Miniaturas: Altos e baixos de uma colecção

Automobilia 18 Jun 2023

Miniaturas: Altos e baixos de uma colecção

Por Irineu Guarnier

Comecei a coleccionar miniaturas de automóveis há cerca de 15 anos, porque queria ter na minha estante os modelos que não podia ter na minha garagem – pelo menos as réplicas dos modelos reais que eu admirava. Dificilmente quem gosta de carros não gosta de miniaturas, e vice-versa. Entre idas e vindas, períodos de maior ou menor interesse pelos carrinhos, abandonei e retomei o hobby algumas vezes.

 

A primeira miniatura da minha colecção, lembro-me bem, foi uma Pick-Up Chevrolet verde e preta dos anos 1930. Depois, vieram muitas outras, principalmente de modelos norte-americanos da década de 1950: Chevrolet Bel-Air, Ford Custom, Studebaker Starliner… Todas na escala 1/18, muito bem detalhadas, com motores, suspensões, esterço de direcção, belos interiores, portas e capôs que abriam, e até motores.

 

Mas logo incorri em erros comuns aos coleccionadores neófitos: ausência de temas específicos, acúmulo de modelos em diferentes escalas (1/18, 1/24, 1/32, 1/43…), peças de qualidade duvidosa, busca de quantidade em prejuízo da qualidade. Quando percebi, havia me tornado apenas um acumulador. E a minha preciosa colecção era uma bagunça.

 

Desencantado, vendi todo o acervo por cerca de um terço do seu valor. Por um bom tempo, achei que estivesse curado daquele “vício”. Mas um dia, vi um belo Chevrolet Bel-Air vermelho e branco numa vitrine, em escala 1/24, por um preço bem atraente, não resisti e comprei-o. Semanas depois, o embrião de uma nova colecção nesta escala já crescia entre meus livros. Mas os preços das escalas 1/18 e 1/24 estavam se tornando proibitivos no Brasil. Parei de novo. Desfiz-me dos carros. Desta vez, firmemente decidido a não reincidir no vício.

 

Há cerca de sete anos, no entanto, uma editora lançou uma série de fascículos sobre veículos brasileiros, acompanhados de bonitas miniaturas em escala 1/43, com preços muito acessíveis. Adquiri uma carrinha Rural Willys, que fez sucesso no Brasil na década de 1960, e voltei a colecionar. Não são miniaturas premium, obviamente, mas é uma óptima escala, nem tão grande, nem tão pequena – porém, mais popular na Europa do que no Brasil.

 

De novo, algumas peças em escalas maiores se infiltraram sorrateiramente na colecção, e quando percebi já tinha caminhões, tractores, ônibus e outros veículos misturados com automóveis clássicos e contemporâneos no acervo. E ainda havia começado a adquirir carrinhos na escala 1/64. Ou seja, a situação se encaminhava para o mesmo desfecho da minha primeira coleção…

 

Decidi então botar ordem na casa. Troquei caminhões, ônibus, carros modernos e peças em escalas maiores por veículos clássicos em 1/43 – e foquei em apenas quatro temas: automóveis antigos, pick-ups, “família” Ferrari e carros de corrida. Ao mesmo tempo, encantei-me pela escala 1/64, sua incrível diversidade de modelos, os preços incomparavelmente mais baixos e o nível de detalhamento cada vez mais sofisticado. Além disso, as linhas básicas (mainline) das principais marcas são encontráveis em supermercados – e até em farmácias – pelo equivalente a dois euros. Nesta escala, com a incorporação de alguns itens premium, estabeleci mais temas: carros de serviço, hot rods, station wagons, pick-ups, “família” Porsche e supercarros. E só.

 

Acho que agora encontrei um ponto de equilíbrio como coleccionador de miniaturas. Prefiro reunir uma quantidade pequena de modelos, em apenas duas escalas (1/43 e 1/64), e me concentrar em poucos temas. Investe-se bem menos, e a colecção fica muito mais bonita e organizada. Mas, claro, cada um deve coleccionar o que gosta e do modo que mais lhe agrada. Neste divertido hobby, regras inflexíveis não fazem – sem trocadilho – o menor sentido.

 

Fotografias: Irineu Guarnier

 

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