Clássicos • 28 Jan 2022

O Mini foi um automóvel revolucionário, quando chegou ao mercado em 1959, idealizado por Sir Alec Issigonis, que tinha como objectivo produzir um automóvel compacto e de tracção frontal. O seu intuito nunca foi o de ser um automóvel desportivo, mas sim ser prático para utilização no quotidiano. No entanto, um amigo de Issigonis, de nome John Cooper, viu aqui uma boa base para uma versão mais apimentada para a competição, devido ao seu baixo peso e centro de gravidade, bem como pela sua condução estilo “kart”.
John Cooper sabia muito bem o que um automóvel de competição necessitava, já que foi o fundador da Cooper Car Company, empresa que produzia automóveis de competição. Inicialmente, Issigonis estava relutante, em relação à preparação do Mini para competição, mas após John mostrar o seu projecto à BMC e este ser aceite, ambos iniciaram o desenvolvimento do automóvel, nascendo assim o Mini Cooper em 1961, vendido pelas marcas Austin e Morris. O motor de 848cc foi alargado para 997cc e a potência subiu dos 34 para os 55cv. Além disso, o motor foi todo preparado para competição e estava equipado com dois carburadores SU, uma caixa de velocidades de relações mais curtas e travões de disco na frente.
Em 1963, aparece a versão mais apimentada, o Mini Cooper S, equipado com o motor de 1071cc e 70cv, com várias alterações e reforços para preparação, como uma cambota em aço de alta resistência, molas das válvulas mais fortes e martelos forjados. Além do motor, os travões de disco foram melhorados, com um maior servofreio, e a suspensão também foi aperfeiçoada. Um verdadeiro “especial de homologação” onde era necessário produzir 2500 unidades. Mas, devido à grande popularidade até Agosto de 1964, foram produzidos 4030 exemplares desta versão.

Mas de todos esses exemplares, um dos mais importantes é o 732 HOP, pois foi o segundo Austin Cooper S produzido e hoje é o mais antigo sobrevivente. Infelizmente, o primeiro Cooper S produzido, com a matrícula 731 HOP, já há muito que desapareceu, pois foi utilizado nas mais diversas provas.
O 732 HOP fazia parte do lote inicial da BMC para demonstrações e utilizado por várias revistas da especialidade para testes, como o caso da Autocar, em 1963. Actualmente está na posse de John Pick, fundador da Arden Automotive, estando na sua família desde 1976. Foi adquirido pela sua irmã para participar em ralis, com várias alterações, como vidros em acrílico, painéis em fibra de vidro, entre outros, com um uso bastante abusivo durante 10 anos. Durante a sua vida activa, foi pintado de amarelo e, posteriormente, de vermelho.
Com o passar do tempo, vários problemas foram surgindo e o Mini passou para a posse de John que, prontamente, os tentou resolver. Descobriu que tinha as molas das válvulas erradas e uma bomba de combustível da Jaguar que nunca trabalhou bem. Após os problemas solucionados, John voltou a pôr o Mini pronto a competir, até um acidente o danificar severamente. Por ser mais barato adquiriu um Mini Mk.III, montou todas as peças de competição nele.
Com isso o 732 HOP ficou esquecido desde 1983 até meio da década de 90, altura em que um amigo reconheceu que havia algo de especial neste Mini, pela matrícula. John ficou intrigado e contactou a British Motor Heritage, para tentar saber mais. Foi aí que a história deste Mini foi confirmada e John pensou que seria uma boa altura para o restaurar e trazer de novo a velha glória de 1963.
Infelizmente, o Mini estava em muito mau estado, com poucas peças originais e completamente sem interior. Por sorte, o director da British Motor Heritage ficou entusiasmado com a descoberta e, como forma de publicitar as novas carroçarias que a BMH iria produzir, propôs reconstruir o 732 HOP, com uma condição, a montagem iria ser feita ao vivo, durante três dias, na Techno Classica de 1997, em Essen, na Alemanha. Com o curto espaço de tempo, a carroçaria foi toda reparada e pintada e as peças prontas a montar. O projecto foi um sucesso e o Mini saiu a rolar do evento, parecendo que estava a sair da linha de produção de Longbridge.
John ainda hoje utiliza o Mini várias vezes, não o quer guardado na garagem e utiliza-o para aquilo que foi feito, competir, ainda que agora seja mais em rampas históricas e com muito mais cuidado.
Fotografias: Jonathan Moore