Clássicos • 10 Jul 2020

Depois da Segunda Guerra Mundial, os tempos eram de reconstrução e de reorganização industrial. A necessidade de recuperar economicamente não deixava muito espaço para grandes extravagâncias. Foi precisamente nesse contexto, em 1948, que foi lançado o 203, uma berlina séria e robusta, tipicamente Peugeot, e que iria contribuir para a boa reputação da marca.

Mas a mudança de década também coincidia com uma vontade de virar a página e de desfrutar da vida. E porque o sucesso da berlina e das suas múltiplas variantes – Commerciale, carrinha fechada, “caixa aberta” -, assim o permitiu, a Peugeot acabou por concordar com a produção de uma versão Cabriolet em 1951, mais indicada para circular com estilo nas ruas de Saint-Gemain-des-Prés ou na Côte d’Azur. As vendas encorajadoras desta versão, sobretudo nos primeiros meses, até convenceram os dirigentes da marca a produzir uma versão Coupé.

Assim, em 1952, foi comercializado o Peugeot 203 Coupé. Mas cedo verificou-se que o Coupé não teria o mesmo sucesso. O desenho peculiar das janelas laterais traseiras quebrava a harmonia das linhas gerais, assemelhando este Coupé a um Cabriolet com hard-top fixo.

Um desenho pouco consensual, um motor idêntico à versão normal (1290cc, 45cv) e uma imagem sem o prestígio de outras marcas. Poucos argumentos restavam ao 203 Coupé para conquistar os potenciais clientes nesses tempos difíceis. Tanto é que a Peugeot preferiu não insistir e decidiu parar a comercialização do 203 Coupé em 1954, depois de 955 exemplares produzidos.

Hoje em dia, existe uma centena de exemplares de 203 Coupé – três vezes mais para o Cabriolet -, o que faz desta versão uma raridade entre as raridades. Além disso, o seu desenho deliciosamente fifties com um “je-ne-sais-quoi” de estilo americano, só pode seduzir os entusiastas, da marca e não só.

Felizmente, apesar das vendas terem ficado abaixo do esperado, isso não impediu a Peugeot de dar continuidade, nas décadas seguintes, à sua grande tradição de Coupés e Cabriolets, iniciada ainda antes da guerra. Já agora, Sr. Carlos Tavares, seria bom que a Peugeot esquecesse um pouco os SUV’s e retomasse essa tradição.

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