Luzes, câmara, DB5!

Clássicos 08 Jul 2022

Luzes, câmara, DB5!

Por Edgar Freitas

Deus quer, o homem sonha, o DB5 nasce! Fruto da mais profunda inspiração, assim a Aston Martin presenteia o mundo em 1963 com este belíssimo automóvel.
 
Quando a elegância e a performance andam de mãos dadas, e o luxo é um must, o Aston Martin DB5 surge para deslumbrar. É excelência dos seus interiores requintados, com um leve toque de desportivo que distingue este clássico de um qualquer outro automóvel antigo e rápido.
 

 
Carismaticamente britânico, as suas linhas são de origem italiana! Carrozzeria Touring foi a obreira deste sonho sobre rodas, usando das mais avançadas técnicas de construção, a Superleggera. Esta última, consistia numa técnica patenteada pela empresa Carrozzeria Touring, onde o chassis do veículo era construído num sistema elaborado de tubos muito resistentes, onde a chapa da carroçaria se montava, dando forma ao veículo.
 
A Carrozzeria Touring foi pioneira no uso do túnel de vento, sendo que a sua vasta experiência no universo da aviação remonta a meados da segunda década do século XX. Como tal, outras marcas fizeram uso do conhecimento e das técnicas desenvolvidas por esta empresa italiana, nomeadamente a Hudson, a Bristol e obviamente a Aston Martin. Todas estas marcas viam a Superleggera como uma forma de construir automóveis robustos, mas ao mesmo tempo mantendo-os leves e competitivos. Deste modo, também a Aston Martin construiu o DB5, usando as mais avançadas técnicas, muitas delas inspiradas, como dito anteriormente, na aviação, sob patente.
 
A nomenclatura DB5 remete-nos para o detentor da empresa Aston Martin entre 1947 e 1972, David Brown. DB deixou de ser usado na designação oficial dos automóveis da Aston Martin quando a marca foi vendida por problemas financeiros precisamente em 1972. A Aston Martin voltaria a usar a nomenclatura DB a partir de 1993, data em que a Ford adquiriu a marca, introduzindo o DB7.
 
Uma curiosidade interessante prende-se com o facto de que David Brown enquanto esteve à frente dos destinos da Aston Martin, usou como automóvel pessoal o mítico rival, o Jaguar XJ, alegando ser menos dispendioso de manter.
 
David Brown aceitou o cargo de presidente honorário e vitalício da Aston Martin pelo seu crucial e meritório trabalho.
 

 
O Aston Martin DB5 é muitas vezes descrito como o automóvel mais famoso do mundo, e falar deste clássico sem falar em Bond, James Bond , é no mínimo, difícil. Facto é, que a aparição do DB5 na filmografia de sucesso 007 não foi de todo inocente. Inicialmente, e de acordo com os livros, escritos pelo autor Ian Fleming, o agente secreto conduziria de facto um Aston Martin, mas um DB III. O grande responsável foi John Stears, que transformou o elegante automóvel de luxo numa máquina temível, mantendo graciosamente as suas linhas exteriores. Deste modo, a sua presença no filme ditou um aumento significativo nas vendas, e tornou este excelente automóvel, num clássico intemporal.
 
Para muitos, é o automóvel mais bonito que a Aston Martin já produziu, mas como a beleza é sempre um factor questionável, eu sou da opinião que será sem margem para dúvida, o mais carismático e popular.
 

 
Tecnicamente falando, o Aston Martin DB5 correspondia integralmente ao status que as suas linhas tão elegantemente transmitiam. Equipado com um motor de seis cilindros em linha, duas árvores de cames à cabeça e uma cilindrada de quatro litros, o DB 5 somava cerca de 280 cavalos. Toda esta potência aplicada nas duas traseiras, conferia uma velocidade máxima de mais de 230 km/h! Com o tradicional zero aos 100 em pouco mais de sete segundos, o DB5 era um autêntico carro de corrida, com o luxo de um sedan executivo. A versão standard vinha equipada com três carburadores SU (Skinners Union). Embora pouco conhecidos, os carburadores SU foram não só usados pela Aston Martin, mas também por todas as fabricantes britânicas, nomeadamente a MG, Morris, Jaguar, Volvo, Saab, Rolls-Royce, entre outras.
 
Com um cariz mais desportivo, o Ferrari 250 GTO foi provavelmente o seu único oponente, sendo, no entanto, dois belíssimos exemplares do que melhor se fazia no mundo automóvel na década de sessenta.
 

 
Disponível em coupé, descapotável e Shooting-brake (carrinha), foi na versão coupé que o DB5 elevou ainda mais a sua performance com a versão Vantage. Como tal, o DB5 Vantage vinha equipado com o mesmo bloco de quatro litros, mas com árvores de cames mais competitivas e três carburadores Weber, cujo aumento da potencia ditou uns estonteantes 325 cavalos. Não podemos nunca esquecer que estamos em 1963, e toda esta potência me parece desmedida para a data em questão.
 

 
Fosse para fugir aos capangas de Goldfinger ou aos vilões em Spectre, o Aston Martin DB5 era, é, e provavelmente será por mais cinquenta anos o automóvel mais icónico, mas não menos capaz de encetar uma fuga repleta de adrenalina, ao som do majestoso Big six ,que lhe confere tamanha alma!

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