Vasco Callixto, uma vida preenchida de sucessos

Clássicos 28 Dez 2021

Vasco Callixto, uma vida preenchida de sucessos

Por Adelino Dinis

Vasco Callixto nasceu em 1925 e morreu ontem, aos 96 anos. Conheci o Vasco Calixto na primeira vez em que, ainda estudante universitário, acompanhei o Raid Figueira da Foz-Lisboa, há mais de 25 anos.

Nessa altura, o Vasco era já o decano dos jornalistas de automóveis, enquanto eu não passava de um aspirante. Em 1971, um ano antes de eu nascer, o Vasco Callixto publicou o seu livro “Primeiro Arranque”, que constitui a pedra basilar da historiografia do desporto automóvel português. Trata-se de uma súmula das reportagens publicadas de todas as provas de automóveis, desde a primeira manifestação do género, no hipódromo de Belém, em Agosto de 1902, até 1940, quando a II Guerra Mundial interrompeu esta actividade.

Com a humildade que o caracteriza, assumiu sempre que este seu contributo era apenas um ponto de partida, para que outros pudessem desenvolver o estudo desta temática apaixonante.


Como o seu avô, Carlos Callixto, fundador e primeiro secretário-geral do Automóvel Club de Portugal, e o seu Pai, Vasco Callixto, funcionário dos então chamados Serviços de Viação, como examinador de candidatos a automobilistas, o nosso Vasco foi também um pioneiro. Foi o primeiro a ver importância no registo da história do automóvel e do automobilismo e dar-lhe dignidade e relevo, inspirando outros a fazer o mesmo.

Em 2007, por ocasião dos 50 anos da sua associação profissional ao automobilismo, o Vasco deu-me a alegria e o privilégio de me tornar um dos seus editores, quando, juntos, tornámos realidade o seu livro “Desporto Automóvel – 1957-2007 – 50 Anos de Memórias”.

Mas muitas outras obras suas, nem todas relacionadas com o automobilismo, demonstram o alargado leque de interesses do Vasco Callixto, com destaque para a aeronáutica e, sobretudo, o recorrente tema das viagens e do turismo. E aqui, o Vasco conseguiu também um feito notável. Num país de recursos limitados e em épocas em que era difícil passar fronteiras (e havia tantas), o Vasco e a sua mulher, percorreram o mundo, um mundo que já não existe, em inúmeras viagens incríveis.

Graças aos livros que publicava após cada uma delas, e ao relato detalhado que contêm, foi como se nos tivessem levado na bagagem, ao mesmo tempo que, imitando outros pioneiros nacionais, levaram o nome de Portugal aos quatro cantos do mundo.

Cabe ainda esclarecer outro papel de futuro do Vasco Callixto. É que todas estas viagens, a escrita e carreira multi-profissional foram sempre compatibilizadas com as exigências inerentes a um pai de família. Assim, para além de tudo aquilo que o Vasco Callixto nos deu, ele apresentava-se sempre justificadamente orgulhoso, como neto, filho, pai, avô e bisavô.

Muito acarinhado pela comunidade de veículos históricos e clássicos, o Vasco foi sempre um grande amigo do Museu do Caramulo e do Jornal dos Clássicos.

Hoje perdemos um amigo, conselheiro e um exemplo de trabalho e determinação, com aquela pitada de teimosia, que, num país como o nosso, é essencial para fazer a diferença.

Obrigado por tudo, querido Vasco. Sobretudo, por ter feito a diferença.

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