Clássicos • 09 Set 2022
O dia 17 de Julho fica marcado pelos 26 anos do falecimento de umas das maiores lendas do desporto automóvel mundial.
Nascido a 24 de Junho de 1911, na Argentina, Juan Manuel Fangio desde cedo mostrou interesse pela mecânica e foi em 1928 que, com apenas 17 anos, se estreou em provas ao volante de um Ford T acabando curiosamente em último. Assim começava a carreira de um dinossauro dos automóveis que seria repleta de êxitos e recordes que demorariam décadas a serem batidos.
Juan Manuel Fangio correu num tempo em que os automóveis eram puras obras de arte mecânicas, onde quem os preparava eram mecânicos e não “engenheiros”, sem electrónicas, sem computadores constantemente a corrigir os erros dos pilotos, sem aquela voz divina vinda do capacete que informa de tudo o que se passa com o carro e que consegue fazer reparações em tempo real e sem necessidade de uma ferramenta convencional, apenas com um simples “click”.
Ele é do tempo em que os pilotos de F1 não eram meramente adolescentes “ricos” com “Paitrocinadores” e que vão para a Fórmula 1 para mostrar o seu valor, não, ele é do tempo em os pilotos eram homens de barba rija em que a experiência era um factor determinante, não só para vencer, mas também para sobreviver! Fangio conseguiu ignorar todos os instintos humanos que nos fazem zelar pelo nosso próprio bem estar e arriscar a vida pela adrenalina de conduzir nos limites do automóvel e do piloto.
Nos anos 50, a preocupação pela segurança dos pilotos e espectadores era um assunto secundário para as equipas sendo que, um capacete, umas luvas e uns óculos eram os únicos elementos de segurança presentes e que faziam com que os pilotos acabassem as provas como se de “mineiros” se tratassem enegrecidos pelo fumo e óleo do escape dos outros concorrentes.
Ligeiramente ofuscado pela história um pouco mais recente da Fórmula 1 com pilotos como Senna e Schumacher, Juan Manuel Fangio, foi certamente, um dos melhores pilotos de velocidade que alguma vez competiu em provas internacionais tendo começado na Argentina e depois na Europa em provas de endurance, mas, foi na F1, onde foi campeão do Mundo por cinco vezes (recorde batido apenas em 2003 por Schumacher) em quatro construtores diferentes, Alfa-Romeo, Maserati, Ferrari e Mercedes-Benz (recorde ainda por bater) que Fangio se notabilizou começando a competir em 1950 ficando em segundo e vencendo em 1951 pela primeira vez. Após um grave acidente em 1952, em Monza, onde foi projectado do automóvel e ficou em estado grave, voltou em 1953 para ser segundo e dominar os 4 anos seguintes vencendo o campeonato do Mundo consecutivamente até 1957.
1958 ficou marcado pelo anúncio do final precoce da sua carreira devido ao envolvimento de uma marca de amortecedores no seu Maserati que apesar de retirar estabilidade ao seu automóvel era a escolha do construtor que alegava interesses financeiros para a mudança, dando assim início à era do dinheiro na F1.
A 17 de Julho de 1995, e após uma vida dedicada aos automóveis e ao desporto motorizado, o mundo ficaria mais pobre após a sua morte mas enriquecido com o legado do “manco” (como era conhecido por ter as pernas arqueadas).
Até sempre Lenda!
É frequente fazer comparações entre o “palmarés” do Maestro e o de pilotos que mais tarde vieram a vencer grandes prémios e campeonatos do mundo de formula1.
O que raramente é referido é que quando JMF começou a carreira na Europa tinha quase 40 anos e o último campeonato que conquistou, em 1957, foi aos 46 anos ! e a bater-se contra pilotos muito talentosos e nos vinte e poucos anos…