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O primeiro Porsche foi um automóvel eléctrico
Há 124 anos atrás um visionário de nome Ferdinand Porsche, desenvolveu um automóvel revolucionário, com uma tecnologia que só hoje está a ser lançada em força. Isto, recordemos, foi 33 anos antes da fundação da empresa Dr. Ing. h. c. F. Porsche GmbH, fundada em 1931 e 50 anos antes do início da produção de automóveis, que se iniciou em 1948, inicialmente com o protótipo do 356 No.1 e posteriormente com a pequena produção dos 356 Gmund.
Este primeiro automóvel desenvolvido por Ferdinand, quando tinha 22 anos, tem o nome de P1 ou Egger-Lohner Electric C.2 Phaeton e, pasme-se, era eléctrico. Foi construído a pedido da empresa Jacob Lohner, construtora de carruagens para a alta sociedade da época, após uma viagem aos EUA de Ludwig Lohner, dono da empresa, que chegou à conclusão que a “Era” das carruagens puxadas a cavalo estava no fim e por isso pediu ao engenheiro da Edison para construir uma carruagem eléctrica.
No dia 26 de Junho de 1898, o Porsche P1 circulou pela primeira vez nas ruas de Viena, sendo também ele, dos primeiros automóveis registados no país. Como curiosidade, para que a sua autoria não fosse ignorada, Ferdinand pôs um símbolo “P1” nos componentes mais importantes do automóvel, nomeadamente nos centros das rodas. Nome esse que significava “Porsche número 1”. A base era a de uma carruagem, mas podia utilizar duas carroçarias, uma aberta e outra fechada, estilo coupé, para alternar entre Verão e Inverno, podendo acomodar quatro pessoas.
O motor octogonal, como já foi referido, era movido a electrões e debitava 3cv às 350rpm, com picos de 5cv, fazendo o P1 chegar aos 35 km/h e conseguindo uma autonomia de 80 quilómetros. O nome do motor, provem da carcaça do motor, que tem oito lados e este estava montado na traseira suspenso por amortecedores. Este automóvel utilizava um complexo sistema de transmissão, com 12 velocidades, sendo seis para a frente, duas para trás e quatro para trava-lo.
O peso deste automóvel, que utilizava maioritariamente madeira na sua construção, era de 1350 quilos, com a bateria a pesar 500 quilos. A bateria da marca Tudor, tinha 44 células, e produzia 80 A e 110 V. As rodas eram em madeira, com cobertura em borracha, desenvolvida pela Dunlop, para tentar proteger a bateria das vibrações dos maus pisos da época. Uma outra curiosidade, é que já este automóvel utilizava a chave de ignição à esquerda, uma imagem de marca dos automóveis Porsche. Outra inovação para a época, e mesmo durante muitos anos, era o circuito de travagem duplo para a rodas traseiras. Além deste sistema mecânico, tinha também travões eléctricos, como já foi referido.
Desde o início que Porsche achou que a competição seria o palco ideal para promover as suas criações e exibir as qualidades dos seus produtos, por isso, a 28 de Setembro de 1899, o P1 participou numa corrida em Berlim, de 40 km e com quatro ocupantes, onde ganhou a medalha de ouro, cortando a meta 18 minutos antes do segundo classificado! Outro teste que foi concluído com distinção, foi na eficiência, pois, no tráfego urbano, foi o veículo com menor consumo de energia.
O P1 esteve desaparecido durante 112 anos! Foi encontrado num celeiro, na Áustria, onde tinha sido deixado em 1902, estando até num bom estado de conservação, inclusivamente o motor eléctrico ainda funciona, no entanto, a bateria e os bancos desapareceram. Junto com o automóvel, estavam também alguns manuscritos de Ferdinand, com instruções para o seu funcionamento. Actualmente está no museu da Porsche, onde reconstruíram, com vidro, as partes que faltavam para se perceber como seria o desenho da carroçaria.