Eventos • 18 Fev 2020
Passeio dos Alemães decorre a 28 de Março no Norte e Sul do país
O tempo passa, mas a história fica. E foi, precisamente, num hino à história dos automóveis fabricados na Alemanha, que decorreu a terceira edição do Passeio dos Alemães. Mais do que os números da concentração, ainda assim impressionantes – 103 viaturas na estreia a Sul e 53 na terceira edição no Norte – saudou-se a paixão pelos automóveis com “personalidade” germânica.
Os modelos com mais de 30 anos ou futuros clássicos com mais de duas décadas, foram as estrelas do Passeio dos Alemães, demonstrando o poderio e vitalidade dos construtores automóveis germânicas, mas também a sua capacidade para transmitir fortes emoções baseadas na história e nostalgia.
Estiveram gerações de alguns dos mais icónicos modelos concebidos pela indústria alemã do pós-guerra, que permitiram a quem os guiou ou simplesmente os viu passar, viajar na “máquina do tempo”.
E se nove marcas estiveram representadas, a Norte e a Sul, foram os modelos da Mercedes-Benz e da Porsche, que se expressaram em larga maioria, com as duas marcas de Estugarda, em conjunto, a contabilizarem quase metade das unidades que se fizeram à estrada, mas sem que isso ofuscasse a presença de raridades de outras marcas.
A Norte, o Passeio dos Alemães tem já um curto, mas bem-sucedido historial, após duas edições consecutivas, em 2018 e 2019. A pandemia foi, entretanto, adiando novo reencontro, agora concretizado com 53 participantes.
Tal como em edições anteriores, a Quinta dos Cónegos, na cidade da Maia, foi o ponto de encontro e partida para este passeio organizado pelo ACP Clássicos. O solar oitocentista, que no século XVIII chegou a funcionar como casa de verão do cabido da Sé do Porto, está agora totalmente recuperado, sendo um dos mais belos exemplares da arquitetura Barroca em Portugal, que os participantes tiveram oportunidade de visitar.
Este encontro recuou-se até aos anos 30, de onde veio o mais antigo dos modelos presentes nesta edição e o único pré-guerra: um irrepreensível BMW 327 Cabriolet de 1937, um dos três que existirão em Portugal, do colecionador Henrique Araújo, fundador do Moto Clube do Porto e um participante assíduo dos passeios organizados pelo ACP Clássicos.
De um passado mais recente, mas quase com 60 anos e muito evoluído para a época, um Porsche 356B, de cor preta e interior em vermelho vivo, deu nas vistas e apadrinhou a estreia de Pedro Brito no evento, enquanto o Mercedes-Benz 219 de 1956 de Vítor Rocha relembrou a versão do “Ponton” mais rara, porque produzida a pensar nos ralis. Outra “Estrela” da companhia de Estugarda, o Mercedes 220 Sedan de José Lobo também se fez notar, mas, desta feita, não pela raridade, mas pela longevidade atestada pelo milhão de quilómetros do marcado no seu odómetro.
Um Olympia Rekord de 1955 ainda no seu verde original, de Ana Maria Coutinho, neta do proprietário original, relembrou que a Opel também faz parte da “linhagem” alemã e que o Passeio dos Alemães é pródigo em preservar os laços sucessórios familiares da paixão pelos modelos germânicos. Com apenas menos um ano, o raro Volkswagen 1200 (o popular “Carocha”) de 1954, de Alberto D’Alte, foi outra das “vedetas” do encontro, com os esquis em madeira, fixos na traseira, como acessórios da época, a resgatarem muitos olhares.
Após a concentração na Quinta dos Cónegos, a caravana seguiu viagem em direção a Vila Nova de Cerveira, com os participantes a terem a possibilidade de rolar em ritmo de passeio, com uma visita, pelo meio, ao Navio Hospital Gil Eannes, em Viana do Castelo, ou de experimentarem sensações mais fortes, na Serra de Arga, simulando uma prova especial de regularidade histórica. O almoço de confraternização, no Restaurante Dom Júlio, colocou um ponto final num dia de emoções.
A Sul, o Passeio dos Alemães, adotou o mesmo figurino do Norte, com os participantes a dividirem-se em Grupo Turístico ou Grupo Desportivo, com os primeiros a visitarem o Fluviário de Mora e os segundos a desafiarem o cronómetro numa experiência de regularidade histórica na zona de Erra, em Coruche, em tudo semelhante à vivida no Norte. Antes disso, no entanto, a caravana emoldurou com outro colorido a Tribuna de Honra do Estádio do Jamor, de onde arrancou em direção a Montargil, local privilegiado para o almoço de encerramento do evento, no Hotel Nau Lago Montargil.
Pelo meio, houve espaço para muito saudosismo, com a presença, por exemplo, das mais antigas gerações SL do elegante Mercedes-Benz (190, W113 “Pagode”, R107 “Dallas” e R129), mas também do eterno 911 da Porsche (Série G, 964, 993, 996, 997 e 991).
E entre os exemplares históricos presentes da Mercedes-Benz, não faltaram verdadeiras peças de colecção como o Mercedes-Benz 280 SE 3.5, com motor V8, de José Borges Castro, cuja primeira proprietária foi a estrela norte-americana de música “Cher”, antes do automóvel ter partilhado uma garagem com mais 68 Mercedes-Benz descapotáveis de um coleccionador alemão. Talvez menos mediático, mas também carregado de simbolismo, o mais antigo dos três Mercedes-Benz 190 SL presentes, demonstrou o poder do “contágio” de emoções dos veículos alemães ou não tivesse o actual proprietário, Arménio Leal dos Santos, adquirido tão bela unidade ao médico do seu pai, depois de o “namorar” na juventude e durante largos anos.
Na “rival” Porsche, também não faltaram exemplares colecionáveis. O melhor exemplo foi o muito valorizado 911 Carrera R.S 2.7 de Patrick Fernandes, verdadeiro ex-libris da marca nos anos 70 e cujo histórico contabilizava uma participação no Rali de Portugal de 1979, numa autêntica “peça de arte” que o proprietário define estar dez anos à frente do seu tempo. Menos raro, mas igualmente marcante, o original Porsche 930 Turbo de 300cv de potência de Adalberto Melim, destacou-se pelas curiosidades dinâmicas ou não fosse capaz de atingir, segundo o seu testemunho, qualquer coisa como 90 km/h em primeira velocidade, 150 km/h em segunda e 210 km/h em terceira velocidade.
Por seu lado, um dos mais dignos representantes dos neoclássicos, assumiu-se na forma de um BMW Z8, um roadster revivalista inspirado no BMW 507 dos anos 50, que a marca da Baviera escolheu para fazer a ponte entre o passado e o presente, no final do século XX, e com o qual António Simões do Paço não enjeitou a possibilidade de dar ainda mais brilho ao evento do sul.
Encerrada a primeira edição do Passeio dos Alemães com dupla localização, Luís Cunha, Secretário-Geral do ACP Clássicos, sublinha: “Foi um evento fantástico, que permitiu juntar os entusiastas dos automóveis alemães, pela primeira vez no Sul e no Norte do país, de forma separada, num excelente convívio. A parte mais desportiva, também acabou por correr muito bem, com um exercício de aprendizagem de regularidade histórica, que permitiu ‘desdramatizar’ a dificuldade que normalmente está associada a este tipo de provas”.
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