Arquivos • 20 Out 2024
Últimos Murmúrios de um Pistão: O motor que durou exactamente 24h em Le Mans
Em 1972 entrou em vigor um novo Anexo J da FISA que alterou significativamente o panorama das provas do Campeonato Internacional de Marcas e das 24 Horas de Le Mans.
Primeiro com a supressão da classe de “Sport” que tinha dominado o panorama da resistência nos últimos dois anos, com os fantásticos Porsche 917 e Ferrari 512.
Mas também com uma ligeira alteração das regras dos “Protótipos” de 3,0 litros, categoria que de 1972 em diante passaria a ser a classe rainha. Tudo residiu numa alteração do peso mínimo de 500 para 650 kg, sensivelmente o peso dos protótipos já existentes da Matra e da Ferrari. O problema é que a arma da Porsche para essa classe de “Protótipos” de 3,0 litros – o Porsche 908/3 – baseava a sua competitividade no baixo peso de 500 quilos, disponde de um motor com menos 75cv que os referidos adversários. Ao receber um lastro com perto de 150 quilos o pequeno 908 perdia toda e qualquer competitividade.
Desse modo, de uma assentada, a Porsche ficava sem os dois modelos com que tinha dominado as provas internacionais em 1970 e 1971, virando-se para o campeonato americano de Can Am com uma versão turbo do 917, deixando cair as provas do campeonato do mundo.
Mas as 24 Horas de Le Mans exerciam uma atracção demasiado forte, sendo uma tradição na marca que se repetia anualmente desde 1951. Por isso, a equipa Porsche, escudada através de uma inscrição do piloto Reinhold Joest (Team Siffert ATE) alinhou um antigo Porsche 908 LH (coupé de cauda longa) de 1968, preparado na fábrica, com um motor novo e aerodinâmica revista. Esperava-se compensar a falta de potência com a regularidade e com a presumível velocidade elevada do “cauda longa” na grande recta das Hunaudières.
Como era hábito desde 1951, a equipa assentou a base numa garagem em Teloché a cerca de seis quilómetros do circuito e, como era hábito, a deslocação para o circuito fez-se com o Porsche 908 a rodar pela estrada.
O detalhe interessante desta foto é que à frente do referido Porsche 908 LH vemos também o Porsche 917K “Rot Taxi” (Táxi vermelho) que era usado para passear convidados na pista da Porsche em Weissach e que, em 1972, acompanhou a equipa até Le Mans, para participar num desfile antes da prova, evocando os triunfos nos anos anteriores.
O Porsche 917K juntou-se à pequena caravana e andou também pela estrada, apesar de não estar matriculado, tal como o 908 de competição.
E pelo exotismo, partilhamos aqui a foto da caravana Porsche à partida da comuna de Teloché, antes das 24 Horas de Le Mans de 1972. Com o “Taxi Vermelho” em destaque.
Uma foto fantástica, do ponto de vista de qualquer entusiasta.
(Imagem: Porsche Werk Foto)
Caro Ricardo Grilo,
Bem contado, o que não me surpreende, dados os seus conhecimentos e gosto pelos Porsche.
E, de facto, o que mais me trouxe aqui foi o intrigante 917 vermelho.
Cumprimentos,
Carlos Oliveira
Arquivos • 20 Out 2024
Últimos Murmúrios de um Pistão: O motor que durou exactamente 24h em Le Mans
Arquivos • 12 Jul 2024
Arquivos • 11 Jun 2023
Caro Ricardo,
Como adepto indefectível das míticas “24 Horas”, espero, ansiosamente, a saída do prelo do teu livro sobre a maior prova do mundo.
Um abraço,
Vasco Morgado