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Emílio Marta, o piloto
Embora se tenham registado provas organizadas em Angola desde os anos 20, é para o ano de 1957 que a memória do automobilismo angolano, com contornos organizacionais relevantes e com carácter internacional, nos remete. De facto, foi em 1957 que se realizou, em Luanda, o I Grande Prémio de Angola, destinado a automóveis de Grande Turismo, disputado no mítico Circuito da Fortaleza. Embora nesta prova a maioria dos pilotos fossem apenas angolanos/portugueses e estrangeiros vindos dos países vizinhos, é com os eventos seguintes, nomeadamente entre 1959 e 1965 que Angola serviu de palco à evolução de nomes sonantes do automobilismo mundial, como Hans Herrmann, David Piper, Hermann Müller ou Rolf Stommelen entre outros. Nesta época, assumiu também um especial destaque, a “incendiária” luta entre Nicha Cabral e António Peixinho. Mas as corridas em Angola foram o palco para vários pilotos locais brilharem. Referimo-nos a Henrique Ahrens de Novaes, Ferreira Pires, José Caputo, Herculano Areias e Emílio Marta. É sobre o último que vos apresentamos hoje uma nota biográfica.
Emílio de Almeida Marta nasceu em S. Martinho das Chãs, no concelho de Armamar, em 1933. Após ter ido para Angola aos 18 anos, cedo se iniciou nas corridas e foi aos 23 anos que ganhou a sua primeira taça numa corrida de motos realizada em 1956. Essa primeira vitória impulsiona rapidamente a sua passagem para as quatro rodas.
Emílio Marta tornou-se num apaixonado pelos automóveis, iniciando-se muito cedo na competição, com participações bastante interessantes ao volante de um BMC Cooper, bem como de um Cortina Lotus que havia antes corrido nas mãos de Jim Clark.
Dono de uma condução rápida mas sobretudo regular, Emílio Marta era contudo uma personagem capaz do melhor e do pior, segundo os seus pares. Esteve no centro de muitas polémicas vividas no seio do automobilismo angolano, quer em pista, quer fora dela, mas o seu nome encontra-se ligado de forma indelével ao imaginário dos angolanos pela suas brilhantes prestações como piloto. Durante a sua carreira subiu por 32 vezes ao pódio, das quais 15 foram para o degrau mais alto.
Os “Irmãos Unidos”
É a sua enorme paixão pela competição que virá a despoletar a criação do seu próprio “team” de competição – o Team Irmãos Unidos. A equipa, sediada em Benguela, possuía uma estrutura directiva organizada com Emílio Marta como Director Administrativo, Herculano Areias como Director Técnico, Cardoso Albernaz como o Relações Publicas, e Carlos Faria como Director de Boxes.
Os pilotos eram os próprios, com excepção de Carlos Faria, aos quais se juntou Armando Figueiredo, bem como mais alguns pilotos daquela cidade angolana.
Pela garagem da equipa, perto da Praia Morena, passaram alguns dos melhores automóveis de corrida que Angola conheceu: um Ferrari Dino 246, um Lotus 47, um Lotus 26R, o Marta-Real de 2,0 litros, um Lotus Europa Racing, dois Porsche 911 S (um 2,0 e um 2,2 litros), um Lotus 23B e talvez o mais conhecido de todos, considerado pelos seus contemporâneos como “ex-líbris de Benguela”: o mítico Ford GT40. Marta aspirava ainda adquirir mais dois protótipos para reforço da sua equipa: um Matra 670 e um Lola T280. Se para o primeiro seria quase impossível concretizar a aquisição, já o segundo apenas não foi adquirido pelo rumo dos acontecimentos políticos de então.
Paralelamente Emílio Marta foi um homem de negócios bem sucedido em Benguela, fazendo variar os seus investimentos como qualquer investidor inteligente. Mesmo em Portugal, onde tive a feliz oportunidade de privar com este empresário, continuou os seus negócios com sucesso sob o nome comercial Auto Mombaka e Volante Livre.
O nome e o empreendedorismo deste piloto ficaria ainda ligado à fundação do TUKUTUKU, o Clube Angolano de Desportos Motorizados de Benguela, do qual foi presidente em 1973, e à construção do Autódromo de Benguela – o primeiro autódromo a ser inaugurado no Portugal de então, a 21 de Maio de 1972.
Ford GT40, a sua máquina mais conhecida
O GT40 foi o exemplar que mais profundamente marcou a carreira de Emílio Marta e com o qual o piloto é mais facilmente associado. Era um automóvel concebido inicialmente em 1960, para vencer as 24 Horas de Le Mans e quebrar o domínio da Ferrari, fabricante com que a Ford Motor Company iniciou conversações de aquisição, mas que terão entretanto sido goradas. O GT40 acabou de facto por vencer a prova quatro vezes seguidas entre 1966 e 1969, tendo sofrido variadas evoluções mecânicas e aerodinâmicas. Com o chassis #P1080, o automóvel de Emílio Marta foi das últimas unidades GT40 a sair da fábrica, de um total de 102. Refira-se como curiosidade que o último GT40 fabricado ostentará o numero de chassis #P1084, embora existam publicações que referem o último chassis como o #P1086.
Possuía um chassis tubular, solidário com uma carroçaria em polyester. Tinha montado um motor Ford V8 de 4942cc, equipado com cabeças de alumínio Gurney-Weslake e era alimentado por quatro carburadores duplos Holey, debitando uma potencia superior 450cv, que progrediam através de uma caixa manual ZF de cinco velocidade, ajudada por uma embraiagem Borg & Beck. Seguravam este conjunto, cujo peso total era de apenas 1190 quilos, pneus 9.0/24.0-15 à frente e 12.5/26.0-15 atrás.
Foi com este automóvel que Emílio Marta se sagrou Campeão de Angola em Velocidade no ano de 1973, embora o seu GT40 fosse já pouco competitivo, face ao aparecimento dos protótipos tipo “barchetta”.
Salvo opinião mais abalizada, foi um dos dois únicos Ford GT40 adquiridos por pilotos portugueses daquela a época, tendo o outro, com chassis #P1022, sido pilotado pelos pilotos metropolitanos Carlos Gaspar, Carlos Santos e ainda pelo malogrado Luis Fernandes. O Ford GT40 de Marta foi inicialmente adquirido pelo piloto angolano Ferreira Pires (i.e. a cidade de Carmona) directamente à fábrica Ford, que o decide vender depois de um despiste nos treinos para as 3 Horas da Huíla de 1969, que o faz abandonar a competição automóvel.
Texto: Jornal dos Clássicos/Ricardo Duarte
Fotos: Revista Equipa, Tukutuku/Tony Almeida, Jornal Motor, Carlos Marta, Pedro Ilha, Ruy Queiroz, José Mota Freitas, Sanzangola e Mazungue.
ha poucos por mera coincidencia viajei num taxi
conduzido por um irmao que fez questao de me mostrar
fotos desse celebre gt 40
Foi o melhor de sempre depois de Ayrton Senna
Tive o prazer e orgulho de ter assistido a varias corridas no autodromo de Benguela! era eu um garoto, mas a minha maior paixão era ver o ford GT 40 do Emilio Marta, eu e meus amiguinhos, só falávamos desse carro, era muito lindo pra época!!!
boa noite tive o prazer de colaborar com a familia marta aonde cresci para a vida profissional tambem tive o prazer de andar no ford GT 40 foi fantastico tinha na altura 16 ou 18 anos tambem acompanhei muitas vezes o Sr Carlos e Emilio Marta nas famosas corridas de trofeus … muita pica junta eles eram fantasticos muito obrigo amigos Martas.