Mercado • 11 Jan 2021
Clássicos • 04 Jul 2022
Testudo, o protótipo construído pela Bertone para promover o Chevrolet Corvair
Por Tiago Nova
O Chevrolet Corvair foi uma grande aposta no mercado para a General Motors e Bill Mitchell quis promover o modelo na Europa utilizando, para esse efeito, automóveis produzidos com um estilo desportivo europeu. Duas grande carrozzerias responderam ao pedido, com modelos Corvair saídos directamente da linha de produção para as empresas de design que os iriam transformar.
A primeira a apresentar o seu protótipo foi a Pininfarina, em 1960 e, dois anos depois, é terminado o protótipo da Bertone. A Bertone utilizou um Corvair 900 Monza de 1962 saído da linha de produção de Willow Run, com o chassis número #20927W207657, a marca encurtou a distância entre eixos dos 2743mm para os 2400mm, adicionando reforços em pontos estratégicos. Estes dois protótipos foram desenvolvidos ao mesmo tempo que os Monza GT e SS desenvolvidos pela própria GM.
O design geral do automóvel foi elaborado por Giorgetto Giugiaro, com apenas 24 anos quando trabalhava na Bertone, com um desenho visualmente muito subtil. O trabalho foi terminado em apenas dois meses e foi dado o nome de Testudo que significa “tartaruga”, em latim.
A nível mecânico ficou quase tudo intacto do Chevrolet Corvair dador, equipado com o motor de seis cilindros opostos arrefecido a ar com um motor Chevrolet Turbo-Air HPE, equipado com uma árvore de cames no bloco e 12 válvulas, seis em cada cabeça, dois carburadores Rochester e 2,4 litros de cilindrada, desenvolvendo 102cv. Acoplado ao motor está uma caixa manual de quatro velocidades.
A carroçaria foi produzida em aço, inicialmente pintada de cor de prata, sendo posteriormente pintado de branco. Os farolins traseiros integrados nos para-choques foram produzidos em policarbonato, a primeira vez que esse material foi aplicado num automóvel. O acesso ao interior é feito através da abertura para a frente da cúpula de vidro. O interior é composto por dois lugares e a direcção é feita através de um volante de desenho rectangular.
A apresentação ao público do Testudo ocorreu no Salão de Genebra de 1963, com o próprio Nuccio Bertone a conduzir o protótipo de Turim até Genebra, para a abertura do Salão. Após a exposição, o automóvel voltou para Turim pelos seus próprios meios, desta vez conduzido por Giugiaro.
Em 1965, aquando das filmagens de um filme publicitário para a Shell no Circuito de Monza, o Chevrolet Testudo sofreu um acidente na curva parabólica, acidente esse que envolveu também o protótipo Alfa Romeo Canguro. O Testudo sofreu danos consideráveis, ficando sem reparação vários anos, pois a Bertone não tinha os fundos necessários para a sua reconstrução.
Em 1974, o automóvel danificado foi colocado à venda, mas não encontrou nenhum comprador. No início dos anos 90 seria então submetido ao merecido restauro, sobre a direcção de Luciano d’Ambrosio, o novo chefe de design da Bertone, com a apresentação do automóvel restaurado no Pebble Beach Concours d’Elegance de 1996.
Apesar da sua produção não ter avançado, o seu design influenciou vários modelos posteriores, como é o caso do Lamborghini Miura, desenhado na Bertone por Marcello Gandini. Segundo o próprio Giugiaro, este foi o primeiro automóvel em que teve total liberdade no desenho. A 21 de Maio de 2011, o Chevrolet Testudo foi levado a leilão pela RM Sotheby’s, sendo vendido por 336 mil euros.