Ferrari Pinin, o único cavallino rampante de quatro portas

Clássicos 23 Abr 2023

Ferrari Pinin, o único cavallino rampante de quatro portas

Por Edgar Freitas

Desde longa data que a indústria italiana brinda os amantes de automóveis com os seus modelos exóticos. Por de trás das tradicionais e bastante conhecidas marcas como a Ferrari, Alfa Romeo, Lancia e Maserati, assenta um nome em tons de legado: Pininfarina. Em 1980, este conceituado escritório de design automóvel celebrava os seus cinquenta anos de existência. Anos estes, marcado por modelos de sucesso, linhas excêntricas e paixões imediatas. Fundada em 1930, originalmente chamada de Carrozzeria Pinin Farina, foi expandindo a sua capacidade, sendo responsável pela criação do design de automóveis por encomenda e, opcionalmente, montagem e produção de automóveis.

Conhecida pela sua estreita afinidade com a Ferrari, foi em 1951 que as duas companhias uniram esforços para dar vida ao melhor de dois mundos! Responsável pelo design, a Pininfarina elevava a beleza e a audácia aerodinâmica ao nível das performances características da mecânica Ferrari.

Desta parceria, resultaram grande modelos, modelos aerodinâmicos, modelos elegantes, modelos exuberantes! No entanto, o fundador da Pininfarina, Battista Farina, faleceu com o desejo de ver um Ferrari de quatro portas, por realizar. Deste modo, Sergio Pininfarina, seu filho, e responsável máximo da Pininfarina em 1980, decidiu brindar os entusiastas automóveis com o Ferrari Pinin, em honra do seu pai.

A título de curiosidade, Battista Farina, era conhecido como «Pinin» Farina, isto é, o pequeno Farina! No entanto, o seu sucesso foi de tal modo grande, que, em 1961, solicitou que o seu apelido fosse mudado para Pininfarina, nome hoje icónico e representativo de qualidade e excelência. O seu pedido foi atendido pelo então presidente da república italiano, entidade maior naquele país, que assim diferiu o seu pedido, em reconhecimento do seu valor meritoso.

Para concretizar este sonho, longas horas de trabalho foram encetadas, sendo que, em 1980, é apresentado o Ferrari Pinin no salão automóvel de Turim.

Pousando ao lado de outras lendas, como o Lancia Astura 1937, o Alfa Romeo Giulietta 1954, o Ferrari 250 GT de 1961, o Pinin encantou com as suas linhas aerodinâmicas, exuberantes e arrojadas. Apelidado por muitos como o carro mais bonito do mundo, o Ferrari Pinin era o centro das atenções.

Embora ostentasse a designação de Ferrari, este automóvel foi projectado por iniciativa da Pininfarina, estando a Ferrari responsável pelo fornecimento do chassis, partilhando a plataforma com o Ferrari 400GT, e alguma da parte mecânica. O Ferrari Pinin foi projectado para receber um motor de 12 cilindros em V, cujos cilindros possuíam uma inclinação de 180 graus entre si. Embora pareçam semelhantes, não são motores puramente Boxer. A escolha deste motor em concreto, era óbvia, na medida em que era compacto, leve, e deste modo perfeito para se enquadrar no design já por si promotor de um baixo centro de gravidade.

Nem o pormenor das jantes foi deixado ao acaso. Dotadas de uma elegância própria, os cinco raios que a compunham, formavam uma hélice, o que promovia um efeito de auto-ventilação aos travões, melhorando a sua eficácia.

A preocupação com a aerodinâmica é evidenciada até na colocação dos expressores de água e do limpa para brisas, que se encontram «escondidos» até serem activados, deste modo diminuindo o arrasto aerodinâmico ainda mais além.

O equipamento era de topo. Equipado com computador de bordo com diagnostico de anomalias, controlo de consumos, valores de velocidade media, etc, este equipamento era dotado não de um, mas de dois teclados. O ar condicionado automático e o controlo eléctrico dos bancos também conferiam um conforto suplementar, complementando a soberba construção interior do veículo, que, na cor tabaco, deslumbrava pela qualidade artística e pelos materiais utilizados.

Desenhado com a finalidade de arrasar a concorrência, nomeadamente o Mercedes 450SEL, o Jaguar XJ e o Maserati Quatroporte, o projecto nunca avançou para produção em massa. Embora a pressão da Pininfarina fosse nesse sentido, a Ferrari não quis arriscar a entrada num mercado tão específico e exigente como os Sedans de luxo.

Facto é, que apenas um Ferrari Pinin foi produzido, e o nem motor possuía e/ou possuiu durante décadas! Preservado ao mais ínfimo pormenor, foi leiloado já por duas vezes, não atingindo a meta do milhão de euros que os analistas esperavam.

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