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Mitsubishi Galant GTO, o automóvel japonês inspirado pelos americanos
Por Tiago Nova
A primeira geração do Mitsubishi Galant GTO, conhecida inicialmente por Colt Galant, foi lançada em Dezembro de 1969, no concessionário oficial da marca no Japão, Galant Shop, disponível em três carroçarias, a berlina de quatro portas, a carrinha de cinco portas e o coupé de duas portas, sendo este o primeiro automóvel da Mitsubishi sem pilar B.
Em Novembro de 1970 aparece a versão fastback, designada Galant GTO, com inspiração nos muscle cars americanos, desenhado por Hiroaki Kamisago e, um ano após, é lançada a versão Galant FTO, mais curta e compacta. Ambas as designações foram reavivadas nos desportivos dos anos 90, no Mitsubishi GTO, conhecido por cá como 3000GT, e no Mitsubishi FTO.
O Mitsubishi Galant GTO foi mostrado pela primeira vez no Salão de Tóquio como o protótipo Galant GTX-1 e seria a versão de topo desta geração, mantendo-se em produção até 1977, mesmo após o término da produção da primeira geração. A designação GTO, tal como seria de esperar, significa Gran Turismo Omologato.
O grande objectivo do Galant GTO era entrar no JCCA Grand Prix, através da empresa Colt Speed, mas, devido à crise do petróleo de 1973, a Mitsubishi saiu da competição e o projecto foi cancelado. No entanto, o automóvel teve bastante sucesso nos ralis do Japão.
Inicialmente, existiam três versões do Galant GTO, com o código A53C, todas equipadas com motores Saturn 4G32, da Mitsubishi. A versão mais básica era o M1, com um motor 1,6 litros de uma única árvore de cames à cabeça e um carburador, debitando 100cv, acoplado a uma caixa de quatro velocidades. A versão seguinte era o M2, equipado com o mesmo motor, mas agora com dois carburadores duplos Solex produzidos pela Mikuni, elevando a potência para os 110cv. A versão de topo era o Galant GTO MR, equipado com um motor de duas árvores de cames à cabeça, produzindo 125cv e estava acoplado a uma caixa de cinco velocidades. Este foi o primeiro motor de dupla árvore de cames à cabeça produzido pela Mitsubishi.
Em Fevereiro de 1972, os motores menos potentes foram substituídos pelos novos Saturn 4G35, agora de 1,7 litros de cilindrada, passando a potência para os 105 e 115cv, respectivamente. Estes modelos tinham o código de A55C. A versão MR continuou a utilizar a mesma mecânica, sem sofrer qualquer alteração.
Em Janeiro de 1973, devido às novas normas antipoluição, a versão MR foi descontinuada. Apareceu então o novo motor Astron 4G52 de 2,0 litros de cilindrada, para dar potência às novas versões, agora com o código A57C. Assim, equipado com este motor, passou a existir o Galant GTO SL com um carburador e 110cv, podendo vir equipado com caixa manual de quatro ou cinco velocidades, ou ainda uma automática de três velocidades. A versão seguinte era o GS-5, com dois carburadores e 125cv de potência, com caixa de cinco velocidades. A versão de topo passa a ser o Galant GTO GSR, com a mesma mecânica do GS-5. A versão mais básica era o SL, equipado na mesma com o motor 1,7 litros e 105cv. Nesta altura, o Galant GTO recebeu um ligeiro facelift, sendo alterada a grelha e os farolins passaram de duplos para triplos. O GSR conta com pneus de secção 185 de largura, abas nas cavas das rodas e painel preto entre os farolins. Em Outubro de 1973 o modelo recebe alguns melhoramentos ao nível da segurança e, em Agosto de 1974, a caixa automática deixa de estar disponível.
O “Novo Galant GTO”, como a Mitsubishi o apelidou, chegaria em Fevereiro de 1975, com algumas alterações, nomeadamente a grelha em favo de mel. Os motores de 2,0 litros de cilindrada passaram a ser os Astron 80, equipados com o sistema Silent Shaft de modo a reduzir as vibrações do motor. Além disso, a caixa de quatro velocidades passa a só estar disponível no motor menos potente. Em Outubro de 1975, todos os motores são equipados com o sistema de controlo de emissões MCA da Mitsubishi, tendo uma válvula EGR e um catalisador. Nesta altura a caixa de quatro velocidades é descontinuada e as potências passaram para os 97cv no 1700 SL-5 e 105cv no 2000 SL-5. É também nesta altura, que o modelo de topo GSR deixa de estar disponível, voltando em Fevereiro de 1976 já com as novas medidas de emissões, agora com 115cv. Em Maio do mesmo ano, o modelo recebe um ligeiro melhoramento, com o GSR a receber uma nova entrada de ar na frente com a inscrição GSR. Em Dezembro de 1976, o Galant GTO é substituído pelo Galant Lambda e Sapporo, no entanto, a produção continuaria pelo ano de 1977.
O Mitsubishi Galant GTO só foi produzido com volante à direita e destinado somente para o mercado interno nipónico. Ainda assim, alguns foram distribuídos na Nova Zelândia e noutros países da Ásia. De Janeiro de 1975 ao final de 1976 alguns exemplares também foram exportados para o Reino Unido e Irlanda, vendido somente como Colt Galant GTO, sem a designação da marca Mitsubishi. Hoje em dia é um modelo extremamente raro de encontrar, mesmo no Japão, tendo já atingido o estatuto de coleccionador.