melhorado, assim como os bancos de frente e traseiros. Foi também adicionado ao Jarama S direcção assistida da ZF, tendo como extras painéis do tejadilho removíveis e uma caixa automática TorqueFlite da Chrysler de três velocidades. O Jarama S teve uma produção de 152 unidades, sendo que 23 deles eram de volante à direita. Além disso, somente quatro exemplares vieram com caixa automática e 20 com os painéis amoviveis.
Para a história fica que o Lamborghini Jarama era o automóvel favorito de Ferruccio Lamborghini, o fundador da marca, dizendo mesmo numa entrevista em 1991, que preferia o Jarama a qualquer outro modelo Lamborghini, pois era a combinação perfeita entre o Miura e o Espada. O Jarama foi também o último GT da Lamborghini com um motor V12 a ser produzido.
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