A história do automóvel mais famoso de Berlin

Clássicos 25 Mar 2022

A história do automóvel mais famoso de Berlin

Hanns-Lüdecke Rodewald é um engenheiro e professor alemão e é o proprietário do automóvel mais famoso de Berlin, uma caravana Opel Olympia de 1956. “A minha filosofia é deixar o automóvel como ele se encontra, não quero alterar nada. É como o Parque Nacional de Yellowstone, quando existe um incêndio eles não tentam extinguir o fogo porque faz parte da natureza. Aqui eu digo, o que acontecer, acontece.”

Este automóvel não pode ser considerado um clássico é, no entanto, uma experiência mecânica que dura há 45 anos.

Rodewald adquiriu este veículo em 1976 e um ano mais tarde tentou vendê-lo, sem sucesso. Na altura, o engenheiro pedia 500 marcos alemães cerca de 250 euros nos dias de hoje. “Estava tudo a funcionar mas era como tentar vender um Volkswagen Golf velho, difícil. Acabei por ficar com o veículo”, comenta.


Quando Rodewald adquiriu este automóvel ao seu primeiro proprietário o veículo encontrava-se num estado bastante razoável, o que pode ser comprovado pela fotografia que ele tirou em 1976. Era fiável, pintado em verde Verona e tinha passado muito bem o teste do tempo, considerando que foi registado pela primeira vez em 1956. Acabou por se tornar uma experiência, que dura há 45 anos. Quanto tempo esta caravana iria sobreviver se Rodewald se limitasse a fazer reparos apenas para que passasse na inspeção?

Temos que ter em atenção onde o veículo se encontra, na Alemanha, onde os critérios de avaliação para as inspeções obrigatórias são muito rigorosas. Em Novembro de 2021, a entidade responsável pelas inspeções de veículos na Alemanha, a TÜV, declarou que 19,9% dos veículos de Junho a Julho de 2021 falharam na inspeção com uma falha grave.

Rodewald tinha acabado de oferecer a pequena Opel para a luta de sua vida. Esta carrinha ganhou um suporte no seu tecto para transportar materiais de construção e, ocasionalmente, também se encontrava a transportar reboques de eixo duplo.

Amolgadelas e ferrugem fizeram-se de convidados quando a tinta da carroçaria começou a desaparecer. No entanto, a Opel continuou a receber mudanças de óleo e filtro regularmente, consumia gasolina de alta qualidade e passou sempre nas inspeções obrigatórias. Este facto é um teste da qualidade de mecânico de Rodewald e a qualidade do veículo em si.

Rodewald é um engenheiro automóvel e foi ele que levou avante muitos das reparações e manutenção do automóvel, alguma vezes nas ruas de Berlin. Além de peças de desgaste como pneus e pastilhas os únicos elementos que foram substituídos foi a engrenagem da árvore de cames, uma válvula de escape e a embraiagem. O odómetro apresentava 89.000 quilómetros em 1976, agora apresenta 169,391 quilómetros.

Apesar do objectivo inicial da experiência fosse descobrir quando tempo é que um automóvel podia ser utilizado em estrada, com o mínimo de esforço, quase 50 anos deste exercício lançaram luz sobre outra questão científica. O que acontece quando um veículo não é lavado? O proprietário comenta, “Eu contei três tipos de musgo no meu automóvel”.

Este exemplar tornou-se uma atração turística sendo constantemente fotografa por turistas e entusiastas que já se ofereceram para comprar o veículo. Várias mensagem estão escritas na camada de sujidade, que o automóvel usa como um casaco de inverno, como corações, números de telemóvel e iniciais. A carrinha também se tornou viral devido ao uso de imagens do capô, em várias publicações, para demonstrar histórias do quase colapso da Opel nos anos 2000. Como é de esperar as autoridades locais não acham piada a esta experiência coberta de patine.

Berlim é uma das cidades onde a circulação em zonas de emissões reduzidas, é estritamente aplicado. Uma maneira de contornar esta regra é certificar um automóvel como um veículo de interesse histórico, mas esta Opel não está em condições para ser considerada como tal.

Desentendimentos com a lei têm sido frequentes e na década de 90 o governo alemão proibiu a Opel de circular na via pública durante uma ano e meio. Implacável, Rodewald contestou a decisão, ganhou e até recebeu uma compensação.

Em 2017, depois de ganhar 15 multas, Rodewald recebeu permissão para manter o seu automóvel em zonas de emissões reduzidas, em Berlin. As primeiras 14 multas não levaram a lado nenhum porque o proprietário provou que não ligava o automóvel dentro dessas zonas mas sim transportava-o com um trailer e ligava-o noutro sítio. Na 15º denúncia teve que pagar uma multa de 80 euros porque o juiz temia que Rodewald andasse com o automóvel de noite.

O engenheiro recorda que este foi o primeiro desafio da experiência. Apelou à decisão e recebeu uma permissão especial, ao mudar o estatuto do automóvel como uma atração turística. Não pode ligar o automóvel dentro das zonas de emissões reduzidas mas tem permissão para andar 500 quilómetros, por ano, dentro dessas áreas.

Outras cidades já são mais simpáticas e acolhedoras. Já foi convidado para expor a sua Opel Olympia, em 2021, no Salão Automóvel Internacional da Alemanha ao lado de uma carrinha igual completamente restaurada.

Apesar de Rodewald manter a sua Opel registrada, e em funcionamento, já não a utiliza para viagens longas. Ele explica que, “Tenho medo de ter algum acidente com a Opel porque não tem cintos de segurança, airbags e a coluna de direcção não dobra”.

O que vai acontecer a seguir depende das regras que irão ser implementadas no futuro. O Rodewald afirma, “Não há data para acabar com a experiência. Depende nas legislações futuras. Um dos problemas que pode surgir é a permissão de estacionamento que é preciso para o automóvel. Toda a população, que vive em Berlin, pode-se aplicar para essa permissão mas apenas para um automóvel. Preciso de decidir se aplico-me com este Opel ou com o meu automóvel mais recente”. Acrescenta ainda, “Talvez, apenas veículos eléctricos vão poder circular em Berlin no futuro. Vai ser um desafio, mas não o fim”.


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