Apaixonados garantem a sobrevivência dos sedans

Clássicos 10 Mar 2022

Apaixonados garantem a sobrevivência dos sedans

Por Irineu Guarnier

De todas as categorias de veículos que estão sendo sacrificadas para dar lugar aos onipresentes SUVs – coupés, station wagons, hatches médios, minivans, desportivos – a dos sedans é aquela cujo o fim eu mais lamento.

Marcante desde os primórdios da indústria automobilística, o formato mais tradicional de automóveis de passeio está com seus dias contados. Não faz sentido. A divisão do veículo em três compartimentos bem definidos – cofre do motor, habitáculo e porta-malas – ainda é a melhor solução desenvolvida pela indústria automotiva. Motor, passageiros e bagagem, cada qual no seu lugar.

O formato sedan se ajustou-se muito bem a automóveis europeus com notável índole esportiva, como a Alfa Romeo, a Maserati, a BMW, a Aston Martin e a Jaguar. Quem disse que um sedan tem de ser sem graça como um táxi? Além disso, o centro de gravidade baixo, a aerodinâmica refinada, a facilidade para os ocupantes entrarem e saírem e a ótima dirigibilidade, principalmente em curvas, tornam os sedans muito melhores do que os SUVs. Mas, o que fazer se onze entre dez consumidores actuais preferem SUVs? Os fabricantes levam muito a sério a máxima de que “o freguês sempre tem razão”. E dê-lhes SUVs.


Viaturas policiais, ambulâncias, táxis, automóveis presidenciais e até veículos funerários já adotaram o “padrão SUV”. Não parece mais haver esperança de sobrevivência para os sedans, pelo menos nos Estados Unidos da América e em países que seguem o padrão americano, como o Brasil. Na Europa, diga-se, os sedans resistem bravamente, assim como algumas station wagons. No Brasil, ainda são lançados alguns raros sedans médios, mas certamente não os veremos por muito mais tempo em nossas ruas.

Dentre os sedans fabricados pelo mundo, os europeus sempre tiveram características mais esportivas, tanto no design quando nas motorizações nervosas e suspensões mais rígidas. Os americanos preferiam um estilo mais sóbrio. Eram automóveis maiores, mais pesados, mais macios, com motores potentes e câmbios automáticos, mas com desempenho mais comportado. O caso do Chrysler Stratus deste artigo, que fez sucesso no Brasil nos anos 1990 como um automóvel de luxo, mas que nos EUA era um sedan médio bastante popular. Por lá, também teve outras versões, chamadas de Cirrus e Breeze, que ficaram conhecidas como “cloud cars”.

Lançado em 1995 sobre a plataforma Chrysler JA, com um revolucionário design assinado por Michael Santoro, o Stratus esteve na lista dos dez melhores da revista Car and Drive, em 1996 e 1997. Teve também uma belíssima opção conversível de duas portas. Em 2001, o sedan médio da Chrysler ganhou uma versão mais moderna, batizada de Sebring, que podia vir também em formato coupé, com duas portas. A produção do Sebring encerrou em 2006.

O Stratus foi um dos melhores veículos que já dirigi. Macio, dócil, colado ao chão e com um robusto motor 2.5 V6 de 163cv na versão LX, era equipado com novidades tecnológicas dos anos 1990, como piloto automático e câmbio automático AutoStick, que também permitia trocas manuais de marchas. O conforto continua insuperável, os bancos em couro com controles elétricos e aquecimento interno lembram as poltronas da primeira classe dos aviões (o design dos interiores, aliás, se inspirou nas cabines de jatos executivos).

Com o tempo, o Stratus perdeu prestígio e seus preços despencaram. Centenas de exemplares viraram “doadores de peças” para a pequena frota remanescente. Este veículo parecia condenado à extinção no Brasil. Mas, com o surgimento de clubes de coleccionadores e fãs dispostos a manter seus exemplares rodando, o belo sedan americano de linhas atemporais começa a ser revalorizado. E, como outros sedans, ganha uma sobrevida entre os antigomobilistas brasileiros e se candidata a clássico em um futuro não muito distante. É o Mopar dos anos 90.

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Fotografias: Eduardo Scaravaglione

Irineu Guarnier Filho é brasileiro, jornalista especializado em agronegócios e vinhos, e um entusiasta do mundo automóvel. Trabalhou 16 anos num canal de televisão filiado à Rede Globo. Actualmente colabora com algumas publicações brasileiras, como a Plant Project e a Vinho Magazine. Como antigomobilista já escreveu sobre automóveis clássicos para blogues e revistas brasileiras, restaurou e coleccionou automóveis antigos.

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