Arquivos • 17 Jan 2024
O kit que transforma o Mazda MX-5 num automóvel de competição dos anos 30
Comecemos pelo início dos inícios, quando em 1952, num cenário do pós-guerra, a BMW tenta criar um carro que fosse capaz de competir directamente com o modelo 300 da Mercedes. Nasceu assim o BMW 501, mais barato que o modelo do seu concorrente. O 501, projectado por Peter Schimanowski, era um sedan de grande porte, de quatro portas e aparência grandiosa. Apresentava um capot em forma de V, e com a familiar grade alta de ‘rim duplo’ na frente. O perfil tinha seis janelas laterais e portas suicidas que eram articuladas nos pilares A e C. Pertencia-lhe ainda uma bagageira arredondada. Apesar de todas estas características incríveis, este modelo fracassou rapidamente pois não estava a vender o suficiente para obter lucro (o seu preço era de 15.150 marcos – era cerca de 60% mais caro que o Opel Kapitän, e mais que um salário mínimo na época), levando a BMW a atravessar sérias dificuldades financeiras. A concorrência dos rivais era fortíssima, e para tentar salvar a marca e convencer os clientes da gama premium, para onde o 501 estava direccionado, o engenheiro-chefe Alfred Böning começou a trabalhar num motor V8, mais potente que o V6 do 501.
Nasceu assim o BMW 502, a versão melhorada do 501, com um moderno e leve motor V8. Escolha ousada na Europa da época, pois era o único naqueles tempos a ser equipado com um motor de 8 cilindros. O majestoso 502 contava com um motor de 2.580 cm3 de 16 válvulas, e uma tara total de 1334kg.
O chassis tinha quatro membros transversais tubulares de grande diâmetro, e um piso de aço foi soldado à estrutura. Vinha equipado com um carburador Solex de dois cilindros e uma taxa de compressão de 7,0:1, 16 válvulas, transcrevendo-se numa potência máxima de 106 cavalos às 4.800 rpm, e a capacidade de atingir 166km/h. A caixa de velocidades não vinha acoplada ao motor e contava com 4 velocidades. Excepcionalmente, esta caixa foi montada separadamente entre a segunda e a terceira travessa do chassis, abaixo do banco dianteiro. Esta localização combinada com o facto de se tratar de uma caixa de velocidades ’em coluna’ exigia uma articulação complexa para a época. Este pedaço de história contava ainda com tração traseira, tambores na travagem traseira e dianteira para pneus de 5,50 × 16. Tinha também capacidade para acomodar seis pessoas. Para além destas características técnicas, e das suas linhas românticas, este carro ficou apelidado de Barockengel, devido à reacção do público às suas linhas elegantes. É possível ver a materialização deste ícone no centro de alguns volantes.
No geral, o BMW 502 era um carro muito equilibrado para a época. Tinha um desempenho bem satisfatório: dos 0-100km/h, demorava cerca de 18segundos. A força do seu motor em baixas rotações sempre ajudou a amenizar as falhas de uma caixa de velocidades com uma mudança de coluna tão difícil (o espaçamento curto e o seu desenho em 1-2, 3-4 não ajudam). No entanto, este modelo foi considerado uma obra de engenharia brilhante por muitos, dadas as limitações financeiras da época.
O Barockengel preencheu uma lacuna entre as filosofias de design do pré e pós-guerra da BMW, e fez a marca criar obras de engenharia incríveis numa época de crise, sendo considerado um modelo com significado especial na história da BMW. Este modelo pode-se orgulhar, como sendo o automóvel que corajosamente alavancou a ascensão progressiva da BMW no pós-guerra, elevando a marca como um dos maiores produtores de automóveis a nível mundial.
Fotografias: Elisabete Pinho
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