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Venturi Atlantique: O raro desportivo francês de motor central
Por Tiago Nova
A Venturi Automobiles foi fundada em 1984 pelos franceses Claude Poiraud e Gérard Godfroy, inicialmente como MVS, acrónimo de Manufacture de Voitures de Sport, para o desenvolvimento de automóveis desportivos. Foi a tentativa mais recente de construir automóveis desportivos de luxo franceses, com excepção da Alpine, algo que era muito comum no Pré-Guerra na França.
Por ser uma marca pequena e “sem nome” no mercado, a Venturi sofreu muitos problemas económicos, até que em 2000 foi adquirida pelo monegasco Gildo Pallanca Pastor, que mudou a sede da empresa para o Mónaco e alterou por completo o caminho da marca, focando-se agora, em automóveis eléctricos.
A produção dos automóveis da Venturi sempre aconteceu em pequenos números e o Venturi Atlantique não é excepção, com menos de 700 unidades produzidas em todas as suas versões. Lançado em 1991 como Venturi Atlantique 260, nome inspirado no Bugatti Type 57 Atlantique, este era uma versão aprimorada do Venturi APC 260. Com o motor colocado numa posição central e com a carroçaria construída em fibra de vidro, desenhada pelos próprios fundadores da marca e montada sobre o chassis tubular. A suspensão é de triângulos sobrepostos na frente e multilink na traseira.
Este primeiro Atlantique utilizava o motor V6 Z7W da aliança Peugeot-Renault-Volvo (PRV), de 2,8 litros de cilindrada e um turbocompressor Garrett T3 a 0.95bar de pressão, desenvolvendo 260cv e 440Nm de binário. Com um peso de apenas 1.110kg conseguia chegar aos 100km/h em 5,2 segundos e atingia os 269km/h de velocidade máxima.
Em 1994, a Venturi foi adquirida pelo escocês Hubert O’Neil, que tratou de alterar o conceito original do Atlantique, nascendo assim o Atlantique 300, apresentado no Salão de Paris. A carroçaria foi redesenhada, tendo um coeficiente aerodinâmico de 0,31. Este utiliza agora uma versão melhorada do anterior motor da PRV, o Z7X, de 3,0L de cilindrada e 12 válvulas, na sua versão naturalmente aspirada ou com turbo, desenvolvendo 210cv e 281cv, respectivamente. Este motor era na sua essência o mesmo utilizado no Alpine A610.
A versão de topo do Atlantique foi apresentada no Salão de Genebra em 1998, como Atlantique 300 Biturbo, que utilizava o motor L7X, o substituto dos anteriores Z7, desenvolvido em conjunto entre a Renault e o Grupo PSA. O motor tinha 3,0L de cilindrada na mesma e agora com 24 válvulas, mas aqui com a adição de dois turbocompressores, modificação essa a cargo da própria Venturi. Assim, o motor passou a desenvolver 310cv às 6.200rpm e 394Nm de binário às 3.800rpm. Esta versão entra em competição com os desportivos de peso da época, com uma aceleração até aos 100km/h de 4,7 segundos e atingia os 275km/h de velocidade máxima. Apenas 13 exemplares foram produzidos até 2000 e este marcou o fim da Venturi como marca francesa.
Todos os Venturi Atlantique utilizavam caixas manuais de cinco velocidades da Renault, ainda que, já perto do final de produção, existiu uma versão automática com uma caixa ZF 4HP20 de quatro relações.
Apesar da sua natureza desportiva, o Venturi Atlantique não teve grande desenvolvimento na competição e apenas dois exemplares foram transformados para competir nas provas de GT em 1999, sendo conhecidos por Venturi 300 GTR. Como curiosidade, chegou a ser desenvolvido um protótipo com base no Atlantique 260 com tracção integral para o Rally Dakar de 1992, mas, infelizmente, nunca chegou a competir.