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Isotta Fraschini Tipo 8C Monterosa, o princípio do fim da marca italiana
Por Tiago Nova
A Isotta Fraschini foi uma grande marca de automóveis de luxo italiana, que produziu também camiões, motores para aviões e barcos. Foi fundada em 1900, na cidade de Milão, por Cesare Isotta e os seus irmãos Vincenzo, Antonio e Oreste Fraschini, sendo vendida, em 1935 à Caproni. A produção automóvel parou em 1949, continuando activa como holding, tendo-se fundido com a Breda Motori, em 1955. Acabaria por cessar a actividade em 1999, após várias tentativas para a sua ressuscitação e, em 2000, nascia uma nova empresa, a Isotta Fraschini Milano, com sede em Bari.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a Isotta Fraschini desenvolveu, em segredo, um novo automóvel, bastante revolucionário, o Tipo 8C Monterosa, um protótipo onde cerca de três ou seis exemplares foram produzidos, entre 1945 a 1949, não se sabendo ao certo o número exacto. Como curiosidade, o nome Monterosa provém da Via Monterosa, uma rua em Milão, onde a marca montou o seu primeiro stand. Este seria o modelo que a Isotta Fraschini iria arrancar a produção no pós-guerra e iria ser o primeiro automóvel completamente novo, desde o Tipo 8B de 1934, com os traços produzidos pelo designer Luigi Rapi, inspirados, claramente, nas linhas dos Tatra.
O motor estava montado na traseira, arrefecido a água, sendo um V8 com válvulas à cabeça, um carburador duplo Weber e câmaras de combustão hemisféricas, de 3,4 litros de cilindrada e 125cv de potência. A caixa era transaxle semiautomática de quatro velocidades, operada por uma alavanca na coluna de direcção, que enviava a potência para as rodas traseiras. Alguns dos protótipos foram equipados com caixas de cinco velocidades. Conseguia atingir os 170 km/h de velocidade máxima e tinha um consumo médio de combustível de 15 litros aos 100 km. O motor, caixa de velocidades e diferencial, foram construídos em liga leve de magnésio Elektron, em conjunto num único bloco. A mecânica foi desenhada e desenvolvido por Aurelio Lampredi.
A suspensão frontal era independente, suportada por um charriot, onde eram instaladas também os braços e os amortecedores hidráulicos. Na traseira, a suspensão era também independente, com amortecedores hidráulicos e elementos transversais e horizontais. Não havia molas de lâmina, nem helicoidais, mas sim elastómeros de borracha que faziam de molas. A travagem estava a cargo de tambores nas quatro rodas, operados hidraulicamente. O automóvel estava ainda equipado com macacos hidráulicos, um em cada roda, activados através do interior. A distância entre eixos é de 3099 mm e tem um peso de 1450 kg.
O Tipo 8C Monterosa foi apresentado à imprensa nas Mille Miglia de 1947 e ao público no Salão de Paris, em Outubro de 1947. Os protótipos, que seriam automóveis de pré-produção, consistiam numa berlina de quatro portas construída pela Zagato, um coupé de duas portas, construído pela Touring e um modelo descapotável, construído pela Boneschi. A Touring ainda construiu uma outra carroçaria, de quatro portas, denominada Special Sedan. O primeiro a ser construído seria a berlina de quatro portas da Zagato, com dois exemplares produzidos. Um deles o motor era arrefecido por radiadores montados na lateral, onde o ar chegava através de umas aberturas laterais. No segundo exemplar, foi montado um radiador mais convencional na frente.
O Tipo 8C Monterosa era um automóvel fenomenal para a época, com vários elementos únicos e bastante inovadores. No entanto, a fase que se vivia na altura, não era favorável para os automóveis de luxo e dessa forma, o projecto não avançou. Graças à reestruturação da Isotta Franchini, após o fim de produção, foi possível manter dois protótipos até aos nossos dias, um coupé e um descapotável, assim como a fábrica da marca.
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